domingo, 3 de abril de 2011

O Centro do Mundo

 
Publicou ontem – 2 de abril – o L'Osservatore Romano na versão portuguesa um artigo assinado por Konrad Krajewski com o título «Onde está o centro do mundo».
É um texto magnífico que recorda João Paulo II seis anos após a sua morte.
Com a devida vénia ao L'Osservatore Romano eis alguns excertos desse artigo.

“(…) Quem entrava em contacto com João Paulo II, encontrava Jesus, que o Papa representava com todo o seu ser. Com a palavra, o silêncio, os gestos, o modo de rezar, a maneira de se orientar no espaço litúrgico, a contemplação na sacristia: com todo o seu modo de ser. Nota-se isto imediatamente: era uma pessoa repleta de Deus. E para o mundo tinha-se tornado sinal visível de uma realidade invisível. Inclusive através do seu corpo atormentado pelo sofrimento dos últimos anos. (…) Desde o ano 2000 o Papa começou a debilitar-se cada vez mais. Caminhava com muita dificuldade. (…) Nos últimos anos do serviço ao lado dele dei-me conta de que a beleza está sempre ligada ao sofrimento. Não se pode tocar Jesus sem tocar a cruz: o Pontífice estava tão cansado, pode-se dizer atormentado pelo sofrimento, mas extremamente radioso, enquanto com alegria ofereceu tudo o que recebeu de Deus e com júbilo restituiu a Deus tudo o que dele teve. De facto, a santidade - como dizia Madre Teresa de Calcutá - não significa que oferecemos tudo a Deus, mas que Deus retoma de nós tudo o que nos deu. (…) No meu país existe este ditado: "O rei está nu diante dos olhos dos seus servos". Quanto mais íamos conhecendo João Paulo II, tanto mais nos convencíamos da sua santidade, víamo-la em cada momento da sua vida. Ele não escondia Deus. Se quisesse indicar o que é mais importante para a vida sacerdotal e para cada um de nós, olhando para ele poderia dizer: não esconder Deus em si, mas ao contrário, mostrá-lo e tornar-se o sinal visível da sua presença. Ninguém viu Deus, mas João Paulo II tornou-o visível através da sua vida. (…) Gradualmente comecei a dar-me conta de que o centro do mundo era sempre onde eu estava com o Papa: não porque estava com João Paulo II, mas porque onde quer que ele estivesse, rezava. Entendi que o centro do mundo está onde eu rezo, onde estou junto com Deus, na união mais íntima que existe: a oração. Estou no centro do mundo quando caminho na presença de Deus, quando "nele realmente vivo, me movo e existo" (cf. Act 17, 28). Quando celebro ou participo na Eucaristia estou no centro do mundo; quando confesso e me confesso, no confessionário está o centro do mundo; o lugar e o tempo da minha oração constituem o centro do mundo porque, quando rezo, Deus respira dentro de mim. O Papa permitiu que Deus respirasse através dele: todos os dias passava muito tempo diante do tabernáculo. O Santíssimo Sacramento era o sol que iluminava a sua vida. E ele diante daquele sol ia aquecer-se com a luz de Deus. A vida de João Paulo II era embebida de oração. Tinha sempre nas mãos o terço, com o qual se dirigia a Maria, confirmando o seu Totus tuus. (…) “

©L'Osservatore Romano - 2 de Abril de 2011
 

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