domingo, 20 de março de 2011

O camarada Kadafi

 
O Partido Comunista Português acusa o governo de “subserviência e seguidismo em relação às grandes potências imperialistas e da NATO”, porque Portugal votou no Conselho de Segurança da ONU a favor de uma intervenção militar na Líbia. No jornal «Avante!» de 17 de março, afirma-se que “...os laços entre o imperialismo e os revoltosos (líbios) são cada vez mais claros...”.
Confesso que fiquei surpreendido com este tipo de discurso. Julgava eu – erradamente – que o PCP já tinha ultrapassado a fase «tudo o que é antiamericano é bom». O coronel líbio Kadafi é antiamericano. Mas não presta, é um ditador e criminoso.
A defesa a qualquer preço de ditadores e criminosos só porque são antiamericanos é um preço demasiado elevado que o Partido Comunista paga.
Defender regimes políticos como o líbio ou o norte-coreano só empobrece quem o faz.
A revolta a que assistimos no mundo árabe vai, ao que tudo indica, atingir todos os países do golfo. Não acredito que o Conselho de Segurança da ONU seja tão célere em querer atacar ditadores que massacrem os respetivos povos, nomeadamente no Bahrein, Qatar ou Arábia Saudita. Não duvido que os norte-americanos colocarão as suas forças nestes países ao lado dos tiranos que detêm o poder. Mas nessa altura o PCP nada pode dizer... por falta de legitimidade.
 

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