domingo, 23 de setembro de 2012

Hurricane Haren

 
Haren, pequena cidade holandesa com cerca de 18 mil habitantes, nomeado o município mais atrativo da Holanda em 2012, amanheceu este sábado como um campo de batalha. Os seus habitantes não queriam crer no que viam, lixo e mais lixo, latas e garrafas de bebidas por todo o lado. O mobiliário urbano, e sobretudo os imaculados jardins da cidade sofreram um autêntico assalto pelas quase 4.000 pessoas que na passada sexta-feira acorreram a uma falsa festa de aniversário convocada pelo Facebook.
Merthe, a adolescente aniversariante, esqueceu-se de mencionar na rede social que o convite era privado e está destroçada, tal como seus pais. Saldo final 34 detidos, 30 feridos e carga da polícia antimotim até às 3 da madrugada.
O convite de Merthe, que completou 16 anos, foi confirmado por cerca de 30.000 pessoas! Ante a ameaça que poderia ser semelhante avalancha à cidade de Haren, no norte do país, o município tomou medidas. A realidade superou as expectativas do presidente do município, Rob Bats, que admitiu o caos. "Venho de San Martín (antigas Antilhas Holandesas) onde sofremos furacões. Isto é como se aqui tivesse passado um."
À semelhança de outros convites em massa, entre os jovens que foram para Haren havia "um núcleo duro de cerca de 25 jovens que procuravam luta", segundo as autoridades. Alguns moradores de Haren perguntam porque é que as autoridades não levaram estes falsos convidados para o campo de futebol da cidade, a fim de ali efetuarem a festa. Uma gelataria italiana situada na rua onde mora Merthe, foi invadida por um grupo de bêbados que partiu e roubou montras, jogou cadeiras e garrafas ao chão. Uma sapataria do centro da cidade foi destruída e saqueada. "Parecia uma guerra, com a polícia a carregar sobre estes vândalos", afirmou o proprietário de um café que teve que fechar portas e janelas com os seus clientes lá dentro para evitar serem assaltados.
Apesar do susto, este fim de semana os moradores da Haren não se mostram amedrontados e jogaram mãos a baldes, esfregonas e pás para limpar a sujidade deixada pela passagem dos vândalos. Chamam-lhe, com bom humor, "Operação Limpeza".
 
Texto de Isabel Ferrer, publicado in El País 22/09/2012
 

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