domingo, 4 de setembro de 2011

Onde está DEUS?!

 
Após umas merecidas férias voltou às bancas, ou seja às nossas casas, O SINO - boletim paroquial de Quintos.
Traz na primeira página deste mês de setembro este magnífico artigo, que passo a transcrever:

Onde Está Deus?!

Deus está em toda a parte. Mas, «se está em toda a parte, porque não O vemos?».
Telescópios, microscópios, radares, sensores e outros instrumentos aumentam para níveis extraordinários a capacidade dos cinco sentidos com que o homem apreende o mundo e desvenda muito do que para nós era dado como inexistente.
A sensibilidade natural encontra-se apoiada por tecnologia que nos permite ultrapassar em muito as capacidades naturais. Contudo, Deus permanece invisível. Mas para o crente, a certeza da existência de Deus, na sua intimidade, é uma das mais certas a que o homem pode aceder.
Como é possível ter esta certeza de Deus, sem O vermos com os nossos olhos?
Também não vemos os pensamentos e emoções uns dos outros. Quanto muito, vemos a sua tradução em ações ou expressões de comunicação. No entanto, «sabemos» que os pensamentos e as emoções existem pelo simples facto de também existirem em nós. Podemos localizá-los, como tendo origem no nosso cérebro, que a ciência designa como centro de tais pensamentos e emoções.
Mas, onde podemos localizar Deus para aí, de algum modo, assentarmos a nossa certeza da Sua existência?
Ao formular esta interrogação como crentes, cientes do seu significado, estamos à procura de algo que, de facto, não está no nosso mundo. Deus não está ao alcance dos nossos sentidos para que O possam visualizar. Ele transcende-nos. Só podemos visualizar ou descrever com clareza aquilo que adquire uma forma concreta no nosso mundo e se torna objeto dos nossos sentidos. Ora Deus não é um objeto do mundo, nem sequer um objeto abstrato do nosso pensamento. Deus é, sabemo-lo, a verdadeira origem e fundamento de nós próprios e de tudo quanto existe. Sempre que O tornamos um objeto diante de nós, estamos a pintar o nosso desenho d'Ele e a falseá-lo. Sem sentidos próprios para vermos Deus, Ele é e será sempre invisível. Pretender vê-l'O, exige que aprendamos a ver o invisível. Contudo, Deus tomou a iniciativa e aproximou-se do homem, entrando na sua história. Nós, cristãos, temos uma longa tradição que aponta para o encontro do homem com Deus. A Bíblia narra a caminhada de um povo que, em sucessivas gerações, procura viver sustentado pelo Deus invisível.
Mas, mais que um testemunho das páginas bíblicas, transparece a voz de Deus que indica o caminho em que a unidade do Criador com a criatura é possível. Para se aproximar de Deus o homem terá de tornar-se muito mais humano, trocando o coração de pedra por um coração de carne.
Mais do que saber onde está Deus, importa o nosso encontro com Ele, para não permanecermos no pecado da contemplação estática de Deus.
Chegados ao fim da nossa viagem, algures numa tangente entre o nosso espaço-tempo e a eternidade de Deus, perante o abraço de Cristo, poderemos exclamar, como Silesius: «Deus é em mim fogo e eu sou n'Ele o brilho».

Publicado in O SINO, boletim paroquial de Quintos, setembro de 2011
 

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