quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A amargura da azeitona

  
Noticia hoje a Rádio Pax que a ACT identificou 21 trabalhadores romenos ilegais em explorações agrícolas no Baixo Alentejo.
Só? Pergunto eu, porque este número é no mínimo ridículo.
Há cerca de um ano Luís Tavares denunciava aqui essa exploração sem escrúpulos, em Quintos.
Pedro Pimenta Braz, inspetor-geral da ACT, explica que o trabalho não declarado é um “fenómeno que tem vindo a crescer nos últimos tempos, nomeadamente no setor agrícola”, diz a Rádio Pax.
O que tem sido feito para travar esta exploração?
Muito pouco ou quase nada. Quem explora esta situação continua impune.
No passado domingo estive em Quintos e o trabalho ou falta dele veio à baila. Fui aconselhada a ir ao Monte dos Pisões para ver a situação degradante de trabalhadores romenos que por lá se amontoam num casão agrícola, tal como no ano passado.
Foto: Apanha da azeitona, pirogravura

Fui. Tentei falar com alguns moradores portugueses dos Pisões mas não foi fácil. Há medo. São pessoas já bastante idosas a quem os romenos batem constantemente à porta a pedir de tudo. É só miséria, dizem-me. Já são poucos, cerca de uma dúzia, mas há pouco tempo atrás eram cerca de trinta, maioritariamente homens, as mulheres eram sete. Dormem todos numa única divisão do armazém, com as camas dispostas ao redor das quatro paredes, numa autêntica promiscuidade. O armazém situado no nº 22 do Monte dos Pisões está transformado num motel degradante. Eram cerca das quatro da tarde quando lá estive, o cheiro a fezes e urina era insuportável junto ao casão. Como só têm uma casa de banho (não sei se operacional) fazem as suas necessidades fisiológicas onde calha. Os habitantes portugueses anseiam por chuva para "abafar" este cheiro horrível. Os contentores do lixo deitam um cheiro nauseabundo, os romenos deitam o lixo (de todo o tipo) a granel, isto é, não acondicionado em sacos.
As autoridades sabem disto, perguntei. Ninguém soube ou quis responder.
Se a ACT por aqui viesse faria maior identificação de ilegais do que fez em todo o Baixo Alentejo, não creio que aqui haja um único romeno legal.
Tentei falar com alguns deles, mas mostraram-se desconfiados e falam muito pouco português. Andaram na colheita azeitona na Herdade da Lobatinha, mas já terminaram, ao que me disseram.
Para o próximo ano haverá mais, ilegais obviamente.
  

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Apartamentos MAX

 
Nos anos 80 do século passado havia em Beja algumas figuras que habitualmente designamos por castiças; exemplo: o Chiça e o Max.
Deste último ficou célebre a frase/questão «Para onde é que vocês querem levar-me o apartamento?» dirigida aos trabalhadores da recolha do lixo da Câmara de Beja, quando estes se preparavam para recolher as caixas de cartão onde o Max costumava pernoitar.
Rimo-nos da desgraça alheia, mas a hipótese de qualquer um de nós poder vir a "morar" num apartamento de cartão nunca esteve tão perto.
Na foto, captada hoje, um «MAX» anónimo dorme numa caixa de cartão numa rua de Madrid.
Dizem que vivemos numa sociedade cada vez melhor, mais justa, mais rica, mais solidária, mais tecnológica, mas, paradoxalmente, há cada vez mais Max's.
Será isto evolução?


Foto: Andres Kudacki / Associated Press


domingo, 27 de outubro de 2013

A mentira

  
Quando é que vamos acordar?
Onde nos levará esta guerra sem tréguas ao meio ambiente?
Já mentimos a nós próprios como se pode ver na fotografia.
Ontem em Hong Kong um turista tirava uma fotografia com um cenário montado atrás dele, para esse efeito.
Seria essa a bela imagem não fosse a excessiva poluição do ar.

  
Foto: Lam Yik Fei / Getty Images
 

sábado, 26 de outubro de 2013

Escutem-me, porra!

  
Não sei se Passos Coelho utilizou esta interjeição, mas que está desanimado com a falta de escutas pela NSA à sua pessoa, lá isso está.
A rapaziada da NSA também não lhes custava nada fazer uma escuta, mesmo pequenina, ao nosso primeiro.
Mas teimam em não escutá-lo, acho que é birrinha.
Birra digo eu, o Ferreira Fernandes tem outra explicação.
Ei-la:
 
Não é novidade, ninguém nos escuta!
Ninguém espia o levantar do Sol. Não é nenhum segredo, é sempre ali. Portugal é igualmente previsível. Não que a NSA, a tal agência de segurança americana que escuta toda a gente, não quisesse espiar também os portugueses. Mas teve de desistir porque era sempre detetada: os portugueses ouviam o agente americano a bocejar. Esta semana, começou com o Hollande indignado pelos 70,6 milhões de chamadas francesas gravadas e acabou com a Merkel surpreendida por o seu próprio telemóvel ter sido escutado pelos americanos. Ontem, na cimeira europeia, em Bruxelas, parecia a Casa dos Segredos, todos a saberem que os seus cochichos tinham sido gravados. Todos, não: Passos Coelho disse que não tinha "informações específicas" sobre escutas dos EUA a portugueses! Olha, talvez tenha sido uma retaliação americana: também eles não ouviam nenhuma "informação específica" quando espiavam os portugueses. Fartos de tantos "eh pá, sei lá!", "vamos a ver..." e "seja o que Deus quiser", desligaram-nos as escutas. Ninguém espia Portugal pela mesma razão de que ninguém corre atrás do comboio já apanhado. Os únicos segredos que temos são os de justiça. Mas mesmo estes não necessitam de aparelhagem sofisticada para os apanhar. Basta ir aos quiosques. Portugal, que já era o único país do mundo onde se passam horas no restaurante a pedir a conta, tem, para ser tomado a sério, de ir manifestar-se para a embaixada americana, acenando com os telemóveis.

Ferreira Fernandes in Diário de Notícias 26/10/2013


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Arte em grande escala

  
Esta obra de arte situa-se em Belfast, Irlanda do Norte e foi realizada pelo cubano Jorge Rodríguez-Gerada.
Ocupa uma área superior a 4 hectares e é composta por 2 mil toneladas de areia, outras tantas de terra e cerca de 30 mil estacas de madeira.
Inserida no 2013 Ulster Bank Belfast Festival at Queen’s que teve início no passado dia 17, esta obra tem o título de "Wish" (Desejo) e retrata uma rapariga de Belfast, com 6 anos de idade, mas cuja identidade não foi revelada.
A obra permanecerá visível até dezembro de 2013.

  
Foto: Cathal McNaughton / Reuters
 

Eclipse Solar em Beja

  
No próximo dia 3 de novembro haverá eclipse parcial do sol.
Eclipse parcial do Sol é um fenómeno astronómico, em que somente uma parte do Sol é ocultada pelo disco lunar. Isto sucede quando a Lua, em fase de Lua Nova, passa nos nodos da sua órbita (interceção com o plano da eclíptica) ou na sua proximidade.
Será total nalgumas partes de África, nas longitudes de S. Tomé e Príncipe e do Golfo da Guiné, por exemplo.
Na Península Ibérica assim como em Angola ou Moçambique será um eclipse parcial.
Em Beja terá início às 11h 38m 23,5s, a maior fase registar-se-á às 12h 26m 26,7s e terminará às 13h 14m 58,2s.
Em Beja terá uma magnitude muito pequena (0,148), uma obscuridade de 6,7% e uma duração de 1h 36m e 34,8s.
Mesmo com estes valores baixos, e se as condições meteorológicas o permitirem, não deixe de usar óculos de proteção se pretender olhar o eclipse.
O próximo eclipse solar visível na nossa região será em 20 de março de 2015. Será também parcial, mas com uma cobertura solar mais extensa que o de 3 de novembro.
Fontes: Time & Date / Observatório Astronómico de Lisboa
Imagens: Time & Date

 







 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Purificação

  
São várias as formas de nos purificarmos, a melhor, obviamente, é não pecar.
O arrependimento através da confissão é uma delas. O batismo é também um ato de purificação.
Na passada segunda-feira um peregrino ortodoxo russo purificava-se nas águas do rio Jordão em Qasr el Yahud, na Cisjordânia.
Muitos peregrinos ortodoxos visitam este local por acreditarem que Jesus Cristo foi aqui batizado.

  
Foto: Abir Sultan / European Pressphoto Agency
 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Para meditar

  
"Não esperes de mim um estilo ataviado e polido. Empregá-lo-ia se quisesse mas a verdade escapa-se quando estamos a escolher muito as palavras e usamos de rodeios: isso é nem mais nem menos que enganar. Se é isso que desejas, recorre a Cícero, pois é esse o seu ofício. O que eu disser será bastante belo, se bastante verdadeiro. As belas frases convêm aos retóricos, aos poetas, aos áulicos, aos namorados, às cortesãs, aos proxenetas, aos aduladores, aos parasitas e semelhantes, para os quais o falar bem é um fim.
Oxalá que tudo aquilo que eu atentamente elaboro, depois de elaborado tu o recebas com o mesmo espírito e precaução, e o julgues com são critério: e que tudo aquilo que parecer falso, tu o destruas com razões sólidas, e não, como fazem os invejosos e alguns ignorantes, com injúrias ineptas e que nada invalidam; aquilo, porém, que parecer justo, oxalá que tu o aproves e confirmes".

Excerto do livro "Quod nihil scitur" (Que nada se sabe) de Francisco Sanches, médico português nascido em Braga no ano de 1550.
Francisco Sanches foi professor de medicina na Universidade de Toulouse, França, cidade onde morreu em 1623.
 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Um solene disparate

  
Imagem: Óleo sobre tela de Diego Velázquez
“O proselitismo é um solene disparate” - afirmou o Papa Francisco numa recente entrevista a um dos maiores jornais italianos, o “La Repubblica”. E acrescentava o Santo Padre: “A nossa missão não é proselitismo, é amor. Amor pelo próximo”.
O proselitismo é a tentativa de, à força, alguém convencer outro a abraçar as suas ideias, a fazer parte do seu grupo, a assumir as mesmas atitudes. Vemo-lo no plano religioso, mas igualmente no ideológico e mesmo naquele dos comportamentos.
Já em 2007, em Aparecida, na sua visita ao Brasil, o Santo Padre Bento XVI tinha dito o mesmo: "a missão de Cristo realizou-se no amor (...). A Igreja não faz proselitismo". E acrescentou: "A Igreja cresce muito mais por 'atração': como Cristo 'atrai todos a si' com a força do seu amor, que culminou no sacrifício da cruz, assim a Igreja cumpre a sua missão na medida em que, associada a Cristo, cumpre a sua obra conformando-se em espírito e concretamente com a caridade do seu Senhor".
Muitas vezes é nesta diferença entre “proselitismo” e “amor pelo próximo” que nos deixamos confundir. Seja porque achamos que não é necessário anunciar Jesus Cristo e evangelizar - e, assim, ficamos de braços cruzados à espera que o cristianismo nasça em alguém de forma espontânea; seja porque (no extremo oposto) queremos, à força, obrigar todos a pensar e a agir como nós.
Mas o proselitismo não acontece apenas no plano religioso. Também no plano ideológico e moral. E com muito mais frequência que aquela que julgamos: o caso do “culturalmente correcto”, que nos obriga a pensar e a agir como dita a “moda”, e como “a tribo” dos meios de comunicação social entende, por muito disfarçado que esteja de “rebeldia”, continua a ser proselitismo, ou seja: “um solene disparate”.

D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa in Voz da Verdade
 

domingo, 20 de outubro de 2013

O dilema

  
Se calhar é apenas meu. 
A maioria dos portugueses deseja e exige a demissão do governo de Passos Coelho (e com razão, digo eu).
Se o governo cair e após eleições, julgo que não será surpresa para ninguém que o Partido Socialista será o vencedor.
E aqui surge o dilema, o meu dilema.
António José Seguro é um fraquíssimo líder político. É talvez o pior secretário-geral que o PS teve na sua história.
Se António J. Seguro for eleito primeiro-ministro duvido que faça igual a Passos Coelho, fará pior, seguramente.
Fará com que passado algum tempo tenhamos saudades de Passos Coelho, por mais aberrante que possa parecer esta imagem.
Oxalá me engane!
Tal como canta Ney Matogrosso na sua canção «Homem Com H»: "Se correr o bicho pega / Se ficar o bicho come".

  
Imagem de Joana Lopes
 

Câmara de Beja no OLX

  
Diz o Público de ontem que Jorge Pulido Valente e seu braço direito na EMAS, Rui Marreiros, «adquiriram» equipamento informático ao preço da uva mijona.
O equipamento, comprado pelo município com dinheiro público, foi entregue a estes senhores por um valor simbólico.
Dizem eles que foi tudo legal, que os equipamentos em causa tinham um valor patrimonial nulo. Vá lá, ficaram-se por material informático, olha se eles pendem para viaturas e imóveis!


Foto: Miguel Manso in Público
 

sábado, 19 de outubro de 2013

Salvada em Festa!

  
É já no próximo fim de semana que se realiza o XIII Fim de Semana da Juventude na Salvada.
Mesmo para mim, que há anos navego na 3ª idade, é sempre bom e saudável assistir a estes eventos.
Infelizmente não vou poder estar presente por me encontrar, neste momento, fora de Portugal.
  

 

 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Meio milhão de mortos

  
Quase meio milhão de pessoas morreram no Iraque desde a invasão dos EUA em 2003, revela um estudo realizado por universidades dos Estados Unidos, Canadá e Iraque.
O mundo está (ou ficou) mais seguro após 2003?
Os iraquianos vivem melhor?
Quem lucrou (ou está a lucrar) com este terror sem fim à vista?
A resposta parece-me demasiado óbvia...


foto: Ahmad Al-Rubaye / AFP
  

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A Casa Assombrada

  
A revista New Yorker desta semana traz para capa o grave problema político que avassala os Estados Unidos, o braço de ferro no Capitólio entre republicanos e democratas.
Os organismos públicos encontram-se a meio gás. A insatisfação na população aumenta a cada dia que passa.
Mark Ulriksen, autor da capa da New Yorker, diz "Sinto-me frustrado com a incapacidade do Capitólio em fazer o seu trabalho", e adianta "Há teias de aranha a crescer no Capitólio (...) o único sinal de vida naquela casa é o gato preto (que se vê no desenho). Se não fosse tão trágico seria para rir".

  

 

sábado, 12 de outubro de 2013

Vai um gelado de baunilha?

  
O aroma a baunilha vem da baunilha, certo? Errado.
A substância química que os castores usam para marcar território tem um aroma semelhante, que o leva a ser usado em perfumes e como aditivo alimentar. Agora, já sabe o que pode haver no seu gelado...
É um dos aromas mais apreciados e está presente em vários produtos, sobretudo alimentares e de perfumaria. Mas nem sempre o "aroma natural" a baunilha vêm mesmo da baunilha. É que a secreção a que os castores usam para marcar território - o "castóreo" - tem um aroma muito semelhante, pelo que tem sido usado por fabricantes de perfumes e em alguns produtos alimentares.
O castóreo é segregado por duas glândulas situadas entre os órgãos genitais e o ânus. O aroma a baunilha resulta da dieta à base de folhas e cascas de árvore.À National Geographic, a ecologista  Joanne Crawford descreve o processo: "Pode-se mugir as glândulas anais para se extrair o fluído" ou "pode-se espremer o castóreo. É bastante nojento."
Segundo um estudo no Jornal Internacional de Toxicologia, o castóreo é usado há, pelo menos 80 anos.
A entidade que regula o mercado alimentar nos EUA, a Food and Drug Administration, considera a substância "segura", o que, em muitos casos, permite que os fabricantes não se refiram diretamente ao castóreo na lista de ingredientes, substituindo a referência por "aroma natural".
Fonte: revista Visão
 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Paciência de chinês

  
Ontem à tarde um jovem, montado numa scooter, acende tranquilamente o seu cigarro numa estrada inundada na cidade de Tongxiang, China.
A esta tranquilidade desconcertante também poderemos chamar «Paciência de chinês»?

  
Foto: European Pressphoto Agency
 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Fátima no Vaticano

  
A pedido do Santo Padre Francisco, a Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima que é venerada na Capelinha das Aparições, estará em Roma no próximo fim de semana.
A Imagem de Nossa Senhora partirá de Fátima na manhã do próximo sábado 12 e regressará a Portugal na tarde do dia seguinte. Na sua ausência será colocada na Capelinha das Aparições a primeira Imagem da Virgem Peregrina de Fátima, entronizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário desde 8 de dezembro de 2003.
No dia 13 de outubro, na Praça de São Pedro e junto da Imagem de Nossa Senhora, o Papa Francisco fará a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria.
Este evento pontifício insere-se no calendário de celebração do Ano da Fé e congregará em Roma centenas de movimentos e instituições ligadas à devoção mariana.
  
 

domingo, 6 de outubro de 2013

Meditação dominical

  
As leituras deste domingo desafiam-nos a assumirmos a fundo a nossa identidade cristã. Temos de alimentar a nossa fé em gestos e palavras que fazem de nós construtores do Reino de Deus.
O profeta Habacuc dá voz ao povo de Israel desanimado diante da iminência da deportação para a Babilónia. Os seus governantes calam diante das injustiças e das desigualdades sociais, da pobreza que cresce rapidamente, da ausência de paz e de prosperidade. Por isso, Habacuc grita a Deus em desespero: «Até quando, Senhor, chamarei por Vós e não Me ouvis? Até quando clamarei contra a violência e não me enviais a salvação? Diante de mim está a opressão e a violência, levantam-se contendas e reina a discórdia». Esta descrição do reino de Judá, do século VI a.C., parece descrever o nosso tempo, na crise económica que nos afecta e nos deixa desarmados face ao futuro. Diante do desemprego, das condições precárias de vida, de tantas famílias que dificilmente conseguem alimentar os filhos, parece que Deus permanece calado. Como o profeta, elevemos a Deus as nossas orações de súplica e entreguemos-Lhe o que nos preocupa. Mas devemos fazê-lo de coração purificado, na liberdade interior de nos pormos a caminho com o que temos. O tempo de Deus nem sempre é igual ao nosso e muitas vezes a fé é construir sem ver o resultado imediato. Como responde o Senhor ao profeta, «se parece demorar, deves esperá-la, porque ela há-de vir e não tardará. (...) O justo viverá pela sua fidelidade».
Nesta lógica, há que dizer como os Apóstolos no Evangelho de S. Lucas: «Senhor, aumenta a nossa fé». A fé não é uma convicção que cresce e matura com a simples razão, é antes a resposta a um acontecimento, o encontro pessoal com Jesus Cristo. Na adesão ao projecto de Jesus, há que viver como Ele viveu, em humildade e serviço, atento aos mais fracos e aos mais necessitados, na lógica do dar sem esperar receber.
Diante das adversidades, experimentamos como a fé pode ser uma experiência dramática que nos obriga a medir continuamente os nossos limites. Mas há que seguir adiante sem medo, olhando para a frente com confiança. A este respeito, S. Paulo diz a Timóteo para reanimar o dom de Deus que dá um «espírito de fortaleza, de caridade e moderação». O cristão deve encontrar dentro de si a força para vencer as dificuldades, em gestos de amor que ajudam a trazer esperança a quem vive desilusões e derrotas, discernindo com equilíbrio o caminho a seguir para se ser mais autêntico na relação com Deus. Por isso, continua o Apóstolo: «Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós». Fortalecer-se na fé requer conservar a doutrina verdadeira, aquela que foi transmitida pelos Apóstolos e que o Magistério da Igreja nos apresenta, conhecendo-a, estudando-a e esclarecendo as dúvidas. Então, estamos cada vez mais parecidos com Jesus.
  

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Intenção do mês de OUTUBRO

  
Para que aqueles que estão desesperados a ponto de desejar o fim da própria vida, sintam a proximidade amorosa de Deus.
A Intenção Geral deste mês chama a nossa atenção para um terrível problema, que não é de agora, mas que se tem vindo a agravar um pouco por toda a parte, e até de um modo muito grave em várias regiões: o suicídio.
Para isto têm contribuído, para além dos problemas infelizmente endémicos, como sejam a fome, as perseguições, os desentendimentos de grupos de carácter vário, outros que vieram juntar-se, na actual conjuntura mundial; por exemplo, o dos deslocados e refugiados, que acabam por conduzir as pessoas a situações de tal desespero que a única porta que se lhes apresenta para sair delas é atentar contra a própria vida.
Para além das condições mínimas de vida que tanta gente experimenta, sobretudo nos países mais pobres, acentua-se cada vez mais a carência de valores morais que impede as pessoas de verem um sentido para a vida, uma meta para a sua existência.
No caso daqueles que acreditam em Deus, também pode estar a falsa imagem que têm d'Ele, falsa imagem essa que os leva à persuasão de que Deus não os ama, que Ele os abandonou à sua sorte, e que se está presente é para os atormentar e castigar. Uma fé pouco profunda pode de facto levar a esta conclusão, completamente contrária àquilo que a fé nos ensina, de que é precisamente nos momentos mais difíceis que Deus está mais perto de nós, embora não o sintamos.
Como ajudar estas pessoas? Àqueles que não têm fé, a melhor maneira será mostrar-lhes o amor de Deus, por meio da nossa proximidade e amizade, pela atenção que lhes dispensamos, sem necessidade de pronunciar a palavra Deus, o que até pode ser contraproducente.
Para aqueles que acreditam, ainda que a sua fé nesses momentos esteja um pouco abalada, terá sentido falar-lhes do amor de Deus e recordar-lhes as palavras de Cristo: «Vinde a Mim todos os que vos sentis cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28).
Oremos este mês, juntamente com o Papa, por aqueles que estão em situações difíceis para que encontrem a luz que só Deus pode dar.