sábado, 26 de setembro de 2015

Depósito de velhos


«Lar.
Houve uma discussão familiar em torno do nome.
Lar ou casa de repouso?
A ele tanto se lhe dava o título, pois como não se sentia bem em lado nenhum, qualquer lugar lhe servia. Desde que pudesse fumar um cigarro.
Quando a carta de admissão chegou, apenas encolheu os ombros. Não deixaria nunca que os olhos ou as mãos o traíssem. Nesse dia, no outono do tempo e da vida, entrou na instituição apenas com uma pequena mala. Anos a fio a desbravar mundo, a semear, a colher, a amar uma mulher, a fazer uma casa e nela fazer filhos, a sentir o coração da terra a bater-lhe no peito, e agora a sua existência cabe toda numa pequena mala.
O quarto não dá para a rua. Não lhe pode libertar o horizonte, desatar o nó dos olhos e pô-los a correr campos fora, como fazia dantes no tempo das melancias.
Dá consigo a pensar que gostaria de morrer de noite, a sonhar. E a morte viria como um sonho bom, batia à porta, pode entrar, e só depois ela entrava de mansinho, sem dramas, sem gritos nos ossos, sem dores na carne, sem sofrimento. Vinha, punha-lhe um manto de veludo por cima das costas e levava-o para o sítio onde a morte mora. E de manhã lá estaria o corpo sem vida, perfeitamente aconchegado. Nem havia de parecer que a morte ali tinha passado.
Enquanto espera, vai jogando às cartas.»
'Nada mais havendo a acrescentar...' de Vítor Encarnação in Diário do Alentejo de 25/09/2015


Foto: Reuters

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Quem chamou o 112?


Andam por aí preocupados em saber (ou esconder!) quem chamou o 112.
- Foste tu!
- Não, não fui, foste tu!
Esta guerra de comadres revela bem a triste família que temos. Como se quem solicitou a vinda da ambulância nos preocupasse.
Não será mais interessante saber porque é que a vítima precisou dos serviços da ambulância?
Para as comadres obviamente que não.


Imagem: O Blog ou a Vida 11/05/2011


domingo, 13 de setembro de 2015

Festa de Quintos 2015, nota final

 
Para encerrar este assunto, e sem mais comentários, transcrevemos e subscrevemos a nota publicada pelo senhor Diácono José Rosa Costa no Boletim Paroquial de Quintos "O Sino" de setembro de 2015:
«Ainda a Festa de Quintos
Embora julgássemos ultrapassada a "Festa de Quintos/2015", somos obrigados a abordar o assunto, porque nos assiste o direito de defender-nos de uma injusta acusação de que, indiretamente, fomos alvo quando por determinado Facebook correu a falsa notícia de que “a igreja é culpada dos festeiros não fazerem a festa de Nª. Sª. dos Remédios”. Somos membros do clero e, concretamente, ao serviço da paróquia de Quintos, por isso nos sentimos atingidos.
Repetimos, sem receio de críticas e em abono da verdade, que os responsáveis da Junta de Freguesia, numa atitude de louvável bairrismo, têm vindo a assumir a festa nos últimos anos, porque os festeiros nomeados a deixaram “cair”, por motivos que não nos são totalmente alheios.
Mas nem por isso julgámos negativamente este sua atitude. Nem tínhamos que fazê-lo. Agora aparece alguém “iluminado” a culpabilizar a igreja desse facto. Quem assim fala não é praticante e, por essa razão, não conhece as normas orientadoras vigentes na Igreja para a realização de festas religiosas que, quase sempre, desagradam a algumas comissões...
Todas as instituições têm normas adotadas para cumprir, e até na nossa própria casa tem de haver normas. Logicamente, a Igreja também as tem. Pena é que quem fala contra a igreja (que já está habituada a ser julgada injustamente) não queira informar-se dessas normas ou, no mínimo, junto desses festeiros, e talvez assim tivesse opinião diferente para não fazer juízos de valor errados.
Quanto à igreja, já teve o cuidado de informar essas normas através do boletim, em reuniões com festeiros e até em homilias.
Este ano, a procissão não passou pela avenida do Prior pelo que, de imediato, houve reações criticando esta medida, embora também tivesse havido comentários favoráveis. A passagem pela avenida perde-se numa imemorável ancestralidade, mas ocupa parte da estrada nacional. Talvez por isso o pároco tivesse optado por não entrar nesse espaço.
Este esclarecimento encerra definitivamente o assunto sobre a Festa de Quintos/2015, porque não iremos comentar, rebater ou responder a quaisquer reações nem no boletim paroquial, nem no Facebook ou no Blogue, e também porque não alimentamos polémicas inúteis e estéreis. Não é essa a função do boletim nem nós somos afeitos a esse tipo de diálogo.
Aproveitamos o ensejo para agradecer a oportuna intervenção do Revº. Padre Philip de Souza sobre a Festa de Quintos e ainda a sua gentileza em publicar algumas das notícias insertas no nosso boletim. Daqui, deste longínquo torrão alentejano, lhe enviamos o nosso abraço fraterno em Cristo.»
Diácono José Rosa Costa
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Em meu nome pessoal, apresento as minhas condolências ao senhor Diácono José Rosa Costa, seus filhos e restante família, pelo falecimento de D. Maria Maximina Lopes Dias da Rosa Costa.