domingo, 16 de dezembro de 2018

O suicídio




É um tema que, por norma, está reservado a psiquiatras, mas habitualmente as suas palestras revelam-se demasiado herméticas, isto é, incompreensíveis para o comum dos mortais. Deveriam ler – eles, os psiquiatras e todos os que não são – o texto sublime sobre esta temática que escreve Vítor Encarnação na última edição do Diário do Alentejo.
Com a devida vénia aqui Vos deixo essa magnífica crónica de “Nada mais havendo a acrescentar...” com o subtítulo de “Buraco”:
«Todos temos um buraco dentro de nós, fica dentro da cabeça, existe dentro do pensamento. Tapamo-lo com o raciocínio, o amor e a autoconfiança, evitamo-lo fazendo uso da nossa vontade de viver, enquanto quisermos viver e soubermos viver, enquanto brilhar a luz dos desejos e dos planos, o buraco não nos engole.
O buraco não se alimenta de alegria, quando há certezas e harmonias dentro do nosso cérebro a brecha não nos puxa para si. Mas o buraco está atento, o buraco pressente o mais leve desequilíbrio, abre-se ao menor rumor de desorientação, o buraco é um caçador de tristezas, o buraco devora existências.
Mas não as come de uma só vez, ninguém cai para o buraco de uma só vez, primeiro a pessoa estremece, escorrega-lhe um pensamento, depois outro, começa a duvidar, toma uns comprimidos para dormir, queixa-se, às vezes ouvem-na, outras vezes não, os outros também têm os seus próprios buracos para tapar, depois resvala, agarra-se ao que pode, principalmente às obsessões, falta-lhe a força, mete-se em casa, matuta, matuta, deixa de comer, vai caindo, caindo, vai abrindo uma cova, o barulho faz-lhe confusão, o silêncio faz-lhe confusão, a vida faz-lhe confusão, pensa em coisas que já são mais morte que vida.
E cai, já não tem outro remédio a não ser cair. E o buraco é já um abismo.
Desafortunados são os que caem dentro dele para sempre.»
Vítor Encarnação in DA 14-12-2018

domingo, 11 de novembro de 2018

O que é Amar?


Ana Matos Pires, médica psiquiátrica, in Diário do Alentejo 09-11-2018 responde, é isto:
«Amar alguém ou algo é amar “com” (as diferenças, os defeitos, as divergências) e não “apesar de“ (das diferenças, dos defeitos, das divergências).»
Simples, não é?
Parece, mas não é. Complicamos em demasia.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Chuva, amor e ódio

Foto: Brett Gundlock
É muito antigo o ritual da dança da chuva. Mais recente são as procissões a pedir chuva. Desconhecia que havia “técnicas” para evitar ou reduzir a chuva, mais precisamente, o granizo.
É por causa dessa “técnica” que está a população camponesa de Puebla, no México, em pé de guerra com uma fábrica local da Volkswagen que está a recorrer a uma arma anti-granizo (nada científico!) para evitar danos nos carros. Trata-se de um canhão (na foto a torre branca ao centro) que dispara uma forte onda de ar comprimido para as nuvens quando se está a formar a tempestade, com o objetivo de reduzir o tamanho das pedras de gelo fazendo com que elas se transformem em água e assim reduzir o impacto nos automóveis parqueados. Os agricultores de Puebla e arredores acreditam que esta “técnica” é responsável pela grave falta de chuva que tem afetado a região nos últimos meses.


Fonte: The New York Times 09-11-2018

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Como lidar com um aluno problemático


  
Para ler e refletir. Texto de João André Costa no Público de hoje.
«A culpa do mau comportamento nas escolas não é das crianças, nunca foi, não será e não pode ser. A culpa é nossa, dos adultos, a começar pelos pais e familiares mais próximos e a acabar nos professores e na escola.»

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Turismo radical

Foto: Owen Humphreys | PA Wire

Para quem gosta de emoções fortes e com sangue muito frio, recomendo um cruzeiro destes. A imagem retrata o MS Princess Seaways da empresa dinamarquesa DFDS a entrar no rio Tyne, a nordeste de Inglaterra, com uma agitação marítima de pôr os cabelos em pé!

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Os Ditadores


Esperemos que esta "moda" que escreve Martha Cecilia Rosero no The New York Times não se generalize «Antigamente os ditadores imponham-se. Hoje somos nós que os elegemos!».

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Halloween exagerado


Este motorista levou longe de mais o seu gosto pelo Halloween.
Foi filmado na 101 Freeway, perto de Los Angeles, com o carro coberto de sangue e partes de um corpo humano, assemelhando acidente horrível.
Pode ver o vídeo aqui.
Fonte: New York Post, 29-10-2018

 

domingo, 21 de outubro de 2018

Ser juiz


Foto: Lawyers Weekly

Adoram julgar os outros e, cereja em cima do bolo, sentenciá-los. Gravemente, de preferência.
Será que as pessoas nas redes sociais (na vida real já não se comprometem tanto) não têm noção do ridículo?
Proferem sentenças sem qualquer fundamento jurídico sustentadas apenas e só no achismo, mas, pior que isso, quando a decisão judicial não vai de encontro (normalmente) à sua sentença é porque os juizes são incompetentes.
Ser juiz é muito mais do que isso. Parafraseando e adaptando o poema da célebre alentejana Florbela:
«Ser “juiz” é ser mais alto, é ser maior
do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!»

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Vida selvagem


Algumas fotos a concurso para o prémio de melhor foto cómica de vida selvagem deste ano.
São uma delícia!

Three bears up a tree | Valtteri Mulkahainen

Bear on drive safe sign | Jonathan Irish

Rhino with peacock backside | Kallol Mukherjee

Squirrel saying STOP | Mary McGowan
 

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O populismo



Nesta década que está a findar tivemos (e mantém-se) um caso gritante de populismo, Donald Trump. Para nos abanar a consciência outro se perfila, Jair Bolsonaro.
Apelidar de burros americanos ou brasileiros é, honestamente, leviano. Se fossemos saber ao certo o que é que muitos portugueses têm a dizer sobre alguns dos pontos mais polémicos das ideias de Bolsonaro perceberíamos que são muitos, muitos mesmo, os que se identificam, os que pensam que algumas coisas “até fazem sentido”, os que não teriam coragem de, cara a cara, dizer o que efetivamente pensam com medo do politicamente incorreto, mas concordariam com as atrocidades que o candidato fascista brasileiro diz e defende.
Bom, então porque é que em Portugal quem defende ideias de extrema-direita tem sempre resultados inexpressivos? Porque a essas pessoas falta aquilo que Bolsonaro ou Trump têm de sobra: fatos caros e vistosos, discursos que pretendem unicamente dizer aquilo que as pessoas querem ouvir, com soluções simples e populistas para problemas sérios e complexos, e umas caras de pau do tamanho do mundo para conseguirem dizer tudo como os malucos com o ar mais sério do mundo. E isso, em política, vale muito, muitos votos, muito apoio silencioso.
Fonte: Ricardo M Pereira | Magg 12-10-2018

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Uns míseros trocos



Há cerca de cinco anos a República Popular da China desenvolveu um plano para obter uma maior influência global, mediante o financiamento de grandes projetos na Ásia, Europa do leste e África.
Com essa cartada conseguiu um importante posicionamento global na disputa com os EUA em áreas primordiais como são a economia, o desenvolvimento tecnológico e a política internacional.
Na passada semana, tentando contrariar a cada vez maior influência chinesa, Donald Trump aprovou um pacote de 60 000 000 000 (sessenta mil milhões!) de dólares para financiar projetos de infraestruturas em África, Ásia e América Latina com o objetivo de bloquear as ambições expansionistas de Pequim.
Fonte: New York Times 15-10-2018

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

‘Tá tudo preso!

Foto: David Swanson | The Inquirer

Adoramos que alguém, mesmo que apenas indiciado de um crime, vá preso. É a justiça a funcionar, seja esse alguém culpado ou não, porque, a nossa sentença está sempre protegida pela máxima demolidora que “não há fumo sem fogo”.
Partindo do princípio que “a execução da pena de prisão, servindo a defesa da sociedade e prevenindo a prática de crimes, deve orientar-se no sentido de reintegração social do recluso, preparando-o para conduzir a sua vida de modo socialmente responsável, sem cometer crimes” o melhor local para o criminoso é a cadeia… ou não.
Sem mais delongas e com a devida vénia um excerto do belo texto de José Lúcio, juiz Presidente da Comarca de Beja no LN:
«Se atentarmos nas reclamações que explodem diariamente nos meios de comunicação social e nas redes sociais – vejam-se as caixas de comentários – somos levados a pensar que meio país só ficava satisfeito depois de conseguir prender outro meio. E como o sentimento dessas metades é inevitavelmente recíproco, não se descortina ninguém insuspeito para ficar do lado de fora guardando a multidão de presos.
O júbilo com que é acolhida a notícia de que alguém foi para a cadeia e a imensa frustração com que são recebidas as notícias referindo alguém que não foi, a ânsia e a aspiração exuberante a mais e mais prisões, parecem naturalmente intrigantes. Esta devoção pela cadeia, ou crença ingénua de que as prisões em massa podem resolver problemas sociais de diversa ordem, devem ser algo de novo, próprio da nossa época e sociedade.
(…)
Olhe-se para o exemplo americano e aí sim constata-se uma taxa de encarceramento impressionante. Presos aos milhões. Todavia, temos que perguntar pelos resultados. A sociedade americana é mais segura, pacífica e tranquila do que a nossa? Existem menos assaltos, menos tiroteios, menos homicídios? Quais foram os resultados dessa política? Quem souber responder que responda.»

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Crescer bem, envelhecer melhor


Qual é o segredo para envelhecer bem? Os especialistas indicam que o melhor é estar satisfeito: aceitar que o avanço da idade é apenas mais uma etapa para poder lidar melhor com o que surge à medida que nos aproximamos da velhice.
O exercício físico (caminhadas, natação, etc) assim como o exercício mental (leitura, jogos de paciência, etc) são excelentes contributos para nos manter o mais em forma possível. Mas a melhor forma de responder ao envelhecimento não está no ginásio, está na sua (nossa) mente.
Imagem: Robert Nicol
Texto adaptado de The New York Times 08-10-2018

 

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

A nossa justiça


É, contra tudo e contra todos, a melhor Justiça. O resto são pormenores insignificantes.
Sobre um dos temas da atualidade mediática internacional transcrevo e subscrevo o texto de Ricardo Pereira na publicação Magg da passada sexta-feira:
«Quando pedem justiça, as pessoas não querem justiça, querem apenas que se decida de acordo com a sentença que já traçaram nas suas cabeças.
O caso do suposto crime de violação que poderá ter sido cometido por Cristiano Ronaldo tem tido esse efeito na sociedade portuguesa, e tem mostrado que, de facto, muita gente não pede nem quer justiça, não quer que os tribunais analisem todas as provas e decidam de acordo com o que for encontrado pela investigação, preferem, antes, ser elas próprias a julgar de acordo com o que andam a ler, com o que ouvem no café ou o que “aprendem” em conversas de amigos. Se a decisão final sobre este caso não for ao encontro da opinião que entretanto formularam, então, não terá sido feita justiça.
Tal como quase toda a gente, o que sei sobre este caso é o que tenho lido em jornais, nacionais ou internacionais, e ouvido nas televisões. Não tenho qualquer certeza sobre o que aconteceu, sobre a culpa de Ronaldo ou as intenções de Kathryn Mayorga, mas há factos que ninguém pode desmentir [e os factos são]:
1. Houve uma relação sexual entre Ronaldo e Kathryn Mayorga, a 12 de junho de 2009, num hotel em Las Vegas;
2. No dia seguinte, Kathryn apresentou na polícia de Las Vegas uma queixa afirmando que tinha sido violada;
3. A polícia de Las Vegas fez testes a Kathryn e confirmou que a então modelo teria sido “penetrada no ânus”, de acordo com o relatório das autoridades;
4. Perante esta queixa, a polícia de Las Vegas interrogou Ronaldo, que confirmou o ato sexual, admitiu que “ela disse não e para várias vezes”, embora se tenha mostrado “disponível”. Admitiu que foi “rude”, que durante o ato não mudaram “de posição”, que o mesmo durou “cinco a sete minutos”, e que no final lhe garantiu que não era “como os outros”, pendido-lhe “desculpa” depois de terem tido relações sexuais.
5. Alguns meses depois destes interrogatórios, os advogados de Kathryn e Ronaldo iniciaram conversações no sentido de chegarem a um acordo que contemplaria o silêncio da modelo sobre o caso, a troco de uma indemnização, que acabou por se fixar em 375 mil dólares;
6. Motivada pelo movimento #MeToo, e para tentar perceber se o mesmo teria acontecido a outras mulheres, Kathryn quebrou o silêncio e contou a sua versão da história, tendo os seus advogados manifestado disponibilidade para devolver os 375 mil dólares que Kathryn recebeu, para que o caso possa ser devidamente julgado pela justiça;
7. A polícia de Las Vegas reabriu o caso.
Tudo isto são factos, não é especulação, não é diz-que-disse, não é uma versão da história. Perante isto, como é que a esmagadora maioria das pessoas reagiu em Portugal, usando sobretudo as redes sociais? Insultando Kathryn, questionando as suas motivações, vitimizando Ronaldo. Muito pouca gente teve o bom senso de dizer apenas: “Vamos esperar para que sejam analisados todos os factos e depois logo se vê se Ronaldo é culpado ou não”. E era isso que deveria ter acontecido. Nem Ronaldo é mais culpado por ser uma vedeta planetária, nem é menos culpado por ser o nosso herói. Quem vai ter de responder por esta acusação não é o jogador que marca golos de qualquer lado, não é o melhor do mundo, é o cidadão Cristiano Ronaldo Aveiro, que tem os mesmos direitos e obrigações que qualquer outro. É a isso que se chama justiça e é precisamente por ser assim que o símbolo da justiça é uma figura com os olhos vendados, porque todos são iguais perante a lei.»
Ricardo Martins Pereira in MAGG 05-10-2018

Foto: by Observador
 

terça-feira, 2 de outubro de 2018

And the winner is...


Esta foi a abóbora classificada em primeiro lugar no festival RHS Harvest Show que se realiza hoje e amanhã em Londres.

 
Foto: Heathcliff O'Malley | The Telegraph

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A sujidade


«Até hoje, a maioria dos norte americanos tinha um respeito quase reverencial pelo seu Presidente, quer fosse um pouco ou nada ético Nixon ou um incompetente Bush, até que descobriram um senhor chamado Donald Trump que destruiu todo esse respeito porque um presidente também pode pensar, falar e atuar como um inútil.»
Martín Caparrós, The New York Times, 27-09-2018

Foto: Carlos Barria | Reuters
 

sábado, 29 de setembro de 2018

Quintos na rota do motociclismo


A Freguesia de Quintos foi hoje atravessada de lés-a-lés por cerca de 300 motards. Tratou-se da 3ª etapa da 4ª Edição do “Portugal de Lés-a-Lés Off Road”.
Com um percurso total de cerca de 1000 km, esta edição foi divida em 3 etapas:
27 de setembro - Macedo de Cavaleiros / Castelo Branco
28 de setembro – Castelo Branco / Reguengos de Monsaraz
29 de setembro – Reguengos de Monsaraz / Albufeira
Diz a Organização (Federação de Motociclismo de Portugal) que é «Uma verdadeira oportunidade de aventura e convívio onde terá que pôr em prática as técnicas de condução fora de estrada que o todo-o-terreno exige, sem contudo deixar de poder desfrutar da tranquilidade e do ambiente turístico inerentes à facilidade do percurso.»
Foi também cativante assistir durante quase 4 horas ao desfilar de todas estas motos pelas estradas de Quintos.
Os nossos agradecimentos à Organização por se lembrar de Quintos.

Foto: FMP

 

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Segundos antes da morte

O fotógrafo captou esta imagem 1 ou 2 segundos antes que a garça engolisse o peixe.
É percetível o pavor do peixe.


Foto: Dave Potts | Mercury Press

domingo, 23 de setembro de 2018

Um mal menor


Para mal dos nossos pecados esta malazenga não nos desampara a loja. Diz Paulo Barriga no seu editorial do Diário do Alentejo da passada sexta-feira que isto é um mal menor. O senhor, desculpe-me a frontalidade, é sovina!
Com a devida vénia, um pequeno excerto:
«A questão de fundo é que que as autarquias, esta [Barrancos] como as restantes e sem exceção que se conheça e que possa servir de exemplo, estão enxameadas de amigos, de camaradas e de todo o tipo de compagnos de route que chegam e entram pela porta grande, sem bater. Que é como quem diz: sem prestarem provas das suas reais competências (quando as possuem). Enquanto o compadrio estiver instituído na base da cadeia e até legalmente institucionalizado e enquanto a prevalência nas escolhas mais elementares for a cor do cartão que se traz na carteira, a corrupção em Portugal será sempre um mal, claro que sim.
Mas, pelos vistos, um mal menor.»
Paulo Barriga, DA nº 1900 de 21-09-2018

Paulo Ventura, demitido da CM Barrancos por suspeita de corrupção
Imagem: RTP
 

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Lá como cá, infelizmente


Em Pedrógão Grande o senhor Presidente da Câmara (acerca da reconstrução de casas após os incêndios do ano passado) diz que fez tudo o que era possível fazer e de uma forma correta.
Faz agora um ano que Maria (o furação) devastou, entre outros, Porto Rico. Jornalistas do New York Times visitaram Porto Rico para ver o que (como prometido por Donald Trump) foi reconstruido. Sobre a reconstrução de Porto Rico, há dias afirmou Trump que “fizemos um trabalho magnífico”, no entanto um entre muitos milhares de outros residentes de Porto Rico afirmou “Gostava que ele fosse capaz de dizer-me isso na cara!”.
Mais palavras para quê?!

 
Foto: Andres Kudacki | TIME

sábado, 15 de setembro de 2018

Num pinto!


Expressão tipicamente alentejana que se aplica em absoluto a esta imagem em que Robert Simmons Jr. e o seu gatinho saíram com vida da inundação provocada pelo Florence em New Bern, Carolina do Norte, EUA.
Foto: Andrew Carter | The News & Observer via AP

 

O pão nosso de cada dia II

Khartoum, Sudan
Um rapaz brinca com o seu melhor brinquedo, um pneu usado.
Foto: Ozge Elif Kizil | Anadolu Agency | Getty Images



O pão nosso de cada dia I

Beit Lahiya, Gaza
Um palestiniano transporta ao colo o seu filho sob os disparos de militares israelitas.
Foto: Felipe Dana | AP



Ao ataque!


Eu – pecador me confesso e me penitencio – tiro o meu chapéu ao brilhante texto de Ruy Ventura no DA de ontem.
É uma autêntica pedrada em muitos (em mim, inclusive), um pequeno excerto, com a devida vénia:
«Ataques
Existe uma grande distância entre o ataque, quase sempre injurioso, e a crítica ponderada, ainda que dura, duríssima mesmo.
Atacam-se os padres, quando dá jeito e se quer atingir certos objetivos. Atacam-se os políticos… Atacam-se os professores… Atacam-se os polícias… os médicos… os juízes… os advogados… os funcionários públicos… quando dá jeito e se quer atingir certos objetivos… quase sempre inconfessáveis. Ou quando é mais fácil cuspir na cara dos outros do que olhar para o espelho e ver a nossa pobre imagem refletida (…).
Dou por mim a pensar que, na doutra ciência dos autores, da miríade de autores desses ataques, (…) [os atacados] nasceram de geração espontânea e vivem sozinhos ou, então, em comunidades fechadas. Ou seja, não têm avós, nem mães, nem pais, nem filhos, nem primos, nem sobrinhos, nem tios, nem vizinhos, nem nada desse género… Aliás, na opinião de certos doutos, as pessoas que atacam – com bons ou maus pretextos – não devem pertencer à mesma espécie humana onde se incluem os seus achincalhadores.
Por isso lhes chamam “animais”, “monstros”, “filhos da puta”, “cabrões”, “chulos”, etc, etc. (…)».
Ruy Ventura, poeta e ensaísta in Diário do Alentejo de 14-09-2018

Foto: Woman, Inc.
 

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A fome


Como escreveu Martín Caparrós, colaborador do New York Times, “a fome continua a ser o horror solucionável que menos importa: mata mais do que qualquer doença, mas ataca sempre os outros, aqueles que não pensam como 'nós'”.
Assim reagiu Caparrós aos números apresentados pela ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) que indicam que, pelo terceiro ano consecutivo, o número de pessoas que sofrem com a fome no mundo aumentou. O primeiro passo para combater esse mal, adianta Caparrós, é sentir que isso é uma incumbência nossa.
Segundo a FAO não é fácil saber quantos homens, mulheres e crianças passam fome. Os esfomeados vivem em países complicados, com Estados que não apenas não são capazes de assegurar a sua alimentação, como tão pouco têm meios para controlá-los.
Afirma a FAO que em 2016 haveria cerca de 784 milhões de indivíduos a passar fome, esse número, em 2017, subiu para 804 milhões e em 2018 tudo indica que sejam mais de 821 milhões.
Este é o grande problema do números, informam-nos mas depressa os esquecemos. É fácil olhar para eles e não pensarmos; que nos importa que uma em cada nove pessoas no mundo não come o suficiente, se por norma não conhecemos essas pessoas, adianta Caparrós.
Há 821 milhões de pessoas pobres que não comem o suficiente porque a produção global de alimentos é estruturada para satisfazer os mercados desenvolvidos, para concentrar em si a riqueza alimentar. Nunca na história da Humanidade se produziram tantos alimentos como agora, o problema não é escassez de comida, o problema é uma enorme escassez de dinheiro para comprá-la.

Foto: Thomas Mukoya | Reuters

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Serenidade e falta dela


Serenidade demonstrou o árbitro Carlos Ramos, a falta dela (serenidade) foi por de mais evidente da Serena Williams.
Uma coisa é certa, se o árbitro fosse negro, Serena não colocaria o dedo em riste como colocou a Carlos Ramos.
Resumindo, Carlos Ramos um senhor, Serena Williams... a outra.

Foto: Ben Solomon | The New York Times
Cartoon: Mark Knight |The Herald Sun



 

terça-feira, 11 de setembro de 2018

O caminho para a felicidade


«Como encontrá-lo?
Considera-se uma pessoa feliz? Se a sua resposta for sim, o que a faz feliz?
- A sua família?
- O seu emprego?
- A sua religião?
Ou talvez esteja desejoso de encontrar uma razão para ser feliz, como acabar os estudos, conseguir um emprego ou comprar um carro novo.
Muitas pessoas encontram certa medida de alegria quando conseguem alcançar algum objetivo ou comprar algo que queriam muito. No entanto, quanto tempo dura esse momento de felicidade? Infelizmente, na maioria das vezes, dura muito pouco.
A felicidade já foi descrita como uma sensação de bem-estar que varia em duração. Essa sensação pode ir desde estar contente com algo até uma alegria intensa e forte na vida, e o desejo natural é que esse sentimento continue.
Além disso, visto que é uma sensação de bem-estar contínua, a felicidade é descrita, não como um destino ou objetivo a ser alcançado, mas sim como uma viagem. Alguém que diz “eu só vou ser feliz quando...”, está, na verdade, a adiar a felicidade.
Podemos comparar a felicidade com a saúde.
Como podemos ter saúde?
Precisamos de dar alguns passos como: ter uma boa alimentação, fazer exercício e ter um estilo de vida saudável.
Da mesmo maneira, para sermos felizes, precisamos de dar alguns passos e de viver de acordo com bons princípios.
Que princípios ou qualidades levam à felicidade? Existem muitos que são importantes, mas os principais são:
- Esteja satisfeito com o que tem e seja generoso
- Cuide da saúde e seja positivo
- Mostre amor
- Perdoe
- Tenha um objetivo na vida
- Tenha esperança»

in Revista Despertai! Nº 1 | 2018

 

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Debate: Beber ou não beber


Não beba nem um único copo!”, esta foi a advertência feita recentemente por um estudo publicado na revista científica The Lancet® que qualquer quantidade de bebida alcoólica ingerida é nociva à saúde, contrariando assim alguns estudos que indicavam o contrário, isto é, os benefícios do consumo moderado de bebidas alcoólicas para reduzir o risco da diabetes ou de doenças cardíacas.
Entre os 15 e os 49 anos, o consumo de bebidas alcoólicas é o fator de risco mais comum de morte e incapacidade. Em 2016, o álcool representou 6,8% das mortes nos homens e 2,2% nas mulheres.
A diferença entre álcool e tabaco é que não nos surpreendemos que o tabaco mata”, diz a autora principal do estudo, Emmanuela Gakidou, professora de ciências médicas na Universidade de Washington, “De fato causa-nos muita surpresa, inclusive entre investigadores, que o álcool seja tão mau para as pessoas como na realidade é”, adianta a mesma investigadora.
Porém, estes dados devem ser analisados com precaução. O estudo foi realizado com base em estimativas, o que significa que o cálculo dos riscos não é igual para todos.
Posto isto, a nossa conclusão pessoal é semelhante à máxima de Shakespeare: “Um bom vinho é uma coisa boa e sociável, quando de ele não se abusa”.
Texto: Nicholas Bakalar in New York Times, 28-08-2018
Foto: Revista Veja, BR

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Ainda há heróis? Claro que há!


E são muitos, graças a Deus!
Sem delongas para não retirar o brilho ao texto de José Luís Martins, aqui Vos deixo esta sublime prosa:
«O herói não costuma ser o general
Não são precisos muitos meios para se alcançar o heroísmo. Aos que têm bastantes recursos costuma faltar a coragem para enfrentar o sofrimento e o desapego próprios de quem destina o céu a si mesmo.
A nossa vida não tem nem mais nem menos sentido porque estamos mais acima ou abaixo nas hierarquias humanas.
Não precisamos do poder de uma qualquer espada para lutar pelo bem, em muitas situações, uma esfregona e um balde podem bem ser os instrumentos mais indicados.
Aquilo a que a vida nos desafia é a sermos bons. A perfeição é mais uma questão de entrega do que de atenção à harmonia de todos os detalhes.
Passamos grande parte do nosso tempo a ser cobardes, porque o mais difícil é ser-se fiel nas pequenas coisas, nas insignificâncias, naquilo onde julgamos que nada está em questão.
Precisamos de assumir o protagonismo da nossa vida. Atribuirmos a nós mesmos o papel de heróis em vez de esperar que sejam outros, ou as circunstâncias, a levarem-nos à concretização dos nossos anseios.
São muitas as pessoas que parecem falhadas, em virtude das aparências da sua condição, mas que, na verdade, são aquilo que nós devíamos ser. São exemplos que não reconhecemos, são lições às quais não queremos prestar atenção. Como se a felicidade fosse algo de luxuoso, sofisticado e repleto de vaidades.
Aqueles que na vida social não ocupam nenhum cargo especial, quais soldados rasos, têm os mesmos deveres do que quem dispõe de muito mais armas. Aos grandes feitos nada é acrescentado ou retirado quando são reconhecidos perante qualquer plateia.
Ser herói, santo, sábio ou feliz é a mesma coisa. Trata-se sempre de, com simplicidade, nos concentrarmos e fazermos o que pode e deve ser feito… a nossa missão não é sonhar com outras missões, é cumprir o que somos, com o que temos. Sem desculpas, nem muitas demoras.
A maior arma dos que sabem que esta vida faz parte de outra maior é saberem que a liberdade é a mais poderosa de todas as responsabilidades. São senhores de si mesmos e são grandes… por serem bons.»
José Luís Nunes Martins in Ecclesia 25-08-2018

Imagem: Ecclesia
 

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

A vergonha continua


Não estou a falar de um muro, estou a falar de uma invasão.
Os israelitas preparam-se para construir na Cisjordânia (território palestiniano usurpado por Israel) mais mil casas para colonos israelitas, prevendo-se que estas venham a ser reforçadas com a construção de mais 382 outras.
Neste momento são mais de 600.000 os judeus israelitas que vivem em cerca de 140 colonatos construídos em território da Palestina.
“Nunca, em direitos humanos, tanto foi devido por tantos a tão poucos”, escreve Robert Fisk no Independent UK de ontem.

Foto: Independent UK
 

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

QUINTOS continua de pé!


Manifestamos aqui o nosso contentamento pela intenção do atual governo tentar reverter a loucura de Miguel Relvas e repor a Verdade sobre o ordenamento do território. Exigimos que sejamos ressarcidos do que nos roubaram, mesmo sem juros ou indemnizações.
Quintos é um aglomerado populacional milenar que não pode ser roubado por decreto-lei. 

Imagem: Google Maps
 

sábado, 18 de agosto de 2018

Não tenho medo de ouvir Le Pen


Porque subscrevo, e dispenso-me a comentários, transcrevo com a devida vénia:
«Não tenho medo de ouvir Le Pen
Na última edição da Web Summit assisti a um painel no qual estava presente Nigel Farage, o ex-líder do UK Independent Party e um dos principais arquitetos do Brexit.
Após ter explicado, jocosamente, que as meias que trazia com um padrão da Union Jack eram uma celebração do divórcio com a União Europeia, Farage falou, num tom mais sério, sobre como o movimento que liderou usou as redes sociais e as plataformas de comunicação digital para obter o resultado desejado no referendo de junho de 2016.
Explicou como o UKIP identificou cedo que, como partido insurgente, não poderia tentar obter atenção através de meios convencionais, como a BBC, e optou por utilizar canais como o YouTube.
No mesmo painel estava Brad Parscale, que foi o guru digital da campanha presidencial de Donald Trump, também em 2016. Parscale falou sobre como a campanha utilizou o Facebook e outras redes sociais para levar o magnata republicano à Casa Branca, e como essas empresas estavam de tal forma empenhadas em captar parte do orçamento publicitário que até colocaram funcionários nas sedes da campanha para ajudar na estratégia.
Não fiquei traumatizado nem me tornei num apoiante do Brexit ou de Donald Trump. Sobrevivi e até aprendi algumas coisas sobre como as duas campanhas, vistas como outsiders à partida, conseguiram convencer o eleitorado recorrendo à tecnologia.
Conto esta história para explicar a minha surpresa com o convite e ‘desconvite’ da Web Summit a Marine Le Pen.
O Governo diz que não interveio no processo. Podemos acreditar ou não e, provavelmente, nunca iremos saber. Mas sabemos que, por alguma razão, Paddy Cosgrave mudou de opinião e disse a Le Pen que não precisava de vir a Lisboa. Le Pen lidera uma organização xenófoba e, apesar de o negar, com tendências neo-nazis.
Obviamente que não concordo com a ideias que representa, mas também não consigo concordar com o argumento que não se podem usar fundos públicos para essas ideias serem apresentadas em Lisboa. Marine Le Pen não é inexperiente, duvido que viesse expressar hate speech numa plataforma global. Se o fizesse seria crime, claro.
Se nunca tivesse sido convidada seria outra história, mas a remoção do convite infantiliza-nos de alguma maneira – afinal, somos assim tão permeáveis e sensíveis? Temos mesmo de ser intolerantes com os intolerantes?
Pior do que isso, retira a possibilidade de percebermos como é que a União Nacional (ex-Frente Nacional) opera, como ganha terreno, como pudemos fazer com Farage e Parscale no ano passado. Retira também a possibilidade de Le Pen ser confrontada e questionada sobre as soluções extremas que propõe.
Seria certamente mais interessante do que foi o evento público com Costa e Macron em Lisboa, em julho, que parecia mais um coro sobre as mesmas ideias, muitas acertadas, mas que já ouvimos mil vezes.
A realidade é que Le Pen existe e chegou à segunda volta das eleições presidenciais num dos países mais importantes da Europa. Tal como Farage e Parscale, tem formas de persuadir milhões sobre as suas ideias.
Temos orgulho no facto de, em Portugal, um país com pouco extremismo político, podermos discordar em alta voz. Mas, para discordar, temos de ouvir e, para isso, temos de deixar os outros falar.»
Shrikesh Laxmidas in Jornal Económico 

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