sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A fome


Como escreveu Martín Caparrós, colaborador do New York Times, “a fome continua a ser o horror solucionável que menos importa: mata mais do que qualquer doença, mas ataca sempre os outros, aqueles que não pensam como 'nós'”.
Assim reagiu Caparrós aos números apresentados pela ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) que indicam que, pelo terceiro ano consecutivo, o número de pessoas que sofrem com a fome no mundo aumentou. O primeiro passo para combater esse mal, adianta Caparrós, é sentir que isso é uma incumbência nossa.
Segundo a FAO não é fácil saber quantos homens, mulheres e crianças passam fome. Os esfomeados vivem em países complicados, com Estados que não apenas não são capazes de assegurar a sua alimentação, como tão pouco têm meios para controlá-los.
Afirma a FAO que em 2016 haveria cerca de 784 milhões de indivíduos a passar fome, esse número, em 2017, subiu para 804 milhões e em 2018 tudo indica que sejam mais de 821 milhões.
Este é o grande problema do números, informam-nos mas depressa os esquecemos. É fácil olhar para eles e não pensarmos; que nos importa que uma em cada nove pessoas no mundo não come o suficiente, se por norma não conhecemos essas pessoas, adianta Caparrós.
Há 821 milhões de pessoas pobres que não comem o suficiente porque a produção global de alimentos é estruturada para satisfazer os mercados desenvolvidos, para concentrar em si a riqueza alimentar. Nunca na história da Humanidade se produziram tantos alimentos como agora, o problema não é escassez de comida, o problema é uma enorme escassez de dinheiro para comprá-la.

Foto: Thomas Mukoya | Reuters

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