terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Post do Mês de AGOSTO

 
Em Portugal conduz-se acima dos limites permitidos na Lei.
Não é um dever, é uma obrigação!
E quem o não fizer sujeita-se a todo o tipo de impropérios por parte dos outros condutores, por lhes dificultar a vida.
O excesso de velocidade, o desrespeito pelas regras e regulamentos mais básicos da condução automóvel é praticado com toda a leviandade não apenas nas estradas mas também, e principalmente, dentro das localidades. Exemplo disso são, uso e abuso de telemóvel enquanto se conduz, desrespeito pelo sinal vermelho (já nem falo no laranja, que para 99% dos condutores é igual ao verde), desrespeito pela distância segura em relação à viatura da frente, desrespeito pela passadeira de peões, etc.
A impunidade com que isto se faz só tem paralelo num país de terceiro mundo.
Recordo-me de há uns anos perguntar a um alto responsável do MAI, colega de circunstância num seminário, porque se circula impunemente em excesso de velocidade dentro das localidades. E ele, muito tranquilamente, respondeu-me: “Você já viu o que era esta cidade (Lisboa, no caso) se andasse tudo a 30 ou 40 km/h? Era como se o mundo parasse.” Preferi, por uma questão de educação, não lhe responder ...
O post que elegemos como Post do Mês de Agosto retrata, com algum humor, um pouco isso.


Em Roma sê romano?
Na autoestrada, iam todos em indesmentível excesso de velocidade. E eu com eles.
De repente, o primeiro da coluna travou, todos travámos, mas já foi tarde para os dois da frente.
Polícia!
Fez-se uma cena muito cómica: seguíamos todos com cara de anjinhos a 100 km/h, atrás do carro da brigada, e ninguém ousava os 120 permitidos. Nem pensar em ultrapassar a Polícia, dar nas vistas. Eia, cidadãos livres! Eia, adultos!
Os dois bodes expiatórios saíram da estrada. Senti pena, quase remorsos - pagariam eles a multa que todos merecíamos.
Ainda os outros avançavam lentamente para o castigo exemplar, já o pessoal à minha frente - vrrrrruuuuuuummmmmmmm - ia outra vez a duzentos. Ou assim.
Eia, valentes!

Publicado por Helena Araújo às 15:51 de 22/08/2010


Por coincidência este post foi publicado 24 horas e 9 minutos antes de um dos acidentes de viação mais grave que se registou em Portugal.

  

domingo, 29 de agosto de 2010

Liturgia das Horas – IV

   
A Liturgia das Horas, tal como as demais acções litúrgicas, não é acção privada, mas pertence a todo o corpo da Igreja. Manifesta-o e afecta-o.
O carácter eclesial da celebração aparece-nos com toda a sua clareza – e, por isso mesmo, é sumamente recomendável – quando realizada, com a presença do próprio Bispo rodeado dos seus presbíteros e restantes ministros, por uma Igreja particular, «na qual está presente e operante a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica».
Esta celebração, quando levada a efeito, mesmo sem a presença do Bispo, por um cabido de cónegos ou por outros presbíteros, far-se-á sempre atendendo à verdade das Horas e, tanto quanto possível, com a participação do povo. O mesmo se diga dos cabidos das colegiadas.
As outras assembleias de fiéis, entre as quais há que destacar as paróquias como células da diocese, localmente constituídas sob a presidência dum pastor como substituto do Bispo, e que «dalgum modo representam a Igreja visível estabelecida por toda a terra», celebrem as Horas principais, quanto possível, na igreja e em forma comunitária.
Sempre que os fiéis são convocados e se reúnem para celebrar a Liturgia das Horas, pela união das vozes e dos corações manifestam a Igreja que celebra o mistério de Cristo.
 

Amar!

 
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca

  

sábado, 28 de agosto de 2010

Regresso a Casa

  
Em condições psicológicas normais numa guerra o momento de regresso a casa – são e salvo – não sai da cabeça de nenhum militar.
Fort Carson, Colorado, USA - 23/08/2010
Em condições psicológicas normais, porquê?
Porque, infelizmente, há quem se deixe ir abaixo psicologicamente. A pressão é de tal forma violenta que não se ir psicologicamente abaixo é, já em si, um acto de heroísmo.
Há quem se auto-mutile ou se coloque em posição para ser ferido com alguma gravidade para poder voltar para casa. Por vezes, muitas, o risco foi longe de mais e regressam em caixão. Isto não é filme. É realidade.
É uma realidade demasiado dura, violenta e agressiva que nos marca para o resto da vida. Vivi-a por dentro em 1991 na guerra do golfo.
Já não há guerras convencionais.
Base Lewis-McChord em Washington, USA - 25/08/2010
Quando um militar é colocado numa linha de combate recebe apenas uma ordem: dispara sobre tudo o que mexe. E ele dispara. Ataca. É atacado. Ataca ou contra-ataca de novo. Passadas semanas numa linha da frente com combates a quase todas as horas, de dia e de noite, perde-se a noção do que se está a fazer. E pior do que isso: o porquê? Daí ao desequilibro psicológico e emocional é um passo. Um pequeno passo.
Quantas vezes o regresso a casa, mesmo são e salvo, não são uma tortura. Eterna.
  

domingo, 22 de agosto de 2010

Liturgia das Horas – III

  
A Liturgia das Horas alarga aos diferentes momentos do dia o louvor e acção de graças, a memória dos mistérios da salvação, as súplicas, o antegozo da glória celeste, contidos no mistério eucarístico, «centro e vértice de toda a vida da comunidade cristã».

A própria celebração eucarística tem na Liturgia das Horas a sua melhor preparação, porque esta suscita e nutre da melhor maneira as disposições necessárias para uma frutuosa celebração da Eucaristia, que são a fé, a esperança, a caridade, a devoção e o espírito de sacrifício.

«A obra da redenção e da perfeita glorificação de Deus» realiza-a Cristo no Espírito Santo por meio da Igreja.

E isto, não somente na celebração da Eucaristia e na administração dos Sacramentos, mas também, e dum modo primacial, na Liturgia das Horas.

Nela está Cristo presente, quando a assembleia está reunida, quando é proclamada a palavra de Deus, quando «ora e salmodia a Igreja».

Fiquem com Deus
 

Fora de Cena

 
"Fora de cena quem não é de cena".
 
Frase célebre no Teatro Trágico dos Parodiantes de Lisboa no extinto Rádio Clube Português.
 
Frase que, em homenagem a uma equipa de humoristas de excelente nível, quero aplicar à foto do lado registada na passada 5ª feira em Falces (Navarra), Espanha.
 

sábado, 21 de agosto de 2010

O Convite

  
Ninguém nos pediu.

Nem era preciso.

Os nossos vizinhos salvadenses estão em festa.

Daqui convidamos todos a irem visitar Salvada durante esta Semana Cultural.

Quintos, como sempre, estará presente!

É uma semana atípica numa freguesia rural do concelho de Beja.

É bom saber que mesmo no interior do alentejo ainda há quem se preocupe com cultura.

Não é fácil, mas já lá vão VINTE E TRÊS pedradas no charco.

Que não se acabem as pedras na Salvada, são os nossos votos.
 

Ramadão

  
Militares palestinos orando numa rua
 de Nablus, Cisjordânia (16/08/2010)
Contrariamente ao que muitos portugueses pensam, Ramadão não significa abstinência.

Ramadão é renovar a Fé, praticar com maior intensidade a caridade, a fraternidade, frequentar com maior assiduidade a mesquita, ler ainda mais o Alcorão e orar.

Ramadão é o nome do nono mês do calendário islâmico, que é um calendário lunar, pelo que o Ramadão tem início e fim em períodos diferentes do nosso calendário.

Jovem palestina reza numa Mesquita
em Jenin, Cisjordânia (20/08/2010)
No mês de Ramadão o jejum é obrigatório para todos os muçulmanos. Estão excluídos deste jejum todos os jovens até à puberdade, doentes e idosos. Esta exclusão é ainda extensível à mulher grávida, lactante e durante o período menstrual.

O período do jejum é entre o nascer e o pôr-do-sol.

O jejum no Ramadão não é nenhuma penitência, mas sim um acto de purificação, de entrega e de doutrina.

Deve-se, neste mês, ser ainda melhor que nos restantes.
  
Entre orações. Katmandu,
Nepal (20/08/2010)

domingo, 15 de agosto de 2010

BIG BEN, O Sino

Manutenção do relógio 12/08/2010
  
Contrariamente ao que muitos pensam, onde eu me incluía, o Big Ben não é o relógio mas sim o pseudónimo (nickname) do sino do relógio que se situa na torre do Palácio Westminster.

O nome do relógio é … relógio! Também conhecido como relógio da torre e, por analogia por big ben (in Oxford Dictionary of Current English).
  

sábado, 14 de agosto de 2010

Portugal Já Está A Arder?

 
Já. Infelizmente.
Soajo, 13/08/2010
Todos os anos, uns mais outros menos, por altura do verão o país vira um inferno com os fogos.
E o pior, pelo menos em vox populi, é que a esmagadora maioria são de origem criminosa. Não tenho dados – nem sei se os há – para poder afirmar que a maioria dos fogos têm origem criminosa. Mas não tenho dúvidas que a maioria são provocados pelo homem. Por descuido, por negligência, por falta de cuidado e de civismo. Por interesses claros ou obscuros também os há. Mas que eu saiba nenhum interessado no fogo foi preso. O fogo na floresta está com contornos semelhantes à droga. O traficante se se descuidar vai preso; o barão da droga, jamais!

Todos nós temos a solução para o caso. Aliás, para todos os casos. Para este em concreto a solução não passa, seguramente, pela nacionalização de terrenos abandonados ou de florestas por limpar. O Estado, como afirmou Paulo Portas, é nesta matéria o maior incumpridor.

O Estado deveria ser o primeiro a dar o exemplo, limpando e desbravando as suas matas e florestas. Em seguida obrigar, sim obrigar! todos os proprietários de terrenos com árvores a mantê-los limpos assim como as suas vias de acesso. Por favor não venham com a desculpa absurda que não têm dinheiro para esse fim. Em terceiro lugar educar e ensinar a viver em sociedade, coisa que não se faz na escola em Portugal.
  

Liturgia das Horas – II

 
Cristo disse: «É preciso orar sempre, sem desfalecimento». E a Igreja, seguindo fielmente esta recomendação, não cessa nunca de orar, ao mesmo tempo que nos exorta com estas palavras: «Por Ele (Jesus), ofereçamos continuamente a Deus o sacrifício de louvor». Este preceito é cumprido, não apenas com a celebração da Eucaristia, mas também por outras formas, de modo particular com a Liturgia das Horas. Entre as demais acções litúrgicas, esta, segundo a antiga tradição cristã, tem como característica peculiar a de consagrar todo o ciclo do dia e da noite.

Ora, uma vez que o fim da Liturgia das Horas é a santificação do dia e de toda a actividade humana, a sua estrutura teve que ser reformada, no sentido de repor cada uma das Horas, tanto quanto possível, no seu tempo verdadeiro, tendo em conta o condicionalismo da vida moderna.

Por isso, «já para santificar realmente o dia, já para rezar as próprias Horas com fruto espiritual, importa recitá-las no momento próprio, quer dizer, naquele que mais se aproxime do tempo verdadeiro correspondente a cada Hora canónica».


Fiquem com Deus
 

domingo, 8 de agosto de 2010

Uma Ponte Longe Demais

 
Não, não é a ponte sobre a ribeira de Quintos que o senhor presidente da Junta está a construir em Quintos.


Esta fica em Lahore, Paquistão.

Este trânsito 'animalesco' foi registado na passada 2º feira, 02 de Agosto.
 
 

sábado, 7 de agosto de 2010

Voto

  
Secção de voto em Naivasha, Quénia – 04/08/2010
Um Direito.
Um Dever.
Uma Conquista.
Infelizmente ainda não é um direito em todo o lado.
E mesmo onde esse direito está consagrado na Lei, este gesto – o colocar o boletim na urna – não passa de uma farsa. Felizmente são cada vez menos. Mas a Democracia ainda não chegou a todo o lado.
Confesso que não sei se algum dia chegará a todo o lado.


Teste de equipamento electrónico de voto para as
primárias na Florida, USA, 04/08/2010
Aqui ao lado duas imagens com o mesmo fim mas com “tecnologias” diferentes. Mas têm, desde que respeitados, o mesmo valor. Um valor enorme!

Os meus votos, para si leitor, são que tenha um óptimo dia!
 

Liturgia das Horas - I

 
Aquilo que Jesus fez, isso mesmo ordenou que nós fizéssemos. «Orai» — diz repetidas vezes — «rogai», «pedi», «em Meu nome». E até nos deixou, na oração dominical, um modelo de oração. Inculca a necessidade da oração, oração humilde, vigilante, perseverante e cheia de confiança na bondade do Pai, feita com pureza de intenção, consentânea com a natureza de Deus.
Os Apóstolos, por sua vez, apresentam-nos com frequência, em suas Epístolas, fórmulas de oração, mormente de louvor e acção de graças, e exortam-nos a orar no Espírito Santo, pela mediação de Cristo, ao Pai, com perseverança e assiduidade; sublinham a eficácia da oração para alcançar a santidade; exortam à oração de louvor, de acção de graças, de súplica, de intercessão por todos os homens.
Vindo o homem inteiramente de Deus, é seu dever reconhecer e confessar a soberania do seu Criador. Assim o fizeram, através da oração, os homens piedosos de todos os tempos.
Mas a oração dirigida a Deus tem de estar ligada a Cristo, Senhor de todos os homens, único Mediador, o único por quem temos acesso a Deus. Ele une a Si toda a comunidade dos homens, e de tal forma que entre a oração de Cristo e a de toda a humanidade existe uma estreita relação.
Em Cristo, e só n’Ele, é que a religião humana adquire valor salvífico e atinge o seu fim.

Fiquem com Deus.
 

domingo, 1 de agosto de 2010

O Melhor Post de JULHO

 
Há doenças do caneco.
Ser hipocondríaco é terrível. Conheço algumas pessoas com essa doença e é de um sofrimento enorme.
Já o contrário de hipocondríaco não conheço. Também não sou médica.
Mas deve ser do estilo 'viver nas nuvens' ou 'pedrado'.
É esse o tema do post que elegemos como o melhor do mês de Julho. Escrito por Rui Herbon no blogue Jugular é uma ode ao humor.

Dias Estranhos

Levava duas semanas sem que me doesse nada (pese não estar morto), pelo que fui ao meu médico, que me auscultou, mediu a tensão e me viu a garganta sem observar, efectivamente, nada de anormal.
– Não podes dar-me um xarope ou algo para que me doa um pouco o estômago? – perguntei.
– É melhor tomares produtos naturais – disse. – De manhã, polvilha o café com pimenta e deita-lhe um pouco de vinagre.
Longe de piorar, as minhas digestões melhoraram barbaramente com aquela receita. Os meus dias converteram-se num estranho deserto de bem-estar. Saía da cama com um entusiasmo absurdo, trabalhava todo o dia sem esgotar-me e à noite, antes de dormir, fazia um conjunto de exercícios de aeróbica que havia lido numa revista de fitness. Os meus filhos, que têm alergia ao pó e sofrem de umas nevralgias enlouquecedoras, começaram a olhar-me de lado, como se me estivesse afastando da família, como se tivesse deixado de gostar deles. A minha mulher, cuja úlcera se abre na Primavera como uma melancia, perguntou-me se tinha outra.
– Outra quê? – inquiri por minha vez desconcertado.
– Outra mulher, idiota. De que achas que falamos?
– Sabes que não.
– Então, por que estás tão bem?
– Juro-te que não faço ideia. Eu sou o primeiro a não conseguir explicá-lo.
Resumindo: voltei a fumar e tomar bebidas alcoólicas de pelos menos quarenta graus. Mas nem assim. Estava transbordante e subia as escadas, apesar do tabaco, como um atleta. Como se fosse pouco, também já não tinha ataques de angústia. Tinha perdido misteriosamente o medo de andar de elevador, de avião, e dos lugares fechados em geral. Comuniquei-o à minha psicanalista:
– Já não me angustio com nada nem discuto com ninguém nem penso que me perseguem.
– Está seguro de que não o perseguem? – insistiu ela.
– Completamente. Além disso não vejo sentido em que venha alguém atrás de mim, não sou um tipo interessante.
– E não lhe angustia o facto de não ser interessante?
– Absolutamente. Agora parece-me tranquilizador, dá-me mais liberdade, relaxa-me.
– Pois não sei o que vamos fazer – disse ela.
Então lembrei-me de que Phil K. Dick, o autor de “Do Androids Dream of Electric Sheep?”, que serviu de base para o guião de “Blade Runner”, assegurava que alguém lhe metia no café uns comprimidos que o tornavam paranóico. Phil K. Dick era meio paranóico, por isso ocorriam-lhe ideias geniais.
– Não pode receitar-me uns comprimidos que me tornem paranóico? – perguntei.
– Não existem tais comprimidos – disse ela.
– E um placebo inverso?
– A que chama você placebo inverso?
– A um comprimido inócuo que eu acredite que me faça mal.
– Está louco – disse a minha psicanalista.
– Pelo contrário – repliquei –, nunca estive tão lúcido.
– E não lhe faz mal estar lúcido?
– Mal, mal, o que se chama mal, não, mas tenho dificuldades em comunicar com as pessoas, que estão todas péssimas. Num mundo de doentes, encontrar-se bem tem as suas desvantagens.
– Terminou o nosso tempo – disse ela. – Continuamos na próxima sessão.
Levantei-me do divã e saí. Estava uma tarde maravilhosa, cheia de pólenes que já não me produziam alergia e uma luz como que de quadro de Velázquez que não me fazia mal aos olhos. De facto, não pus os óculos de sol, quando antes até os usava mesmo no cinema, devido à fotofobia. Passeei um bocado, desfrutando do sol e da brisa, e em seguida sentei-me numa esplanada.
– Traga-me um gin tonic em copo baixo e com quadro pedras de gelo muito frias, por favor.
O empregado, que era coxo e estava enfadado, regressou pouco depois com a bebida. Ao primeiro sorvo voei, quase literalmente, de felicidade. Então acendi um cigarro, cujo primeiro fumo me soube a glória. Jamais tinha sentido aquele grau de bem-estar e não via o modo de tirá-lo de cima. Ao chegar a casa, não obstante, pus cara de dor e à noite enfiei uma ração de Ibuprofeno.
– Que tens? – perguntou a minha mulher.
– Não sei, não me sinto bem – menti.
Como ela também não se encontrava bem, tomou outra ração do mesmo. Nessa noite fodemos como loucos.

Escrito por Rui Herbon, in Jugular, 10/074/2010
 

Férias vs Abandono de Animais

 
1 de Agosto.
Início de férias para muitos.
Como sempre tudo já está preparado.
Hotel marcado, passagem aérea reservada, mapa assinalando os locais de interesse a visitar e não esquecendo a reserva de viatura para os passeios. É claro, toda a documentação: passaportes, cartões de vacina, seguros, etc. já também foi analisada e reverificada.
Tudo em ordem, portanto. Não falta nada.
De repente alguém se lembra do animal!
Ninguém tinha pensado nisso. Também com tanta preocupação, não nos podemos de lembrar de tudo …
As crianças num berreiro com medo de perderem o voo por causa de um mero animal.
Resolve-se, à semelhança de anos anteriores, levá-lo para a sua antiga casa, na aldeia.
Só que desta vez o animal está mais doente que em anos anteriores. Mais cansado. Mais triste. E mais velho também.
A aldeia para onde levaram o animal é Quintos.
O animal em causa é progenitor de um que partiu em férias.
01 de Agosto de 2010 DC