terça-feira, 31 de maio de 2011

O post do mês de MAIO

 
Para este mês escolhemos um retrato de África.
Ainda não tive o prazer de visitar Moçambique, mas o post deste mês faz um retrato, com algum humor, deste jovem país.
Conheci este blogue ontem, mas já o adicionei aos meus favoritos.
Vale a pena visitar.
Eis o post que elegemos como o melhor deste mês:

[welcome to mozambique] as pulseiras mais fashion

Uma das coisas que mais gosto de comprar e que sei que as minhas amigas mais apreciam são as pulseiras exóticas, feitas em pau preto, sândalo e pau rosa que se vendem na chamada Feira do Pau Preto, aos domingos em Nampula, onde se pode comprar de tudo, desde vassouras feitas com fibra de coco até lamparinas feitas de latas de conserva vazias, passando pelas inevitáveis capulanas e medicamentos tradicionais e, claro, aquilo que dá nome à feira, as famosas obras de arte lindíssimas em pau preto, feitas de uma só peça, apenas com um canivete, por homens que aprenderam sozinhos, ou com alguém próximo, a difícil e paciente arte de talhar a madeira.

Feira do Pau Preto, fotos daqui, que nem por sombras levaria a minha máquina
fotográfica para as compras na feira... O que ganharia em registo gráfico
perderia em poder negocial.  (Nampula, Moçambique)
Certa vez, uma amiga pediu-me que lhe trouxesse como lembrança uma pulseira de rabo de elefante. Segundo ela, era do mais fashion que existia, em termos de acessórios exóticos africanos. Fiquei horrorizada. Eu não sou capaz de comprar marfim ou tartaruga, por mais bonitas que sejam as peças de arte. Por mais que me digam que os elefantes não são mortos para lhes retirar as presas, só as retiram de elefantes encontrados já mortos acidentalmente e que as tartarugas não são mortas de propósito. É fácil iludirmo-nos com estas desculpas ingénuas... Mas uma pulseira de cauda de elefante? Que estranho e, ao mesmo tempo, que curioso. É que não lembra ao menino Jesus, quanto mais ao rabudo... Certo domingo, quando já estava a regressar a casa vinda da feira, mesmo em frente ao Sporting Clube de Nampula, vi estas pulseiras a vender e resolvi investigar por conta própria, num rasgo de inspiração:

- Bom dia, senhor, novidades*?
- Tudo bem, não sei do seu lado...
- Salama**, obrigada.
- Ah... Senhora, estou a vender pulseira.
- Sim estou a ver, estas pulseiras são de quê?
- Rabo de elefante...
- Ah, muito bem. E custam quanto?
- Está a 20 cada uma...
- A 20 meticais? E quanto me faz se levar cinco?
- Fica a 15 cada uma.
. Está bem... E quem fez as pulseiras?
- Eu mesmo, mamã!
- Ah, muito bem, parabéns, são muito bonitas! Mas onde é que arranjou o rabo de elefante?
- É um caçador que vende.
- Um caçador? E onde é que ele caça?
- Não sei, mamã...
- Mas ele mata os elefantes para lhes cortar o rabo?
- [Atrapalhado, sem saber o que dizer a esta mukunya***, que nem comprava nem desgrudava literalmente do seu pé...] Não... corta o rabo, só.
- Hum... Olhe, pode dizer, que eu levo na mesma...
- O quê, mamã?
- Não são de elefante, pois não?
- [Com pouca convicção] São sim...
- Mas pode dizer, não tem problema...
- [Baixando os olhos, envergonhado] Ah, mamã... São di pineu...
- De quê?
- Di pineu, mamã.
- Mas o que é um pineu? É parecido com quê?
- Pineu... Não sabe o que é pineu? Pineu di carro!
- De pneu?!
- Sim, mamã. Nós corta o pineu di carro e dentro do pineu tem o miolo que faz o fio...
- Ah... Levo cinco, então!

* Novidades - Como está [de saúde]?
** Tudo bem.
*** Mukunya - Branca

Publicado por Beijo de Mulata em 04/05/2011
 

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A morte de José e Maria

 
A morte saiu à rua e levou as vidas de José e Maria.
Não foi uma morte qualquer. Foi uma morte vil, assassina e cobarde que lhes roubou as vidas.
Foi na passada terça-feira 24 que José Cláudio e sua esposa Maria do Espírito Santo foram assassinados perto de sua casa em Nova Ipixuna, Pará, Brasil por defenderem a Floresta. José Cláudio, esposa e outros defensores da floresta entregaram um documento assinado no Ministério Público de Marabá a denunciar a atividade ilícita e criminosa dos madeireiros. A esse documento / manifesto deram o nome "A floresta pede socorro, mas o homem não quer ouvir".
Os ricos e poderosos madeireiros não gostam que ninguém se atravesse no seu caminho. Por isso matam. Pior, matam impunemente! Já o fizeram em 1988 com o seringueiro Xico Mendes e com a missionária Dorothy Stang em 2005. Apenas 2 exemplos que foram mundialmente noticiados. Muitos outros têm anonimamente tombado em defesa da Sua Floresta, da Nossa Floresta!
José Cláudio e Maria do Espírito Santo
O jornal Público de hoje anuncia o seu assassinato num artigo intitulado "Como José e Maria foram mortos no faroeste do Brasil por defenderem a floresta" do qual retiro este pequeno texto sobre um depoimento dado por José Cláudio em novembro passado:
«De pé em cima do palco, mulato grisalho, de boina, jeans e T-shirt, José Cláudio explicou à plateia como em 1997 a região dele tinha 85 por cento de floresta nativa e com a chegada das madeireiras passou para pouco mais de 20 por cento, "um desastre" para quem vive da floresta.
Mais: como as madeireiras significam risco de morte violenta. "Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso eu vivo com a bala na cabeça a qualquer hora. Porque eu vou para cima, denuncio os madeireiros, denuncio os carvoeiros, e por isso eles acham que eu não posso existir. A mesma coisa que fizeram no Acre com o Chico Mendes querem fazer comigo, a mesma coisa que fizeram com a irmã Dorothy querem fazer comigo. Eu posso estar hoje aqui conversando com vocês e daqui a um mês vocês podem saber a notícia de que eu desapareci. Me perguntam: "Tem medo?" Tenho. Sou ser humano. Mas o medo não empata de eu ficar calado. Enquanto eu tiver força para andar, estarei denunciando todos aqueles que prejudicam a floresta. Essas árvores que tem na Amazónia são as minhas irmãs."»
 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Bravo Tango Tango

 
Bravo Tango Tango significa, no alfabeto fonético, BTT.
É uma mera recordação de oficial de transmissões que fui em tempos.
No próximo domingo 29 realiza-se na nossa vizinha Cabeça Gorda o "VII Raid BTT" organizado pela secção de BTT do Ferrobico.
Bravo Ferrobico!


Imagem do cartaz 'sacada' ao Álvaro Barriga no seu Aldeagar
  

domingo, 22 de maio de 2011

Crónica de afetos

  
Publicou a revista Visão no passado dia 12 uma crónica de António Lobo Antunes intitulada Cartilha maternal.
É - tal como quase tudo o que escreve - sublime!
Com a devida vénia - ao escritor e à revista - aqui a transcrevo.

Cartilha maternal

A minha mãe tem noventa e três anos, está cega, está surda, é um farrapinho que o menor sopro leva e, no entanto, lembra-se do peso com que os seis filhos nasceram, das peripécias de cada parto, dos primeiros dentes, do momento em que começaram a falar, a andar, a tudo o resto, doenças, operações ao apêndice, gracinhas, e dá-me ideia que os considera, ainda hoje, como as crianças que foram, mascaradas de adultos. Ontem, ao despedir-me dela, beijei-a e a reação foi
- Isso é maneira de se dar um beijo?
seguida de
- Um beijo como deve ser, se fazes favor
e lá lhe pus, na bochecha, um beijo como deve ser. E tinha razão porque me limitara a roçar-lhe a testa com a boca. Várias vezes a ouvi perguntar aos meus irmãos
- Não sabes dar um beijo como deve ser?
de pé, minúscula, mirando as sombras que agora somos para ela e que, mesmo assim, consegue avaliar
- Estás mais gordo, estás mais magro
com uma exactidão infalível. Passa connosco os jantares de quinta-feira em silêncio, o Pedro grita-lhe na orelha as poucas coisas que lhe dizemos, vive, sem uma queixa, numa solidão absoluta
- O que é que faz o dia todo?
- Penso
às voltas com recordações, memórias. Uma ocasião, ainda o meu pai estava vivo, sentiu-se mal. Formaram-se duas brigadas de filhos, metade permaneceu em casa a acompanhar o meu pai, a outra metade partiu com ela para a Cuf. Sem uma queixa, exigiu, antes de partir, subir ao primeiro andar para se pôr mais bonita: maquilhou-se melhor, penteou-se melhor, apareceu com uma écharpe, um broche e um sorriso
- Até logo ou até ao outro mundo
e, por acaso, foi até logo. Isto sem alarme, sem pânico, sem patetismo algum: absolutamente tranquila:
- Até logo ou até ao outro mundo
e que lição de dignidade vinda de uma pessoa que diz ter muito medo da morte. Eu sou o mais velho e, ao nascer, quase a matava de uma eclampsia. Depois de me tirarem a ferros quem ia indo desta para melhor era eu, porque toda a gente, ocupada com a moribunda, se esqueceu de mim. Segundo a lenda familiar foi uma tia velha, uma das primeiras senhoras a matricularem-se em Medicina, quem me descobriu sem respirar. E, não me lembro como, porque a memória dos meus primeiros minutos, ignoro porquê, não é lá muito boa, conseguiram reanimar o crianço. Mas antes disso, quando transportavam a minha mãe para a sala de partos, já com visão dupla e os outros sintomas todos, conta ela que a maca passou pelo meu pai, encostado à parede do corredor. A minha mãe
- Eu não te disse que ia morrer?
E o meu pai não encontrou melhor resposta do que
- E o que é que queres que eu faça?
e até ao dia de hoje ela não esqueceu esta frase. Ao falar nisto, muito mais tarde, o meu pai continuava sem lhe entender a indignação
- E o que é que tu querias que eu fizesse, realmente?
como se continuasse, encostado à parede, a ver passar a mulher moribunda. Aliás a doença e a morte são assuntos a que nos referimos pouco entre nós, o pudor sempre nos impediu a expressão, em voz alta, dos sentimentos mais íntimos, e gostamos uns dos outros sem falar nisso. Sofre-se calado e acompanha-se o sofrimento calado. Em regra tampouco se cumprimenta um de nós pelos seus sucessos ou se critica o que não gostamos: uma espécie de princípio de vasos comunicantes silenciosos chega. Quando de um problema de saúde na tribu, em lugar de soprar fosse o que fosse ao meu irmão que o teve ofereci-lhe um pião e o respectivo cordel, um pião igual àqueles que deitávamos em criança, de pau e com um prego a fazer de bico. Não se calcula a quantidade de emoções que um pião sabe explicar, ou como um pião é capaz de resumir os numerosíssimos afectos de uma vida inteira. O meu irmão percebeu. Eu sabia.
E chega.
Tenho estado para aqui a escrever sobre a minha mãe e, se calhar, parece que gosto muito dela: não é verdade. A nossa relação é demasiado complexa, como qualquer relação verdadeira, mas não vou, evidentemente, falar disso. E a relação de um homem com os pais foi sempre um assunto penoso, cheio de julgamentos implacáveis, muitas vezes injustos, muitas vezes cruéis, olhando-se mutuamente num rancor de acusados. Quando um amigo de Freud lhe perguntou como educar o filho, Freud respondeu
- Faças o que fizeres será mal feito
e eis uma verdade do tamanho do mundo, pela qual os pais e os filhos pagam um preço demasiado grande. Um preço insuportável. Não merece a pena andar com paninhos quentes dado que não se pode escapar disto. Recordo-me de uma senhora para o marido
- Gostas de mim, Zé?
e do marido
- Isso são coisas a que não se pode responder de ânimo leve
que me dá ideia, embora o senhor, na cabeça dele, estivesse a brincar, que me dá ideia de ser a única resposta honesta possível. A frase
- Isso são coisas a que não se pode responder de ânimo leve
gira-me há anos e anos, na cabeça, a mim que pertenço à classe dos eternos culpabilizados e questiono sempre tudo. Não me apetece insistir nesta matéria. Primeiro porque dói, segundo porque ninguém tem nada a ver com isso e terceiro porque não se deve pôr um coração debaixo de cada palavra. Os livros que escrevi, o livro que escrevo agora, os livros que, se tiver tempo, escreverei, falam o suficiente de vocês e de mim. A nossa sede de amor é inextinguível. Mas não vou passear pela rua de caneca na mão.

António Lobo Antunes in Visão 12 de Maio de 2011
  

sábado, 21 de maio de 2011

Pelo pescoço

 
O vice-presidente do Parlamento ucraniano Adam Martynyuk, à direita, agarrou o adjunto Oleg Lyashko durante uma sessão legislativa em Kiev, quarta-feira 18/05/2011.

Por cá ainda não chegámos a tanto...

terça-feira, 17 de maio de 2011

A Fábula

 
A 05 de junho próximo os portugueses são chamados para eleger novo Parlamento donde sairá o novo governo.
As coisas em Portugal não estão bem. Nada bem.
Na Terra dos Ratos (Mouseland) que a fábula abaixo retrata as coisas também andam de mal a pior.
Há semelhanças entre Mouseland e Portugal?
Há quem diga que sim... Outros que não.
Apesar de a imagem não ser de grande qualidade não deixe de ver, e opinar se assim o entender.


  

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Encontro com Deus

 
Do boletim paroquial de Quintos "O Sino" do corrente mês transcrevemos o artigo da página 6 - de autoria do senhor diácono - que nos faz pensar:

Encontro

Nesta Páscoa visitei um amigo gravemente doente.
Encontrei-o visivelmente abatido, a lutar com uma doença incurável, marejado de lágrimas e lamentos. Com voz cansada desabafou comigo o que lhe ia no coração e que tanto o perturbava: «aqui estou a morrer aos bocados, sentindo-me só e frágil perante o sofrimento por que estou passando. Penso muito em Deus, mas ao mesmo tempo também penso que posso eu esperar d'Ele se eu nunca lhe dei a mínima atenção enquanto tive saúde... Honestamente, nem me passou pela ideia que viria a precisar tanto de Deus como nesta fase da minha vida em que os homens e a medicina já nada podem fazer por mim. Por isso, me sinto tão abandonado. Como será o meu encontro com o Senhor, quando Ele me chamar. Sabes? Tenho muito medo desse encontro...» E o meu amigo desatou em soluços amargos.
Fiquei comovido com este seu desabafo e quase não arranjei palavras para o confortar. Tentei, contudo, acalmá-lo dizendo-lhe que não está sozinho, que Deus está com ele e que jamais o abandonou, nem quando gozava de boa saúde e, muito menos, neste momento de sofrimento e de dor... Se é verdade que nunca tinha procurado Deus, também é verdade que Deus sempre esteve a seu lado...
Quando acabei a visita pareceu-me que o deixei mais calmo, mas não deixei de pensar "porque será que há tantas pessoas que podem viver sem Deus na sua vida, afastadas d'Ele, da Sua Palavra e da Sua Igreja, e que algumas só O conhecem quando passam por momentos críticos".
Ao cair da tarde de terça-feira seguinte, o meu amigo partiu para sempre ao encontro de Deus.
Tenho a certeza absoluta que foi um encontro maravilhoso, porque o amor de Deus pelo homem é totalmente diferente do amor que o homem, muitas vezes, tem por Deus.

Diácono José Rosa Costa
 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Maio! Mês de Maria

 
Do boletim paroquial de Quintos "O Sino" do corrente mês transcrevemos o artigo principal da 1ª página:

Maio! Mês de Maria

Maio foi o mês escolhido por Nossa Senhora para visitar Portugal.
Foi no dia 13 de Maio de 1917, na Cova da Iria-Fátima, aparecendo a três pastorinhos: Lúcia e seus primos Jacinta e Francisco Marto.
A mensagem deixada pela "Senhora mais branca que a luz do sol" a estas crianças funda-se no Evangelho, pedindo conversão, oração, penitência, arrependimento... e chamando a atenção dos homens para se emendarem, não continuarem a cometer erros e a não ofender mais Nosso Senhor.
Por Fátima passam anualmente milhões de peregrinos provenientes de todo o mundo, e tem sido palco de grandes peregrinações, nacionais e internacionais, entre as quais destacamos as presididas pelos Papas Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.
Com justiça se chama a Fátima "Altar do Mundo".
Neste mês dedicado a Nossa Senhora, deixamos o seu apelo feito em Fátima: «rezem o Terço todos os dias» pelas intenções do Santo Padre, que são as Intenções da Igreja!
 

sábado, 7 de maio de 2011

To Finland

 

  

domingo, 1 de maio de 2011

O beijo

 
E ainda há quem se admire do aumento de divórcios...


http://henricartoon.blogs.sapo.pt/347276.html