sábado, 31 de outubro de 2009

O Melhor Post de Outubro

Elegemos como o melhor do mês de Outubro o post “Aborto, Prevenção e Solução”.
Hoje, Dia Mundial da Poupança – curiosamente – vamos falar de aborto. O aborto foi, e ainda é, responsável pelo “voar” de muitas poupanças. Mas não é disso que o post fala.
A prevenção e solução para o aborto aqui defendida é pertinente. Discutível, sem dúvida. O tema do aborto é, ideologicamente, responsável pelo extremar de posições.
A tradução do castelhano para português é da minha responsabilidade. Como não domino muito bem o castelhano, queriam desculpar alguns erros de tradução que possam existir.
Vamos ao post:

A questão do aborto, já mencionado noutro post, tem a incrível capacidade de radicalizar posições. Possivelmente, é o tema que mais radicaliza a ideologia levando a muitos confrontos entre a "esquerda" e "direita".
Todos falam do aborto como uma solução limite, mas enquanto alguns falam em permiti-lo, em torná-lo num direito, outros preferem reprová-lo e proibi-lo.
No entanto ninguém apresenta soluções ou alternativas ao aborto. Se o aborto é considerado um último recurso, por que não fazer tudo para evitar chegar a isso?
Perante de um erro de qualquer tipo (não falo só do aborto), pode-se colocar sempre dois tipos de medidas. A preventiva, para tentar evitar, tanto quanto possível, que se cometa o erro. E a correctiva para, uma vez cometido, tentar minimizar o impacto ou danos para a pessoa que cometeu.
Uma gravidez indesejada é um dos grandes erros que se cometem. Para evitá-los são tomadas medidas como a disponibilização de preservativos, a pílula, etc ... uma multiplicidade de recursos que evitam que se possa chegar a conceber uma vida indesejada. Talvez devêssemos incidir mais na Educação, porém, na minha opinião, essas medidas estão sendo tomadas de forma razoável, não sendo necessário, por enquanto, ir mais longe.
No entanto, com a questão das medidas correctivas creio que estão a ser tomadas decisões erradas. Abortar para resolver o problema da gravidez indesejada parece um erro, pois o aborto, não podemos esquecer, é a eliminação de uma vida futura. Não vou questionar se um embrião é um ser humano ou não, porque é um debate absurdo. É claro que está destinado a sê-lo, tenha 3 minutos de vida ou 8 meses de ventre da mãe. A única diferença são as chances de sobrevivência. Então, se ele está destinado a ser uma vida, não deveríamos fazer todos os esforços para que essa vida chegue a bom porto (nasça)?
Se é isso que queremos, então temos de que evitar que essa vida se torne um problema para a mãe. Porque é evidente que uma gravidez indesejada é um problema para as mães. A própria palavra o diz (em castelhano gravidez diz-se embarazo, embaraço). “Não desejo ter este filho”. Mas cuidado com a interpretação que fazemos a esse "não desejo."
Esse "não desejo" não obriga ou implica o extermínio da futura vida. Claro que o aborto, como tal, iria resolver esse problema não desejado. Mas estamos a falar de vida futura, não o podemos esquecer. Se fosse a única e derradeira solução, talvez nós tivéssemos que aceitá-lo. Mas nos dias de hoje não podemos considerá-lo como um único recurso.
Se a mãe não quer ter esse filho não podemos obrigá-la a ficar com ele, é evidente que não o quer criar e, se o criar, não será da melhor forma, não lhe dará o amor e carinho que ele precisa. Mas se a forçarmos a ter a criança (no sentido de dar à luz), temos que tornar esse processo (da gravidez) o menos traumático possível. Ou seja, temos que dar todos os meios para que a mãe passe este período de sua vida da melhor maneira possível e aprender algo com dele.
Podemos aprender com todos os erros que se cometem na vida. Mesmo com os erros mais graves e as experiências mais traumáticas se pode aprender, o que impede, na maioria dos casos, que se volte a cometer o mesmo erro. Ao eliminar o problema precocemente, pode rapidamente resolver o problema, mas pode não ter aprendido o suficiente que impeça repetir o mesmo erro.
Por último, é indigno que não se facilite e agilize o processo de adopção. Para ser mãe ou pai biológico não é necessário formalidades ou exigências. Ninguém faz testes de aptidão para ver se está apto a cuidar dos seus filhos. Não há cartão de pai. E, no entanto, há centenas de abusos de crianças, muitas crianças foram abandonadas porque, obviamente, não eram desejadas.
Mas, para ser pai ou mãe adoptivos exige muitíssimos trâmites, requisitos e uma paciência infinita, pois têm que esperar a “ninharia” de 8 a 10 anos (pelo menos em Espanha), isto se conseguiu demonstrar que é bom pai para adoptar a criança.
Não será tempo de reformar o sistema de adopção, para facilitar que em qualquer momento uma mãe ou os pais possam dar aos seus filhos para adopção com facilidade para que outro casal, outra família (solteira, casada, gay / hetero, não importa ...) que o queira adoptar?
Com isto evitaríamos o enorme número de abortos que ocorrem todos os anos, reduzindo a enorme lista de espera para adopção.

domingo, 25 de outubro de 2009

A Prostituição de um Escritor

Há quem reze para que a venda dos seus livros suba.
Há quem pague para que se façam elogios aos seus livros.
Há quem venda a alma ao diabo para que se fale do seu livro … ou livrinho.
José Saramago não se encaixa em nenhum destes casos.
Porquê?
Porque não precisa.
Utiliza outros métodos.
Em primeiro lugar escreve bem. Já escreveu melhor, eu sei. Mas continua a escrever bem. É prémio Nobel da Literatura, valha isso o que valha.
Em segundo lugar não precisa de contratar peritos em marketing para promover a venda dos seus livros. Basta espicaçar o marasmo, a polémica instala-se e não se fala de outra coisa que não seja a sua pessoa (Saramago) e o seu livro (Caim, neste caso).
Pode haver outros métodos, mas melhor, mais económico e mais profícuo não há!
Julgar que Saramago é contra a Igreja, ou contra Deus é pura especulação.
Julgar que Saramago é comunista ou defensor dos mais desfavorecidos é também pura especulação.
Saramago é por ele e apenas por ele próprio.
É egocentrista e despreza tudo e todos.
Ele é capaz de tudo para que se fale dele.
Ele é capaz de tudo para que os seus livros se vendam.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Filho de Um Deus Menor


Não sou defensora que há filhos de um deus menor.
Como católica, todos somos filhos de um Deus Maior. De Deus único e omnipresente.
Mas se houvesse filhos de um deus menor, Saramago era seguramente um deles.
Saramago, à semelhança de qualquer cidadão, tem todo o direito de ser ateu, agnóstico, ou professar qualquer religião. O que ele nem ninguém tem é o direito de dizer barbaridades como se de um atrofiado mental se tratasse e ficar convencido que é culto ou inteligente.
Qualificar Deus como uma besta e a Bíblia como um tratado de horrores revela uma mente perversa, inculta e apagada de inteligência.
É legítimo qualquer cidadão questionar a existência de Deus ou o conteúdo da Bíblia. Mas não com o ódio com que Saramago o fez.
Confesso-me perplexa com o ódio que Saramago nutre por Deus, a Igreja, os crentes.
Será algum trauma infantil?
Terá ele sido violado em criança por alguém ligado à Igreja?
Apesar de demasiado velho, julgo que umas sessões de psicanálise não lhe fariam mal nenhum.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O Melhor Desejo

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O génio libertado diz ao pescador:
- Formula três desejos que eu os executarei. Qual é o teu primeiro desejo?
- Ei-lo – disse o pescador. – Quero que me tornes suficientemente inteligente para que possa escolher na perfeição os dois desejos seguintes.
- Concedido – disse o génio. – E agora, quais são os teus outros desejos?
O pescador reflectiu por um momento e respondeu:
- Obrigado. Não tenho mais desejos.

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Jean-Claude Carrière in “Tertúlia de Mentirosos

NE - Só um Génio destes conseguiria dar inteligência aos actuais candidatos autárquicos à Freguesia de Quintos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Caça

Neste último fim de semana, aproveitando o feriado de 5 de Outubro e o convite de um amigo, regressei ao Alentejo, mais propriamente a Quintos, a fim de 2 coisas: rever os amigos e ir a uma caçada.
A caçada foi óptima: 8 perdizes, 3 lebres e 1 coelho! Há que tempos não matava um coelhinho! No final da caçada o almoço e convívio entre amigos e/ou caçadores foi fantástico!
No final do dia, como combinado, fui para casa do meu amigo Júlio*. É uma honra para mim ser recebido por um Velho e Amigo como o tio Júlio.
Depois de recordarmos os seus tempos de caçador e de caçadas, volta-se ele para mim:
- Já sabes da caçada que por aí vai?
- Caçada? Não me diga que já reabriu o “couto” municipal cá em Quintos?!
- A caçada que te falo é outra. Mais violenta.
- Eleições. É isso?
- É. O executivo da Junta esforça-se em terminar as pequenas obras em curso para lavar os olhos ao povo. Quer manter o tacho. Os outros, Carlos Cascalheira e companhia, andam de porta em porta a “exigir” que as pessoas votem na CDU.
- Oh tio Júlio, não me diga que já não é comunista …
- Ouve lá Luís, não te admito que ponhas o meu ideal comunista em causa!
- Desculpe tio Júlio, quis apenas espicaçá-lo um pouco.
- Sabes que sou comunista há mais de 60 anos! Não são meia dúzia de fedelhos que me irão fazer mudar. Nem agora nem nunca!
- Não me diga que não vai votar na CDU?!
- Sabes que há 8 anos votei no PS porque a isso fui obrigado. Não podia votar na mesma camarilha que praticou o desfalque de milhares de contos à Junta: Carlos Cascalheira, António Lopes e Mónica Correia. Quatro anos depois – vá-se lá saber porquê – a CDU coloca como candidatos os dois maiores especialistas em vinho de Quintos! Não tive outra alternativa que votar PS (outro sapo!).
- Foi o pior resultado da CDU na nossa freguesia …
- E o que esperavas? Com gentinha daquela. Agora pensava eu que finalmente ia votar no meu Partido! Sim porque eu voto PCP e não na CDU. CDU é lá para as grandes cidades. Aqui ou se é comunista ou se não é. Verdes, só os sportinguistas.
- Não me diga que vai votar de novo no PS?!
- Com muita tristeza te digo que sim.
- Tristeza? Mas porquê? O Zé Ramos até parece um tipo porreiro …
- Quando ouvi falar que o cabeça de lista da CDU era o Zé Ramos, suspirei de alívio por finalmente ir votar no meu Partido para a Junta de Quintos. Depois, depois veio o pior. Soube que afinal o Carlos Cascalheira voltava a fazer parte da lista e bem colocado. Era o prenuncio do regresso ao passado. Nestes últimos dias o Zé Ramos transformou-se. Já não é aquela pessoa sensata e cordial que tu e eu bem conhécemos. Transformou-se num autêntico caceteiro e até arruaceiro enfrentando e desclassificando quem não pensa como ele. Está injectado por Cascalheiras e outros. Chorando por dentro, outra coisa me não resta que voltar a votar no PS.
- Compreendo a sua tristeza, tio Júlio.
- Não é que considere o PS útil para desempenhar essas funções. Não! Eles já deram provas disso. Para eles o mundo gira em torno de uma bola ... de futebol. Mas apesar desses defeitos ainda conseguem ser melhores que os fanáticos da outra lista. E o pior, Luís, é que provavelmente estas são as últimas eleições para a Junta de Quintos em que posso votar. Na próxima já devo fazer parte do reino dos mortos …
- Não diga isso, tio Júlio!
- Digo Luís. E também te digo que já é tarde. É melhor irmos para cama. Boa noite Luís.
- Boa noite, tio Júlio.

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* Júlio, é o pseudónimo por mim atribuído ao meu amigo. Curiosamente, não existe ninguém em Quintos com o nome de Júlio.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

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O Idoso

Hoje é o Dia Internacional do Idoso. Por isso, quero aqui prestar a minha Homenagem ao Idoso.
Quero acima de tudo, prestar a minha solidariedade ao idoso.
Não a todos os idosos.
Não ao idoso que se faz passear na sua limousine com motorista e segurança privados.
Não ao idoso que encontramos na rua bem vestido e maquilhado que aparenta ter menos 20 anos.
Não ao idoso que frequenta universidades sénior, ginásios, spa's, concertos, etc.
Não!

Hoje quero prestar a minha homenagem e solidariedade ao idoso que jamais me irá ler.
Que, provavelmente nem sabe ler.
Que, provavelmente nem sabe o que é a internet.
A minha homenagem vai para o idoso que, após uma longa vida de trabalho, se vê sozinho. Textualmente sozinho.
A minha homenagem vai para o idoso que vive a um canto sem amigos nem família. Ignorado. Desprezado. Violentado fisica e psicologicamente.
Uns são despejados num depósito de velhos (a que pomposamente se chama Lar de Terceira Idade), outros nem a depósito têm direito. São pura e simplesmente abandonados.
Se têm o azar de ter uma dor (o que nesta fase da vida é bastante comum) os familiares levam-no imediatamente ao hospital mais próximo e depois “esquecem-se” de o ir buscar ...
Estes idosos foram pessoas. Já não são. Foram pessoas que trabalharam uma vida. Uns mais honestamente, outros menos, mas deviam ter direitos, já que os deveres – esses! – há muito foram cumpridos. Hoje não são nada, nem ninguém.
No entanto há excepções. Há quem, mesmo com o pouco que tem se recuse a abandonar os seus idosos. Infelizmente uma minoria (muito, muito pequena). Para esses o meu Bem Hajam!
Nas civilizações que nós inteligentes (europeus e americanos) consideramos atrasadas, incultas, etc. o idoso é respeitado e venerado pelo que já fez. O idoso, para eles, é uma fonte de Saber.
Para nós o idoso é uma fonte de problemas.
Falta-nos inteligência para nos apercebermos quanta inteligência nos falta.
E é muita, seguramente.
Um bom dia do Idoso a quem não me pode ler.