sábado, 29 de outubro de 2016

Tarrafal


Faz hoje oitenta anos que foi inaugurado oficialmente o campo de morte lenta do Tarrafal, em Cabo Verde.
Não podemos nem devemos branquear a história. Não deveriam ter transformado a sede da PIDE num condomínio de luxo, assim como pretendem agora transformar o forte de Peniche em empreendimento de luxo. Há memórias que deveriam ficar intocáveis para nos recordar e recordar aos vindouros que ninguém mais cerra as portas que Abril abriu.
Neste octogésimo aniversário do Tarrafal, trago a mensagem que publiquei aqui em 23 de abril de 2015.
«Tarrafal
A 23 de abril de 1936 é publicado no Diário do Governo o Decreto-Lei nº 26539 que cria a Colónia Penal do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde.
Foi há 79 anos que o Campo de Concentração Tarrafal, também conhecido por campo da morte lenta, foi instituído por ordem de Salazar, para aí calar todos aqueles que ousavam desafiar os abutres do regime de então.
Este campo foi construído de acordo com os ensinamentos dos campos de concentração da Itália fascista e da Alemanha nazi e foi inaugurado em 29 de outubro de 1936.
O seu primeiro diretor, capitão Manuel Martins dos Reis, fez questão de anunciar aos prisioneiros que “Quem vem para o Tarrafal, vem para morrer!”. Esta tese é fortemente alicerçada pelo facto de o primeiro médico do campo de concentração, Esmeraldo Pais de Prata, aqui chegado em fevereiro de 1937, ter advertido os presos que não estava aqui para curar doentes, mas para “passar certidões de óbito.”
É bom relembrar para que jamais aconteça algo semelhante.»
Foto: Mapa do Campo de Concentração gravado sobre osso por Cândido Joaquim da Costa, in  Fundação Mário Soares



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