sábado, 15 de setembro de 2018

Ao ataque!


Eu – pecador me confesso e me penitencio – tiro o meu chapéu ao brilhante texto de Ruy Ventura no DA de ontem.
É uma autêntica pedrada em muitos (em mim, inclusive), um pequeno excerto, com a devida vénia:
«Ataques
Existe uma grande distância entre o ataque, quase sempre injurioso, e a crítica ponderada, ainda que dura, duríssima mesmo.
Atacam-se os padres, quando dá jeito e se quer atingir certos objetivos. Atacam-se os políticos… Atacam-se os professores… Atacam-se os polícias… os médicos… os juízes… os advogados… os funcionários públicos… quando dá jeito e se quer atingir certos objetivos… quase sempre inconfessáveis. Ou quando é mais fácil cuspir na cara dos outros do que olhar para o espelho e ver a nossa pobre imagem refletida (…).
Dou por mim a pensar que, na doutra ciência dos autores, da miríade de autores desses ataques, (…) [os atacados] nasceram de geração espontânea e vivem sozinhos ou, então, em comunidades fechadas. Ou seja, não têm avós, nem mães, nem pais, nem filhos, nem primos, nem sobrinhos, nem tios, nem vizinhos, nem nada desse género… Aliás, na opinião de certos doutos, as pessoas que atacam – com bons ou maus pretextos – não devem pertencer à mesma espécie humana onde se incluem os seus achincalhadores.
Por isso lhes chamam “animais”, “monstros”, “filhos da puta”, “cabrões”, “chulos”, etc, etc. (…)».
Ruy Ventura, poeta e ensaísta in Diário do Alentejo de 14-09-2018

Foto: Woman, Inc.
 

Sem comentários: