domingo, 30 de outubro de 2016

Senhor Doutor


É, à semelhança de Senhor Engenheiro, um título deveras apetecível, demasiadamente.
Por pura alergia hereditária nunca gostei de ser tratado pelo grau académico. Manias, dirão alguns. Gostos, responderei.
Todos sabemos que para desempenhar um cargo político governamental não é necessário – por força de Lei – ter formação universitária. No entanto, não sei se para dourar a imagem se para a enlamear (masoquismo?), dizem ter títulos que não correspondem à verdade.
Faço minhas as palavras de Eduardo Pitta no seu blogue Da Literatura, que transcrevo com a devida vénia:
[ANDA TUDO DOIDO?
Num curto espaço de dias, dois altos funcionários tiveram de demitir-se por terem feito declarações falsas sobre as suas habilitações académicas. Na segunda-feira, dia 25, foi a vez de Rui Roque, adjunto do primeiro-ministro para os Assuntos Regionais. Roque frequentou o curso de Engenharia Electrotécnica e de Computadores, sem o ter concluído. O cargo que exercia não exige licenciatura, o que acentua o ridículo da história. Ontem foi Nuno Félix, chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto. Félix era apresentado como detentor de duas licenciaturas: Ciências da Comunicação (Nova) e Direito (Autónoma). As duas universidades desmentiram.
Tudo isto é deprimente. Vivemos no país dos doutores da mula ruça. Talvez fosse bom contar um episódio à rapaziada: o maior empresário português do século XX, António Champalimaud, que não tinha estudos superiores, demitiu um funcionário que um dia o tratou por «senhor doutor». Agora é ao contrário. Gente sem licenciatura, mas que não precisa, porque tem Obra e nome feitos, aceita ser tratada por doutor na televisão e nos jornais.]
Imagem: webcedário




sábado, 29 de outubro de 2016

Tarrafal


Faz hoje oitenta anos que foi inaugurado oficialmente o campo de morte lenta do Tarrafal, em Cabo Verde.
Não podemos nem devemos branquear a história. Não deveriam ter transformado a sede da PIDE num condomínio de luxo, assim como pretendem agora transformar o forte de Peniche em empreendimento de luxo. Há memórias que deveriam ficar intocáveis para nos recordar e recordar aos vindouros que ninguém mais cerra as portas que Abril abriu.
Neste octogésimo aniversário do Tarrafal, trago a mensagem que publiquei aqui em 23 de abril de 2015.
«Tarrafal
A 23 de abril de 1936 é publicado no Diário do Governo o Decreto-Lei nº 26539 que cria a Colónia Penal do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde.
Foi há 79 anos que o Campo de Concentração Tarrafal, também conhecido por campo da morte lenta, foi instituído por ordem de Salazar, para aí calar todos aqueles que ousavam desafiar os abutres do regime de então.
Este campo foi construído de acordo com os ensinamentos dos campos de concentração da Itália fascista e da Alemanha nazi e foi inaugurado em 29 de outubro de 1936.
O seu primeiro diretor, capitão Manuel Martins dos Reis, fez questão de anunciar aos prisioneiros que “Quem vem para o Tarrafal, vem para morrer!”. Esta tese é fortemente alicerçada pelo facto de o primeiro médico do campo de concentração, Esmeraldo Pais de Prata, aqui chegado em fevereiro de 1937, ter advertido os presos que não estava aqui para curar doentes, mas para “passar certidões de óbito.”
É bom relembrar para que jamais aconteça algo semelhante.»
Foto: Mapa do Campo de Concentração gravado sobre osso por Cândido Joaquim da Costa, in  Fundação Mário Soares



sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Adeus espetáculo


Hoje, 28 de outubro, realizou-se o último voo do Boing 747 da companhia aérea holandesa KLM para o aeroporto internacional Princesa Juliana de Saint Maarten.
Era sempre uma aproximação à pista de por os cabelos em pé, especialmente a quem se encontrava na praia Maho Beach desta ilha das caraíbas, colónia holandesa.
É o fim dos voos deste emblemático pássaro dos céus, mas outros de menor porte continuarão as fazer as delícias de quem gosta de emoções fortes e se encontra na praia Maho.

 

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Em nome de quê?


Escreve hoje o diário britânico TheTimes que há milhões de famintos numa guerra esquecida onde bombas sauditas arrasam o Iémen.
Segundo afirmou ontem o Programa Mundial de Alimentação da ONU o Iémem tem uma das mais altas taxas de malnutrição do mundo, onde mais de 14 milhões de pessoas passam fome e metade destas encontram-se à beira da morte por desnutrição.
Iémem, quase 6 vezes maior que Portugal, vive em rotura total e de tudo por diversos motivos, o último dos quais é o bloqueio e enorme bombardeamento perpetrado pelo Reino da Arábia Saudita.
Nas fotografias vemos Saida Ahmad Baghili, 18 anos, na cidade de Al Hudaydah, Iémem.
Fotos: Abduljabbar Zeyad | Reuters
Cartoon: The Times





domingo, 23 de outubro de 2016

A luta continua!


Quem luta pode vencer, quem se rende perde de imediato.
Sem delongas e tirando o meu chapéu a esta lutadora, transcrevo com a devida vénia a mensagem do blogue Histórias em 77 Palavras:
«A luta
Mamografia marcada. Entrei tranquila, mas saí a chorar. Tinha cancro da mama.
Soube mais tarde que era o Dia Nacional da luta Prevenção do Cancro da Mama.
Seguiu-se a cirurgia e meses de tratamentos agressivos.
Seis meses depois apareceu outro cancro. Desta vez na tiróide.
Outra cirurgia e novos tratamentos.
Nessa altura pensei:  Será que vou conseguir ultrapassar isto tudo?
Passaram 9 anos!
Não foi fácil, mas consegui alguns recordes pessoais.
Natália Fera, 59 anos, Moita»

 

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Sono retemperador


Retempera o quê? Ao certo não se sabe.
Até hoje a ciência ainda não encontrou uma explicação para o sono, no entanto todos sabemos que a privação total do sono pode levar à morte.
A noite mal dormida – quando se torna regra e deixa de ser exceção – pode não nos levar à morte, mas dá-nos uma péssima qualidade de vida. Para que tenha ou, pelo menos contribua para ter uma boa noite de sono, aqui vos deixamos alguns conselhos de dois peritos na matéria, Dr. Gilles Besnainou, otorrinolaringologista e especialista em apneia do sono e Drª Véronique Viot-Blanc, psiquiatra e especialista em apneia do sono no hospital Lariboisière em Paris.
1. Jantar: deverá ser uma refeição ligeira porque o nosso metabolismo à noite é mais lento. No entanto deveremos comer o suficiente para não acordarmos a meio da noite com a sensação de barriga vazia.
2. Tablet ou telemóvel: estarmos “agarrados” a qualquer um destes aparelhos antes de dormir é um grave erro. Estes pequenos ecrans, em especial telas com luz azul, cativam o nosso cérebro e alteram o nosso relógio interno dificultando o dormir. A televisão, não tem esta contra-indicação. No entanto recomenda-se que bem melhor será ler um livro. Duas horas antes de ir para a cama, telemóvel ou tablet não devem ser utilizados.
3. Stress: as preocupações do dia, quer no trabalho quer na família são o pior inimigo do sono. Para ultrapassar esse problema é imperativo relaxar e fazer uma atividade tranquila nas duas horas antes de dormir. A leitura de um livro pode dar-nos a tranquilidade necessária que nos levará para os braços de Morfeu.
Não vá para a cama muito cedo, recomenda a Drª Véronique. As pessoas que têm problemas para dormir tendem a querer ir para a cama mais cedo, na esperança de dormir. É um erro.
4. Exercício físico: é um bom contributo para uma noite tranquila de sono, mas deverá ser feito até, o mais tardar, quatro horas antes de se deitar.
Foto e fonte: LeFigaro

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Ser menina, sabe qual o melhor país?


O The Daily Telegraph de ontem (11 de outubro é o Dia Internacional da Rapariga) diz que não é no Reino Unido.
O novo estudo, efetuado pela organização Save The Children, que envolve 144 países, analisa vários parâmetros nas crianças e jovens raparigas, entre os quais o casamento antes dos 18 anos, a gravidez ou conclusão do ensino secundário, entre outros.
Na lista encabeçada pelos países nórdicos – Suécia, Finlândia e Noruega – Portugal aparece num honroso 8º lugar, à frente de países insuspeitos como a Suíça, Alemanha ou o Canadá.
Isto, obviamente, não significa que Portugal seja um mar de rosas para as jovens, são valores estatísticos e como tal devem ser encarados, mas por vezes caímos na tentação de dizer mal de Portugal e dos portugueses e esquecemo-nos que também temos valores positivos. Muito positivos.

Foto: Daily Telegraph

 

As galáxias também se abatem


Samsung Galaxy Note 7 RIP.
Matt no The Daily Telegraph de hoje ironiza assim.


 

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Leite de vaca... sem vaca


Modernices! Diria a minha avó se fosse viva.
Uma jovem empresa norte americana fabrica em laboratório um leite sintético a partir de leveduras que tem - dizem - exatamente o mesmo gosto que o leite original da vaquinha. Este produto será comercializado nos Estados Unidos a partir de finais de 2017, prevendo esta start-up americana passar seguidamente para o fabrico de queijos e iogurtes utilizando o mesmo processo.

Muro ecológico


Há muros que são uma vergonha, este não.
Trata-se de um cinturão de árvores - com cerca de 15 km de largura e 7.775 km de comprimento - que cruzará todo o continente africano, desde a Mauritânia até Djibuti e tem como objetivo travar o avanço do deserto do Saara.
Começou a ser construído em 2008 e deverá estar concluído dentro de 20 anos. Nessa altura a nova floresta cobrirá uma área de 11.662.500 hectares.
Segundo um estudo da FAO, os onze países implicados na construção da muralha verde — Burquina Faso, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Sudão e Chade — perdem uma média de 1.712 milhões de hectares de floresta por ano, o equivalente à área de 34 Espanhas.
O projeto é ambicioso, mas conta já com o apoio das Nações Unidas, da União Africana e do Banco Mundial, que se comprometeu a financiar o projeto com 2.000 milhões de dólares.
O maior obstáculo do ambicioso projeto poderá ser a instabilidade política. É que este muro ecológico pretende cruzar o Níger, o Sudão, Mali e Chade, países com grupos armados e organizações terroristas, que impedem a entrada de estrangeiros.
"Nem todas as comunidades vão entender o valor das árvores“, adverte a analista política Mary Harper. Em lugares como a Somália, de onde vem a maioria da população que vivem abaixo da linha da pobreza, “a nova floresta pode rapidamente transformar-se em lenha e carvão“.

 

sábado, 8 de outubro de 2016

A discussão


Há por aí um alvoroço com a Rural Beja de 2016 sobre o qual me quero pronunciar. Os atiradores são os do costume e o alvo também.
Dizem algumas mentes que deveriam contratar empresas da região e não de Ponte de Lima para a produção do evento. Não sei se estas mentes se estão a referir à nóbel Cocas Produções, Unipessoal, Lda. E porquê esta? Bom, a resposta é demasiado óbvia com uma pergunta demolidora: E por que não esta? O resto não interessa.
Estamos perante uma análise pura e simples de política. Política partidária ignóbil. Não está em causa mérito ou demérito, gasto ou poupança.
Se a empresa a quem foi adjudicada a prestação de serviço tem mérito ou não, se se está a gastar rios de dinheiros em vão ou não, são pormenores de pouca ou nenhuma valia, são apenas e só combustível para a fogueira das vaidades ou da hipocrisia.
Aplica-se aqui o velho adágio muito em uso em Quintos, “Eu não quero saber quem tem razão, eu quero é discutir”.
Triste discussão, digo eu.
Como dizia Joseph Joubert, ensaísta francês (1754-1824) “O objetivo da argumentação ou discussão, não deve ser a vitória, mas o progresso”.

 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Furacão


Nós (europeus) estamos livres destes fenómenos meteorológicos. Dizem os físicos que se a Terra girasse ao contrário seríamos nós o alvo dos ditos e o continente americano poupado.
Mas é assim que a Terra gira (não vou dizer que é assim que a Terra é gira para não ferir suscetibilidades).
Na imagem clientes do WalMart em Kissimmee, Florida, ontem em reabastecimento e observando as prateleiras de pão vazias.

Foto: Gregg Newton | AFP | Getty Images
 

quinta-feira, 6 de outubro de 2016