quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A Sabedoria dos Cemitérios

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Um homem foi ter com Macário, o Egípcio, e pediu-lhe um conselho profundo.
- Vai ao cemitério – disse-lhe Macário – e insulta os mortos.
O homem entrou num cemitério, injuriou demoradamente os mortos e atirou pedras aos túmulos. Depois voltou para junto de Macário e contou-lhe o que tinha feito.
- Os mortos disseram-te alguma coisa? - perguntou Macário.
- Não.
- Volta ao cemitério e diz-lhes louvores.
O homem voltou ao cemitério e apresentou os seus cumprimentos aos mortos. Chamou-lhes íntegros, inteligentes e bondosos. Louvou a sua beleza e admirou a sua glória.
Depois foi ter com Macário, que lhe disse:
- Eles disseram-te alguma coisa?
- Não.
- Pois bem, aqui tens o meu conselho. Deixa o desprezo e a lisonja. Sê como um morto
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Jean-Claude Carrière in “Tertúlia de Mentirosos

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Se conduzir, Beba!

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Não, não perdi o juízo. Não recomendo, aliás desaconselho, o consumo de bebidas alcoólicas em qualquer circunstância.
O título deste meu post vem a prepósito de um outro publicado aqui. Este blog – Direito Em Um Só Lugar – é da responsabilidade de, julgo eu, um jurista/advogado brasileiro.
No post em referência afirma-se que o Supremo Tribunal de Justiça (brasileiro) recusou, por diversas vezes, o pedido de habeas corpus interposto por motoristas no sentido de não serem obrigados a fazer o teste de alcoolemia.
E porquê?
Porque – dizem eles – a lei que os obriga a soprar o balão ou fazer análise sanguínea é inconstitucional! E suportam essa inconstitucionalidade no facto de “ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo”.
Nunca tinha olhado para este caso por este prisma.
Fiquei perplexa, confesso. Não sou advogada nem juíza – e se calhar por isso – esta notícia baralhou-me as ideias.
Não sei se em Portugal alguém já ousou questionar a justiça com base neste argumento. Nem sei se a lei portuguesa e a nossa Constituição possam permitir este tipo de argumento.
Seja como for, fiquei admirada pelo brilhantismo deste argumento.
No entanto, e que fique bem claro, se conduzir Não beba!

Esta Noite em Samarcanda

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Uma manhã, o califa de uma grande cidade viu chegar o seu primeiro vizir num estado de grande agitação. Perguntou as razões desta aparente inquietação e o vizir disse-lhe:
- Suplico-te, deixa-me sair desta cidade ainda hoje.
- Porquê?
- Esta manhã, ao atravessar a praça para vir ao palácio, senti que me batiam no ombro. Voltei-me e vi a morte que me olhava fixamente.
- A morte?
- Sim, a morte. Reconheci-a logo, toda vestida de negro com um xaile vermelho. Está cá e olhou para mim para me meter medo. Procura-me, tenho a certeza. Deixa-me sair da cidade neste mesmo instante. Levo o meu melhor cavalo e posso chegar esta noite a Samarcanda.
- Seria mesmo a morte? Tens a certeza?

- Absoluta. Vi-a como te vejo a ti. Tenho a certeza de que tu és tu e tenho a certeza que ela era ela. Deixa-me partir, peço-te.
O califa, que tinha afecto pelo seu vizir, deixou-o partir. O homem voltou a sua casa, selou o melhor dos seus cavalos e transpôs a galope uma das portas da cidade, em direcção a Samarcanda.
Um pouco mais tarde, o califa, atormentado por um pensamento secreto, decidiu disfarçar-se, como por vezes fazia, e sair do seu palácio. Sozinho, dirigiu-se à grande praça. No meio dos ruídos do mercado, procurou a morte com o olhar e avistou-a, reconheceu-a. O vizir não se tinha enganado. Tratava-se realmente da morte, alta e magra, de negro vestida, o rosto meio dissimulado sob um xaile de algodão vermelho. Ia de um grupo para outro, no mercado, sem que dessem por ela, aflorando com um dedo o ombro do homem que montava a sua tenda, tocando no braço de uma mulher carregada de hortelã, evitando uma criança que corria para ela.
O califa dirigiu-se à morte. Esta reconheceu-o imediatamente, apesar do disfarce, e inclinou-se em sinal de respeito.
- Tenho uma pergunta a fazer-te – disse-lhe o califa, em voz baixa.
- Escuto.
- O meu primeiro vizir é um homem ainda novo, de boa saúde, eficaz e provavelmente honesto. Porque é que esta manhã, quando ele vinha para o palácio, lhe tocaste e o assustaste? Porque o olhaste com um ar ameaçador?
A morte pareceu ligeiramente surpresa e respondeu ao califa:
- Não queria assustá-lo. Não o olhei com ar ameaçador. Simplesmente, quando chocámos por acaso na multidão e o reconheci, não pude esconder o meu espanto, o que ele deve ter tomado por ameaça.
- Espanto porquê? - perguntou o califa.
- Porque – respondeu a morte – não esperava vê-lo aqui. Tenho um encontro com ele esta noite, em Samarcanda.
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Jean-Claude Carrière in “Tertúlia de Mentirosos

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Melhor da Semana 39

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Termina hoje O Melhor da Semana.
Por motivos de ordem profissional é-nos impossível (a mim e à Drª Deolinda) manter esta rubrica sem ajudas.
O esforço é considerável. Analisar semanalmente mais de 500 (quinhentos) posts para escolher o melhor requer da nossa parte um esforço e uma dedicação temporal que se tornou incompatível com os nossos afazeres profissionais e pessoais.
Em suma, não temos tempo. Lamentamos. Mas não desistimos!
Passaremos a eleger não O Melhor da Semana, mas O Melhor do Mês! A começar já no próximo mês de Outubro, inclusive.
No entanto, assim que estiverem reunidas condições, retomaremos a publicação de O Melhor da Semana.
Quero, em meu nome pessoal e da Drª Deolinda, apresentar as nossas desculpas por esta alteração.


Para a semana que passou, semana 39 e última do mês de Setembro, elegemos o post com o título de “The Champ” publicado no passado dia 24 aqui. (O post não é lincável por opção do editor do blog).
Aborda um tema que nos deveria fazer reflectir. A todos nós.
A imagem comove-me profundamente.
Todos nós temos uma vida demasiado curta. Valerá a pena isto?!
Eis o post:



The Champ


Quando vi esta foto recordei O Campeão, possivelmente o único filme em que as lágrimas me rolaram pela face. Sei que a "história" não era grande coisa (tanto que só recordo passagens) mas a cena final esburacou-me a couraça: o discurso de despedida de um miúdo lavado em lágrimas agarrado ao cadáver do pai, o seu Champ, falecido após combate de boxe. Bom seria que me tivessem poupado e não publicassem esta foto, não por me ter trazido à memória O Campeão e a cena a que fiz alusão, afinal é ficção, mas para não sentir revolta por ver um miúdo órfão em pranto junto à urna do pai que é cadáver por culpa de mais uma guerra que só envolve interesses económicos e políticos de países que até estão geograficamente a léguas e léguas do local onde foi montado o teatro de guerra. Dizem-nos que é em prol da Paz, que é para combater o terrorismo, mas haverá maior terror do que este que servem às suas próprias crianças? Pelo menos, em acto de contrição, poupem-nas e resguardem-nas desta exposição mediática que só tem por objectivo manipular a mente de quem vê para que tome o partido que lhes interessa, o deles.

domingo, 27 de setembro de 2009

Parabéns Portugal!!


Finalmente a alegria chegou a Portugal!
Apesar de alguns cépticos já não acreditarem, hoje houve uma notícia que lhes encheu o coração de alegria!
Já temos o “nosso” morto.
Hoje morreu o primeiro português – e em Portugal – vítima da gripe suína. Em “on” e à família da vítima apresentam-se as mais sentidas condolências; Em “off” e em casa (com ou sem amigos) festeja-se. Provavelmente muito champanhe foi derramado.
Portugal finalmente juntou-se aos países ricos em H1N1.
Provavelmente houve portugueses que receberam dos seus amigos Reis, Presidentes, Ministros e Directores de Farmacêuticas de um pouco por todo o mundo, um telefonema, um telegrama ou um simples SMS com a frase “Porreiro, pá! Já fazem parte do nosso Mundo.
Há horas felizes, diz o cauteleiro. A hora feliz dos profetas da desgraça, chegou.
Eu compreendo que os impérios não se constroem por obra e graça do Divino Espírito Santo.
Mas há quem diga: “Deus não dorme!” e outros “Quem semeia ventos não colhe ventoinhas”.

Só espero que se faça Justiça. Divina ou não.

sábado, 26 de setembro de 2009

Jovens Bombistas

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O Expresso online publica hoje uma notícia que me apanhou completamente de surpresa.
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“Cada vez mais, os jovens usam drogas recreativas na noite. A mistura de ecstasy e viagra já é banal.”
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Estes loucos são autenticas bombas ao retardador. Os malefícios que este cocktail provoca num futuro próximo são irreversíveis e nalguns casos fatais.
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Quando se é jovem, experimentar coisas novas, especialmente em grupo, é uma tentação enorme.
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Mas ser jovem não é sinónimo de ser burro.
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Quem faz cocktails destes é burro. É um burro suicida.
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Fazer roleta russa pode dar gozo … se bala não se encontrar na câmara.
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Neste cocktail a bala está sempre na câmara.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Segurança Pública do CDS-PP

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Em Moura, dois candidatos ao Município de Moura nas lista do CDS-PP foram apanhados em flagrante pela GNR a furtar fardos de palha. Segundo o Comandante da GNR de Beja, Major José Candeias, quando a GNR surpreendeu os dois candidatos do CDS já estes tinham na viatura com que praticavam o furto cerca de 50 fardos de palha.
Sílvia Ramos, presidente da distrital do CDS-PP, quando confrontada com estes factos e se os candidatos envolvidos no furto iriam ser substituídos, afirmou categoricamente que NÃO! E adiantou que: “meia dúzia de fardos de palha nada representam comparados com os casos 'Freeport, Felgueiras e Apito Dourado'”.
Espantoso!
Fico maravilhada com a noção de segurança pública que Sílvia Ramos defende e que Paulo Portas tanto apregoa.
Vá lá que os candidatos do CDS andavam a roubar palha.
Suponhamos que eles tinham sido apanhados a violar uma criança?
Será que diriam: “O que é isso comparado com o caso Casa Pia …”?

Um Sonho Húmido

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Um homem toda a sua vida só pensava em dinheiro, só rezava para obter dinheiro.

Num dia de inverno, de regresso do Templo, viu um grande porta-moedas metido no gelo do caminho.

Pensando que as suas preces tinham finalmente sido atendidas, tentou apoderar-se do porta-moedas, sem sucesso. Preso no gelo, o objecto resistia.

Então o homem urinou sobre o porta-moedas para fundir o gelo.

E acordou na cama todo molhado ...

Jean-Claude Carrière in “Tertúlia de Mentirosos

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Sonho da Borboleta

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Um homem sonha que é uma borboleta.
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Revoluteia com leveza de flor em flor, abrindo e fechando as suas asas, sem a mais ténue lembrança da sua natureza humana.
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Quando acorda, percebe com espanto que é um homem.
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Mas será ele um homem que acaba de sonhar que era uma borboleta?
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Ou será uma borboleta a sonhar que é um homem?
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Diz-se que nunca conseguiu responder a esta pergunta.
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Jean-Claude Carrière in “Tertúlia de Mentirosos

O Sino - Boletim Paroquial de Quintos

Acabaram-se as férias.
É tempo de deitar mãos à obra, ou seja, é tempo de O SINO - o Boletim da nossa paróquia.
Este mês, Setembro, escolhemos este pequeno texto - de reflexão! - que vem na primeira página do nosso Boletim:


Recomeçar

Iniciámos em Setembro um novo Ano Paroquial, que confiamos à protecção de Nossa Senhora dos Remédios.
Pastoralmente falando, gostaríamos que os cristãos de Quintos vivessem mais a fé, participando com assiduidade nas celebrações do Domingo, sem o que a vida cristã nunca é completa nem faz sentido.
O serviço pastoral numa paróquia não pode ser apenas restringido aos funerais e, nalguns anos, a procissões …
No final deste ano de 2009/2010, não gostaríamos de fazer um balanço negativo da actividade paroquial, numa aldeia que se diz católica, como aconteceu no ano que findou.


terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Segredo do Escultor



Um escultor manda vir um grande bloco de pedra e deita mãos ao trabalho.

Uns meses mais tarde termina a escultura de um cavalo.

Uma criança que esteve a vê-lo trabalhar pergunta-lhe então:

- Como sabias tu que havia um cavalo dentro da pedra?

Jean-Claude Carrière in “Tertúlia de Mentirosos

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Gripe no Desporto

O desporto está doente. Engripado. Com tosse convulsa. Ou será malária?
Que andam muitos 'mosquitos' a picá-lo, lá isso andam. Se são fêmeas do género Anopheles já não sei.
Na minha aldeia – Quintos – antigamente quando alguém praticava desporto era com o objectivo de exercitar o físico e/ou a mente sem qualquer componente monetária associada, obviamente.
Hoje, até mesmo em Quintos sem a componente monetária associada, não há desporto para ninguém (estou a falar do campeonato de futebol do INATEL, sobre o qual me abstenho de fazer mais comentários).

Atletismo: Caster Semenya, atleta sul africana e vencedora em Berlim do Campeonato Mundial de Atletismo na modalidade dos 800 m, vê a sua vitória questionada, não no fotofinish, mas no facto de ser ou não mulher. Independentemente das explicações (ou tentativa) do presidente da Federação de Atletismo da África do Sul, este caso não deixa de ser uma vergonha em pleno século XXI.

Ciclismo: Nuno Ribeiro, ciclista profissional e vencedor da última edição (2009) da Volta a Portugal em Bicicleta, vê a sua vitória questionada, não no fotofinish, mas porque acusou uma substância proibida pela União Ciclista Internacional. O que leva profissionais como Nuno Ribeiro (e mais 2 colegas da sua equipa) a tomar uma substância que sabem que é proibida? Acreditar que podem ludibriar uma análise anti-doping? Que ignorantes! Que falta de profissionalismo!

Louvável, muito louvável a atitude da empresa patrocinadora da equipa de ciclismo de Nuno Ribeiro, a Liberty Seguros. Mal soube do resultado anti-doping positivo dos três ciclistas decidiu retirar o patrocínio à equipa.
Ao recusar pactuar com actos criminosos demonstra – a empresa Liberty Seguros – que é uma pessoa (colectiva) de Bem.

Fórmula 1: Renault, equipa de fórmula um que em 2008 – chefiada por Flavio Briatore – deu ordem a Nelson Piquet Junior para provocar um acidente em pista para beneficiar o seu colega de equipa Fernando Alonso.
A manipulação de resultados na Fórmula 1 é recorrente e é uma vergonha.
Mas maior vergonha é a sentença da FIA: afastamento de Briatore (será sem louvor?), pena suspensa para a equipa Renault e para Nelson Piquet nem uma palavra.

Era bom que os patrocinadores da Renault pusessem os olhos na Liberty Seguros. Mas isso era pedir de mais. Era partir do princípio (errado!) que todas as empresas são sérias.

O Melhor da Semana 38

Lá (Espanha) como cá (Portugal). A doença está a espalhar-se rapidamente. Para impedir que esta pandemia se alastre ainda mais, elegemos este post como O Melhor da Semana.
Temos TODOS que combater esta doença louca que incute nos outros – na sociedade em geral – o medo, o pavor, o histerismo colectivo sobre a gripe. Na circunstância a gripe suína ou gripe A.
O post eleito esta semana foi publicado no dia 19/09 no blog “Gripe e Calma” que é da autoria de médicos de família, pediatras, farmacêuticos, microbiólogos, estudantes de medicina, etc.

Passemos ao post com tradução da nossa responsabilidade:


E Chegou o Medo a Happyland

Num planeta da galáxia Alfa Centauri chamado Happyland, apareceu uma modalidade de biovírus nova que inquietou a população desse planeta.
Na capital de Happyland viviam 100.000 pessoas, das quais 90.000 não tinham problemas de saúde, e 10.000 tinham uma doença crónica ou algum factor de risco.
O vírus espalhou-se nalguns meses. Adoeceram 10.000 cidadãos sem factor de risco e cerca de 1.500 cidadãos dos que tinham algum problema de saúde.
Esta doença (a que chamaram “A Nova Gripe Alfa”) foi benigna, tendo feito apenas 5 mortos entre a população sem factor de risco (1 em cada 2.000) e 8 mortos entre a população com factor de risco (1 em cada 187).
Dito de outro modo, apesar de “A Nova Gripe Alfa” ter afectado muitos dos habitantes da capital, faleceram 1 em cada 18.000 saudáveis e 1 em cada 1250 cidadãos com algum problema de saúde. No total, 13 pessoas.

No entanto, algo de estranho se passou:
- A maioria dos profissionais de saúde aconselhavam e recomendavam calma. Explicavam à população como cuidar em casa os sintomas produzidos pelo vírus.
- Porém, outros organismos influentes, e fabricantes de “soluções” para “A Nova Gripe Alfa”, enviaram aos meios de comunicação social a seguinte mensagem:


40% dos pacientes que morreram eram saudáveis!

E chegou o medo.

(Nota: Qualquer semelhança com a realidade será pura coincidência?)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Vírus vai matar no País


É este o título de uma notícia do 'Correio da Manhã' on-line, referindo-se às declarações proferidas pelo Director Geral de Saúde em Portugal - Dr. Francisco George - numa sessão de esclarecimento com a Ordem dos Médicos.

["Não vamos continuar a ter uma taxa de letalidade zero." É esta a convicção do director-geral da Saúde, Francisco George, sobre a evolução da pandemia de gripe A, infecção que o responsável estima que vá provocar mortes em Portugal e levar ao colapso de alguns serviços, designadamente os Cuidados Integrados ...] transcrição do Correio da Manhã.

Arranca hoje a distribuição às farmácias de vacinas contra a gripe comum.

Será que vamos ter uma taxa de letalidade zero na gripe comum? Mesmo naqueles que vão ser vacinados?

Obviamente que não. Toda a gente sabe isso.

Porque é que o Sr. Director Geral de Saúde não fala disto?

Porque não interessa não é verdade?!

Compreendo ...

sábado, 12 de setembro de 2009

A Nossa Morte!

É um medo quase inato, a morte.
Até de falarmos nela ou dela temos medo!
Parece-nos que é uma coisa que só acontece aos outros. Apesar de termos consciência que não somos eternos.
Há pouco, "viajando" aleatoriamente por blogues encontrei
esta preciosidade que não resisto a partilhar convosco.

O título é:

João 10:10 (… Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.)

Às vezes fico pensando sobre o dia da minha partida, o dia em que minha respiração for interrompida em que não mais encontrarei o fôlego nas minha narinas.
O dia em que os meus olhos se fecharem para sempre, em que não mais presenciarei a beleza que há aqui, como um sorriso sincero um abraço apertado, o cheiro das flores as lágrimas da felicidade.
Às vezes penso e se for hoje!
O que construí?
Meu Deus que medo!
Só de pensar me dá calafrios e um temor toma conta mim; minha pernas tremem só de pensar.
A cada dia vivido estou caminhando para esse fim. Aliás todas as pessoas. Estamos caminhando rumo a essa porta independente de quem quer que seja.
E o detalhe é que a maiorias das pessoas vivem de uma maneira, como se esse dia nunca fosse acontecer. Não se preparam para absolutamente nada. Vivem como se o dia da sua morte não fosse acontecer, como se nunca fosse chegar.
Só que sem excepção todas as pessoas, independente de quem seja, está nesse rumo, nessa trilha a que vamos chegar mais cedo ou mais tarde.
(...)
Temos que viver a nossa vida de uma maneira em que lá na frente nós não nos arrependamos e que possamos ter uma vida de qualidade, uma vida bem gasta.
Não quero gastar minha vida com azedumes, chatices e tolices. Mas viver uma vida livre, leve e solto na presença do meu Deus.
Pois esse é nosso grande desafio como seres humanos:
Termos uma vida de qualidade!

O Melhor da Semana 37

O melhor Post desta semana é este. E, seguramente, é também o melhor de muitas semanas anteriores tal como de muitas semanas futuras.
Há textos que valem por um milhão de imagens.
Este é um desses!
Não vou fazer mais comentários para não empobrecer o post homenageado.
Ei-lo:


FIDÉLIA
Os olhos são de um azul profundo como a água gelada das praias do Norte, o cabelo, preto como as rochas em noite de lua nova, as mãos finas e compridas como se fora a fiandeira de um rei tecendo mantos de ouro e prata, o corpo magro, longo e flexível como as algas.
Sempre falou pouco, como se as palavras fossem desnecessárias, porque os olhos dizem e explicam tudo e quando porventura dizia alguma coisa as pessoas assustavam-se, tão desabituadas estavam da sua voz.
Os pais inquietavam-se com esta estranha filha, mas sabiam que ela era feliz desenhando estranhos seres como ela, flores inexistentes e igualmente estranhas, mundos de água e mar, sempre a preto.
Todos os anos em Setembro, os pais levavam a filha para o campo, para respirar outros ares e quem sabe, desenhar outros seres.
Fidélia entristecia, sentia saudades do cheiro a maresia, não gostava do calor e sufocava na casa enorme e vazia.
À tardinha trepava montes acima, o bloco e o lápis Ivory Black fechado na mão, procurava os locais mais escarpados e isolados, onde apenas os pastores e as cabras se aventuravam e aí gostava de ficar.
Um dia encontrou Mateus, pastor de cabras, tocador de flauta, cabelos cor de milho, olhos de espigas verdes e coração manso como um cordeiro.
E Fidélia falou e Mateus assobiou.
E Mateus aprendeu a desenhar e Fidélia a tocar.
Ela ofereceu-lhe um lápis preto, ele fez-lhe uma flauta de cana.
Tinham quinze anos e o monte era alto.
Num entardecer de tempestade, um homem seguiu Fidélia pelo monte acima e soprou-lhe palavras da noite aos ouvidos e ousou agarrá-la e tocar-lhe no rosto e ela viu o gume brilhante de uma faca escondida na mão, teve muito medo e gritou:
-Mateus!
Num pulo de lobo Mateus saltou, os cabelos cor de milho maduro voando com ele e num instante em que o mundo parou de girar, o coração ruim do homem da navalha foi mortalmente atingido pelo lápis preto, onde ainda se podia ler Ivory Black.
Fidélia gostava dos lápis bem afiados.
Mateus foi condenado e Fidélia disse, antes de novamente se calar:
-Espero por ti quinze anos e outros tantos esperaria! Mas quem é que pode prender o vento ou conter a água de um rio, sem que o vento morra e o rio seque?
E passados quinze meses Mateus fugiu da prisão e escondeu-se nos montes e toda a aldeia o ajudou.
Ele trocava comida por trabalho, tocava a sua flauta nos casamentos e nas festas e os amigos e vizinhos fizeram um pacto de silêncio, porque ele era um homem bom e tinha o coração manso como um cordeiro.
Fidélia encontrava-o nas escarpas e Mateus encontrava-a na casa do campo.
Tinham trinta anos e o monte era alto.
Quis o destino, a sorte ou o azar e Mateus foi descoberto por um polícia mais zeloso, daqueles que gosta de cumprir a lei, mesmo que ela não seja justa.
Os amigos, os vizinhos e até o padre diziam:
-Não prendam um homem bom, porque ele está bem junto de nós, já cumpriu a sua pena!
Fidélia, o corpo dorido como alga quebrada, disse-lhe:
- Espero por ti quinze anos e outros tantos esperaria! Mas quem é que pode prender o vento ou conter a água de um rio, sem que o vento morra e o rio seque?
Tinham quarenta e cinco anos e o monte era alto.
(...)
Esta é uma página afiada, como um lápis ou uma navalha e onde se conta que a vida tem muitas histórias e algumas podem ser verdadeiras.
-
Manuela Baptista
Estoril, 6 de Setembro 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Melhor da Semana 36


Abriu a época de caça ao rebanho.
O rebanho somos todos nós e, à semelhança das outras espécies, também tem as suas ovelhas ranhosas.

Mas essas, vá-se lá saber porquê, vão vivendo à grande e à francesa.
Nem a gripe dos porcos lhes pega.

E porque as caçadas politicas começaram, decidimos eleger este post como o melhor da semana.
Retrata sucintamente a velha história do lobo com pele de cordeiro. Nesta história o lobo é o actual primeiro ministro, mas infelizmente não é o único.

Há mais lobos cá na terra ...

Vamos à história:

A entrevista do Primeiro Ministro

Certo dia, o lobo decidiu disfarçar-se de cordeiro, pensando que assim poderia introduzir-se no rebanho e comer as ovelhas à vontade, sem ser perseguido e caçado. Por isso vestiu uma pele de cordeiro e introduziu-se no seio de um rebanho de ovelhas que andava a pastar, despistando facilmente o pastor.
Ao final da tarde, foi levado, juntamente com todo o rebanho, para o redil. Durante a noite, o pastor foi buscar um pouco de carne para se alimentar e matou a ovelha maior que viu. Era o lobo a fingir de cordeiro. O seu disfarce era «demasiado» perfeito.



Adeus Liberdade!

Não, não me refiro a Portugal. Apesar de estarmos com eleições à porta, a Liberdade não vai acabar. Pelo menos por enquanto.
Adeus liberdade é o título de um post que hoje encontrei aqui. Foi publicado no dia 07 de Junho, por isso o não podemos nomear para O Melhor da Semana.
A imagem complementa o texto na perfeição. O texto é magnífico.
Com a devida vénia, publicamos a tradução do post:


Adeus Liberdade!

Aqui vemos dois papagaios falando dos seus problemas e tristezas.
Estão presos no Jardim Zoológico de Itaipú, cumprindo prisão perpétua, por um crime que não cometeram.
Estes são os erros comuns da justiça paraguaia:
Os verdadeiros criminosos estão livres e os inocentes atrás das grades.
Que injustiça!

domingo, 6 de setembro de 2009

BAJA – Montes Alentejanos

Conforme anunciado, terminou hoje a Baja – Montes Alentejanos.
Não me vou pronunciar sobre o desenrolar da prova – em termos classificativos – porque não foi isso que me levou a Quintos. Os resultados e classificações podem ser vistos aqui.
Estava um tempo agradável, temperatura amena (inferior a 35º C) e uma assistência fracota.
Lembro-me que há dois anos o Transibérico encheu o Monte dos Pisões de gente.
Foi a primeira vez que o Baja passou pelo Monte dos Pisões e talvez por culpa da organização em não considerar Pisões como local de interesse para assistir à prova, a assistência primou pela ausência.
Dos poucos presentes (cerca de meia centena) a maioria eram forasteiros. Curiosamente, ou talvez não, da Junta de Freguesia de Quintos ninguém presente. O forte deles é o futebol. Gostos …
O local que fotografei era composto por um troço com cerca de 150 metros em alcatrão seguido de uma curva a mais de 90º em transição para terra batida. Era exactamente nesse local – exterior dessa curva – que se encontravam a maioria das pessoas. Indaguei um agente de autoridade pela fragilidade de segurança do local, mas este remeteu-me para a Organização. Ao encontrar um elemento da Organização, este disse-me que a responsabilidade é das pessoas e que os tripulantes das viaturas em prova têm no seu “Road Book” a informação que a curva é “apertada”.
Bonita resposta! Só que este senhor organizador não sabe que o problema não está na informação que os pilotos têm. O problema está na possibilidade – não descartável – de um erro humano ou mecânico!
Felizmente correu tudo bem. Não graças à Organização.