domingo, 16 de abril de 2017

Uma ponte aqui tão perto


Era a ponte mais emblemática da nossa região, a Ponte do Guadiana.
Fazia-se a sua travessia quer de automóvel quer de comboio. De automóvel, para além de termos que respeitar e aguardar a passagem do comboio, tínhamos que aguardar a ordem de passagem dada pelo guarda ferroviário de serviço, já que a ponte não permitia o cruzamento de viaturas, só tinha uma via de trânsito, sobre os carris do caminho de ferro.
Hoje (cheira a hipocrisia a utilização deste advérbio) a ponte para além de desativada apresenta este estado de podridão aqui fotografado por José Ramos.
Infelizmente não é apenas a ponte, mas todas as infraestruturas do extinto ramal de Moura que se encontram neste lastimável estado de podridão.

 

sábado, 8 de abril de 2017

Voz do Povo


É este o título de uma coluna do semanário Diário do Alentejo.
Esta semana a pergunta foi “Qual a causa da violência no futebol?” (tendo por base a agressão de um jogador da equipa de futebol Canelas 2010 a um árbitro de futebol).
A resposta eloquente – que transcrevo e subscrevo – de Fernanda Amaro, 54 anos, educadora de infância:
«O futebol deixou de ser um desporto para ser uma atividade empresarial, em que os clubes se preocupam exclusivamente com o resultado. As declarações de alguns dirigentes promovem o comportamento violento. Têm por isso responsabilidade na maneira como determinados adeptos se comportam. Falo de futebol, porque a violência que aí ocorre não se observa noutras modalidades.»

 

terça-feira, 4 de abril de 2017

Brexit, to be or not to be


A simpatia tem limites...


Cartoon: Matt in TheTelegraph

O encanto da sereia


A sereia sempre encantou o homem, pelo menos em sonhos (ou pesadelos!).
A sereia da imagem (não duvido que possa encantar alguns homens) mas a sua missão é encantar as crianças que diariamente visitam o Aquário de Virgínia, EUA.


Foto: Steve Helber | AP

sábado, 1 de abril de 2017

O Pardal


Diz-se em Quintos (não sei se apenas em Quintos) que o pardal gosta da companhia dos humanos. Nos montes habitados há pardais, quando esses montes ficam desabitados os pardais também emigram. Diz-se.
Ontem, escrevia no Diário do Alentejo Vítor Encarnação na sua coluna “nada mais havendo a acrescentar...” o texto que transcrevo e subscrevo, apetecendo-se dizer, passe a imodéstia, “também sou Pardal” ou, como hoje virou moda “Je Suis Pardal”.
«Gosto de pardais. Os pardais são o proletariado dos pássaros. Na hierarquia dos pássaros, os pardais ficam na base, são a classe mais baixa. Abaixo deles não há mais nada.
Se os pardais tivessem nome, teriam nomes curtos e comuns e seriam mais conhecidos pelas alcunhas.
Os pardais são o povo e por isso não voam muito alto. Contentam-se com pequenos voos, vão ali a um bocadinho do céu e voltam felizes. Gosto de pardais porque eles não abalam quando faz frio, ficam, aceitam o vento e a falta de sementes e borboletas, acatam a míngua dos campos, buscam migalhas, assumem que há invernos e que depois haverá primaveras e com elas virão rouxinóis e pintassilgos e outros pássaros coloridos e de belas plumagens.
Há quem goste mais destes, eu prefiro os pardais.
Se os pardais tivessem boca, bebiam vinho tinto, comiam petiscos, cantavam em grupos corais, cantavam fado, traduziam filosofias para décimas de baldão e rimas de despique, diziam mentiras e verdades, falavam de bola, gritavam e beijavam.
Se os pardais soubessem o que é o tempo, escreviam poemas sobre a saudade, a esperança, a paixão e a morte.
Se os pardais tivessem dedos, abriam as gaiolas e soltavam todos os pássaros coloridos.
Os pardais são os pássaros mais parecidos com a nossa vida: uma inquietação coberta de penas.»