domingo, 28 de fevereiro de 2010

O Sino, Boletim Paroquial de Quintos

Já se encontra nas casas de todos os paroquianos de Quintos O Sino de Fevereiro de 2010. Aqui a Boston também já chegou!
O artigo que escolhi para aqui publicar retrata um fenómeno que é transversal a toda a sociedade dita civilizada, quer aí na Europa, quer aqui na América. A falta de amor e carinho com que tratamos o nosso semelhante. Ou melhor, o desprezo com que o tratamos.
Nos dias que correm esse desprezo já não se aplica apenas aos desconhecidos, mas também aos nossos entes mais próximos.
Se fazemos parte da classe média-alta colocamos os nossos velhos num lar sofisticado e com todas as mordomias que o dinheiro pode pagar; aos nossos filhos damos o último grito de tecnologia que há no mercado. Amor, carinho, atenção … não podemos ter tempo para tudo, não é verdade!?
Na classe pobre dá-se mais amor, carinho, atenção … talvez porque nada mais há para dar.

Eis o artigo de O Sino de Fevereiro/2010:

*Encontro*

Ali mesmo no coração da cidade, encontrei um pobre velho – um velho mais velho do que eu.
Estava sentado no chão, encostado à parede de um prédio muito alto. Tinha um chapéu sobre a calçada, de copa para cima.
Passava gente. Muita gente …
De instante a instante, caíam moedas de pouco valor no fundo do chapéu deixadas por alguns transeuntes.
Era um mendigo igual a tantos outros que sofrem em silêncio.
Mas este chorava.
De facto, eu vi as suas lágrimas de tristeza a escorrerem pelas suas rugas fundas do seu rosto magoado.
Parei.
Olhei este pobre velho, e continuei o meu caminho. Dei alguns passos, voltei atrás e deitei uma moeda no chapéu, mas o pobre velho continuava a chorar … a chorar.
Retomei o meu caminho pensando que razões levariam aquele pobre mendigo a chorar tanto.
Terá frio?!
Terá fome?!
Estará doente?!
E as respostas foram chegando, porque quando pensamos que a culpa é dos outros as respostas chegam sempre.
Continuei a andar, mas ele ficou dentro de mim. As suas lágrimas pareciam uma acusação.
Frio? Fome? Doente?
Ele, naturalmente, precisava de amor e eu tinha-lhe dado uma moeda.
Quantas pessoas não existem a nosso lado que, mais do que dinheiro, precisam do nosso amor e do nosso carinho, da nossa atenção e da nossa palavra amiga.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O Melhor Post de Fevereiro

Escolhi este. Poderia ter escolhido outro qualquer deste blogue que a escolha não seria menos digna.
A Sorte Protege os Audazes é um blogue que deve ser lido e seguido. Foi através do blogue da RTP sobre a viagem de circum-navegação do Navio Escola Sagres que tive conhecimento deste “Diário de Bordo” fantástico. Pena é que o NRP Sagres não passe aqui por Vladivostok para o visitar. Se me for possível deslocar-me-ei a Tóquio para o ver.

O título do post indica as coordenadas geográficas pelas 23H50 do 19º dia de navegação.

05º 48’.2S 032º 05.1W, dia 19, 23h50.

Acordei cedo, às 5h00. O dia amanheceu devagar, que não sabe da nossa pressa e ânsia e vontade de chegar. Não sabe que o marinheiro Afonso, a quem todos tratam por Wally pelas notórias parecenças físicas e aros pretos dos óculos, pediu licença para se ir casar a Portugal em Setembro, o que motiva já que, qualquer um, quando quer saber dele, pergunte:
- Onde está o Wally?
O dia também não sabe ainda que o segundo marinheiro Manuel Monteiro tem o dom da música e que com o seu violino alegra as noites dos seus camaradas, que de outra forma seriam mais longas. O dia não sabe ainda que o cabo M. Santos vai ser pai daqui a sete meses. O dia amanheceu devagar. À tarde, avistamos golfinhos. Adivinhando a teimosia do mar que não acaba e a indiferença do dia que corre lento, sem se importar com cada uma das histórias que estes homens carregam, os golfinhos aparecem, sem aviso, de ambos os bordos da Sagres. Exibem-se, o que nos faz correr de um bordo ao outro e outra vez para o primeiro, procurando não perder nada. Não há como o trabalho para ir enganando o tempo, que demora a passar. Lá fora, desde a manhã que se continua a trabalhar para que o navio chegue ao Recife sem mácula. Lá dentro, a azáfama não é menor, em especial para o tenente Pinto Ferreira. O Pinto Ferreira é o oficial formado em administração naval, responsável por toda a logística da Sagres. Não há nada que entre no navio que não passe por ele. É ele o garante que a Sagres tenha uma autonomia de trinta dias consecutivos no mar, sem que nada falte a bordo, do combustível à farinha com que se faz o pão. Só o comandante, o imediato e o Oliveira, “seu escola”, usam a prerrogativa de o tratar por “tulha”. Uma rápida consulta ao dicionário diz-nos que “tulha” significa “celeiro”, “montão de cereais ou frutos secos” ou “casa ou compartimento onde se guardam cereais em grão”, e é esta a razão pela qual desde há muitos anos que a sua função ganhou esse nome, o que o Pinto Ferreira aceita com fleuma. O tulha não pára, é um corrupio de faxes e emails a negociar os preços e as condições de toda a sorte de mantimentos que serão embarcados no Recife. Toda a troca de emails e restante documentação fica imediatamente disponível no WISE - acrónimo de Web Information System Environement e, na prática, uma folha de rosto para todo o arquivo vivo do navio, o Facebook interno da Marinha - para o comandante aprovar. Às 14h00, metade da guarnição assiste à palestra sobre a cidade do Recife. Começa o tenente Eusébio, que dá alguns conselhos sobre segurança – andar em grupo, ter uma pequena quantia de dinheiro separada para dar sem oferecer resistência em caso de assalto,… prossegue o Sousa Luís, com indicações úteis sobre a cidade, o que há para ver e fazer. Juntos não demoram mais de dez minutos. Os restantes vinte são dedicados à Medicina do Viajante. O Bruno começa por referir que, nesta zona do globo, são cinco os grupos de doenças que recorrentemente afectam os turistas. As doenças resultantes da ingestão de alimentos ou águas contaminadas como as hepatites A, D e E ou a febre tifóide, que têm a diarreia como primeiro sintoma.
- Com os alimentos é mais difícil. Com a água, tudo é mais fácil: sempre que possível, bebam água engarrafada e evitem pedir gelo nas bebidas – explica.
Prossegue com as doenças transmitidas por vectores animais, designadamente, artrópodes (carraças, pulgas, mosquitos), que podem provocar malária, dengue ou febre amarela e cujos primeiros sintomas são febres altas e prostração.
- Um simples repelente pode fazer a diferença – continua.
Demora-se uns minutos com as doenças transmitidas por contacto pessoal próximo e por contacto sanguíneo ou sexual. Toda a gente presta atenção. Termina com a doença transmitidas por contacto da água com a pele, a Leptospirose.
- É uma bactéria que pode estar em águas estagnadas, fossas ou rios com um caudal pequeno, que coloniza o rim do rato e que faz com que este contamine tudo à sua volta quando urina – diz sem precisar de levantar a voz e continua, mantendo a audiência presa – É de diagnóstico difícil, confunde-se com tudo e fulmina o rim humano.
Às 14h30, a palestra é repetida à outra metade da guarnição. Depois do lanche, o comandante convida-me a sair no semi-rígido para fotografar a Sagres. Mal nos afastamos do navio, voltamos ao fim de muitos dias a vê-lo inteiro, em toda a sua beleza e imponência. Um postal. O céu está limpo, há apenas algumas nuvens para o compor. Vista daqui, do meio do mar, a Sagres deixa de ser uma sucessão de pequenos compartimentos ligados entre si por onde deambulam 147 almas. São quinze minutos aos solavancos sempre a pressionar o botão da máquina. Antes do jantar, há uma nova faina geral de mastros. É a mais dura de todas as que foram feitas até agora.
- Preciso de saber com o que posso contar dos meus homens – dirá o comandante mais tarde.
No fim da faina, o mestre Meireles está visivelmente contente.
- Foi um bom teste, ainda há aspectos a melhorar, mas foi um bom teste – diz o mestre que comandou todas as manobras com os assobios do seu apito.
Jantar. É a vez de o engenheiro Gaspar se apresentar à câmara dos oficiais. Voltam à farda branca que, nem à força do hábito de a ver, me parece bonita. Passamos a refeição a detalhar com graça todos os seus e nossos azares. Primeiro, a osmose, depois os radares, que continuam inoperacionais. O dia passou indiferente a tudo, sem pressa.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quintos Não Está de Luto

O governo decretou 3 dias de luto nacional pelas vítimas do temporal que assolou a Região Autónoma da Madeira (Decreto nº 1-A/2010 de 22 de Fevereiro).
Diz o nº 1 do Artigo 7º do Decreto-Lei nº 150/87 de 30 de Março que “Quando for determinada a observância de luto nacional, a Bandeira Nacional será colocada a meia haste durante o número de dias que tiver sido fixado.”
Hoje, 24 de Fevereiro, é o último dia de luto nacional, mas a sede da Junta de Freguesia de Quintos que funciona no edifício da Casa do Povo de Quintos continua sem a Bandeira Nacional a meia haste.
Confrontado com esta situação – se não sabia que o governo português tinha decretado 3 dias de luto nacional – o senhor presidente da Junta de Freguesia – António Felizardo – respondeu, laconicamente: “Não sei de nada!”, virando costas à interlocutora foi-se embora.
Diz a interlocutora, que nos pediu anonimato, que o senhor presidente da Junta de Freguesia de Quintos gosta mais de festas.
Esquece o senhor presidente da Junta de Freguesia que Quintos, na noite de 5 de Novembro de 1997, já foi assolada por um temporal que deixou a aldeia isolada do resto do mundo por alguns dias. Nessa noite, só por milagre, o temporal não fez mortes em Quintos.
Como a memória é curta!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Profeta

Quando a desgraça bate à porta nunca entra sozinha. Consigo vem também o profeta. Da desgraça. Olha-nos nos olhos e de indicador direito em riste dispara: Eu avisei! Eu já tinha dito! Era espectável! Etc …
Mentira! Nunca tinham avisado, nunca tinham dito e nem sequer era espectável.
Perante um desgraça, uma tragédia, uma catástrofe, quando a dor e o sofrimento nos toldam a razão ele está sempre lá. De indicador em riste. A acusar. Quem? Não importa. Ele tem que acusar algo ou alguém. E como a dor e o desespero são enormes captam com facilidade a atenção dos desprotegidos. Dos desesperados. Num cenário de catástrofe, de guerra, de dor ele, o profeta, torna-se importante. É o seu momento de glória. Usa e abusa da fragilidade das pessoas em sofrimento.
O que aconteceu no passado sábado na Pérola do Atlântico foi uma calamidade. A quantidade de água que se abateu na Ilha da Madeira no espaço de tempo de algumas horas, causaria o caos e destruição em qualquer parte do mundo com a orografia da Madeira.
Agora é fácil apontar o dedo. Mas os erros – que existiam, tal como existem em todo o lado – não foram feitos na sexta-feira anterior. Estavam lá há muito tempo …
Os apontadores de dedos nestas ocasiões dispensam-se. Precisam-se, isso sim, de braços para ajudar a reconstruir. E corrigir o que estava mal.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O Presidente

Fernando Nobre apresentou a sua candidatura a presidente da república portuguesa.
É, depois de reunidas as condições prescritas na Lei, um direito que tem, à semelhança de qualquer cidadão português.
Tive ocasião, há uns anos, de privar com o dr. Fernando Nobre. É uma pessoa admiradora. Com desapego aos bens materiais sem se tornar ridículo e sempre defendendo o estreitamento do fosso que cada vez mais se cava entre ricos e pobres.
Confesso que fiquei encantado com este homem. Mais encantado fiquei quando descobrimos que temos uma coisa em comum: somos ambos naturais de Angola!
A Assistência Médica Internacional não seria o que é sem Fernando Nobre. É, sem dúvida, o Presidente que qualquer Organização deste género pode ter.
O Doutor Fernando Nobre poderia ser cirurgião. Poderia ser Professor em qualquer Faculdade de Medicina. Poderia ser médico em qualquer parte do mundo. Presidente da república, não.
Não por ter algum defeito que o impeça de exercer esse cargo. Mas por não ter defeitos suficientes para desempenhar funções politicas.
Espero sinceramente que perca a eleição para podermos todos ganhar – ou melhor, não perder – o Homem que ele é.

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Esta semana era a vez de Ana Valéria escrever a sua crónica. Era a única pessoa neste blog, com autorização da administração, a escrever sob pseudónimo. Militar de carreira, queria evitar dissabores. Não conseguiu. Apesar do anonimato e deste blog ser minúsculo em toda a blogosfera, descobriram-na. E obrigaram-na a abandonar o blog.

Desejamos as maiores felicidades a 'Ana Valéria' na sua vida militar e pessoal.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Passagem de Testemunho


Em Portugal existe uma regra política a que chamam “Alternância Democrática”. Cá para os lados onde moro é uma 'moda' que ainda não chegou …
Governar umas vezes à esquerda outras à direita não é seguramente a melhor forma de desenvolvimento de um país. Mas, como se diz e bem, o Povo é soberano.
Quando este governo cair – e ao que tudo indica não demorará muito – será, muito provavelmente, substituído por um governo de direita, PPD/PSD ou uma coligação PPD/PSD e CDS/PP. Há quem jure a pés juntos que Portugal não está a ser governado à esquerda e muito menos por pessoas de esquerda. Opiniões ...
Que este governo está desgastado é por de mais evidente. Este governo não tem meses, mas sim anos de governação. A crise económica que atingiu quase todo o planeta, associada a uma má gestão dos recursos internos e o despoletar do número de desemprego para valores proibitivos, criaram o mal estar geral que se vive em Portugal.
Criar 'factos políticos' com a intenção de desviar a atenção dos portugueses parece que já teve melhores dias …
O PPD/PSD anda em luta interna de liderança e, como tal, não está interessado em que o actual governo caia agora. Julgo que nesta altura a queda do governo não interessará a ninguém a não ser ao próprio. Seria o fim da agonia.
A passagem de testemunho ir-se-á, mais cedo ou mais tarde, realizar. Mas, tal como na corrida de estafetas, o aspecto mais importante na corrida é a entrega e recepção do testemunho, o que exige grande concentração dos atletas.
Nesta altura da corrida, não creio que os 'atletas' estejam concentrados. Muito pelo contrário! E, assim sendo, é provável que o testemunho caia ao chão ...

Os Meninos Traquinas

Publica Joaquim Letria hoje no jornal '24 horas' um texto que li no Sorumbático e não resiti a transcrever.

Os “boys” da J

VAI POR AÍ uma restolhada por causa duns meninos que borraram a pintura ao partido deles, que é o PS, e ao chefe deles que é o Sócrates.
Um é assessor do outro, mas ambos foram formados na J. São suficientemente incompetentes, rotativos e bem pagos para servirem de exemplos da geração J, que ocupa e ajuda a desgovernar o País.
Os meninos não são da Conferência de São Vicente Paulo, mas não fizeram nada que não se fizesse em Portugal. Fizeram-no foi mal.
Nos anos 60, o Prof. Salazar mandou comprar o Diário de Lisboa para o calar. A ordem foi dada e quem tratou disso foi o Banco Nacional Ultramarino que comprou os 30 por cento que o Guilherme Pereira da Rosa quis vender.
Nos anos 80, veio a AD (PPD,CDS,PPM e socialistas dissidentes) e foi um vê se te avias a abarbatar Imprensa, Rádio e Televisão. Tanto, que a Internacional Socialista até abonou o Dr. Mário Soares com fundos, para ele lutar pela liberdade de Imprensa. Depois, Guterres e os seus muchachos foram espertos. Houve quem limpasse quem tinham de limpar, assassínios de carácter, pagamentos nas rádios e TVs.
Tudo muito mais barato que estes “boys” da J que andam de avião a jacto e ganham 2,5 milhões de euros por ano. O Sócrates não pode é largar juniores destes nas primeiras categorias. Mesmo com os “personal trainers” (PTs) de categoria, como estes tinham, o resultado é este!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Sol faz mal à saúde

Transcrevo, com a devida vénia, daqui, um texto publicado ontem que vale por mil imagens.

No fim ... só...

Sócrates não tinha conhecimento formal das diligências da compra da TVI pela PT...
Sócrates não tinha conhecimento formal das diligências da compra...
Sócrates não tinha conhecimento formal das diligências...
Sócrates não tinha conhecimento formal...
Sócrates não tinha conhecimento...
Sócrates não tinha...
Sócrates não...
Sócrates...
Só...

Polvo ... Em Lume Brando

A brincar também se dizem coisas sérias.
O cartoon é uma Arte de dizer, com humor, coisas que mil palavras não diriam.
Não sei porquê, o humor destes dois cartoons não me fazem rir. Deixam-se, isso sim, preocupado. Muito preocupado, apesar de estar a mais de 2000 km de Portugal.
Será que a censura está de volta?
Mesmo que seja de uma forma culta e legalizada por providências cautelares, não deixa de ser censura.
A censura da outra senhora também era legal ...
Estes desenhos/cartoons foram tirados daqui, com os meus agradecimentos.


domingo, 7 de fevereiro de 2010

O Sino, Boletim Paroquial de Quintos

Há menos de uma hora recebi na minha caixa de correio electrónico, digitalizado, O Sino. O nosso Boletim nº 46/2010 (III Série) referente ao mês de Janeiro.
Já lido na totalidade, escolhi para aqui publicar um texto para meditar.


Quando Fores Julgado

  • Deus não te vai perguntar que tipo de carro costumavas guiar, mas vai-te perguntar quantas pessoas que necessitavam de ajuda tu transportaste.
  • Deus não te vai perguntar qual o tamanho e beleza da tua casa, mas vai-te perguntar quantas pessoas ajudaste a ter uma casa para se alojar.
  • Deus não te vai fazer perguntas sobre as roupas do teu armário, mas vai-te perguntar quantas pessoas ajudaste a ter com que vestir.
  • Deus não te vai perguntar o montante dos teus bens materiais, mas vai-te perguntar como os usaste.
  • Deus não te vai perguntar quanto dinheiro te veio parar às mãos, mas vai-te perguntar se tu comprometeste a tua honra para obtê-lo.
  • Deus não te vai perguntar quantas promoções recebeste, mas vai-te perguntar de que forma tu ajudaste a promover os outros.
  • Deus não te vai perguntar quantos amigos tinhas, mas vai-te perguntar para quantas pessoas foste amigo.
  • Deus não te vai perguntar o que fizeste para proteger os teus direitos, mas vai-te perguntar o que fizeste para garantir o direito dos outros.
  • Deus não te vai perguntar se as pessoas gostavam de ti, mas vai-te perguntar se gostavas delas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Mercenário Tomé

Não vou comentar a demência de um homem que já foi oficial do exército português.
Confundir as Forças Armadas Portuguesas com um grupelho de legionários é uma vergonha. Não para esse antigo militar, mas para todos nós que temos não só Orgulho, como Honra de Servir Portugal!
São pessoas destas que envergonham a nossa Classe.
Passo a transcrever o post publicado no blogue Posts de Pescada com o título:

Quem vai à guerra

O ex-major Mário Tomé classifica os “nossos rapazes” que vão para o Afeganistão de “mercenários”. «Vão ganhar mais dinheiro por irem para o Afeganistão. Oferecem-se. No outro dia vi um sargento que era a quinta vez que ia para uma missão», disse o major, assegurando não ter dúvidas em qualificar este tipo de participações: «São mercenárias. Até porque não têm nada a ver com os nossos interesses, de Portugal e dos portugueses».
O ex-major Tomé foi soldado profissional, e recebeu o seu soldo por isso. Viveu disso. Foi disso que se alimentou e à sua família. Nessa qualidade, foi para a guerra. Talvez não se tenha oferecido; mas também não disse que não. Era uma guerra injusta, como o ex-major Tomé se fartou de declarar depois. Não obstante, lutou nela. E muito bem, até porque o ex-major Tomé era um excelente soldado. E, enquanto lá esteve, recebeu mais dinheiro, porque quem lá estava recebia subvenções de campanha. Provavelmente, o ex-major Tomé mudou de opinião e renega este seu passado. Toda a gente pode mudar de opinião. Mas há que ter algum pudor neste processo.
Os soldados que vão para o Afeganistão são profissionais. E é justo que qualquer profissional – incluindo os soldados – sejam remunerados conforme o trabalho que façam, e recebam incentivos para efectuar tarefas mais exigentes. Bancários, médicos, professores, advogados, procuram trabalhos e lugares mais bem remunerados, e toda a gente acha legítimo. Porque não também os soldados, dentro dos limites éticos da profissão?
Chamar-lhes mercenários é injusto e desonesto. Um mercenário é aquele que se coloca ao serviço de qualquer senhor, desde que este lhe pague mais. Que o ex-major Tomé critique o país e os seus dirigentes, por alinharem numa guerra duvidosa, é outra conversa. Mas os nossos soldados colocaram-se ao serviço do país, como ele, ex-major Tomé, fez um dia. Não estão no mercado, à disposição de um qualquer condottiere. Recebem dinheiro por isso? Ainda bem. Era muito pior que fossem para lá de graça, e à força – como acontecia a muitos dos homens que o ex-major Tomé comandou no passado.