domingo, 15 de janeiro de 2012

Salvada e a sua igreja (II)

 
Tal como prometido na passada semana, transcrevemos hoje a segunda e última parte do artigo do professor José António Falcão publicado no Notícias de Beja nº 4137 de 05/01/2012.

Contributo para o Estudo da Igreja de Salvada (Beja)

Beja, 25 de Maio de 1755. Contrato celebrado entre Manuel Nunes, oficial de pedreiro de Beja, e a paróquia de Nossa Senhora da Salvada para obras na igreja desta aldeia. Beja, Arquivo Distrital de Beja, Cartórios Notariais de Beja, 1, 1, 1702-1705, L.º 41, Cx. 7, fls. 54 v.º-55.

“Obrigacaõ [sic] e contrato que faz Manoel nunnes oficial de pedrejro morador nesta cidade com o Reuerendo da Igreja da Saluada e com os lavradores da dita Igreja seus fregezes Saibaõ quantos este publico instrumento de obrigacaõ [sic] e comtrato virem que no Anno do nasimento de nossa senhor Jessus Christo de mil e setesentos e sinco annos aos vinte dias do mês de majo do dito Anno nesta cidade de Beja nas cazas de morada de mim tabelliam ao diante nomeado apareceu perzente o Reuerendo Padre Joaõ gomes franco cura da igreja de Nossa Senhora da Conceipcao [sic] da saluada termo desta dita Cidade e com elle iuntamente os lauradores moradores na dita fregezia abacho asinados todos de huã parte e da outra estaua tanbem perzente Manoel Nunnes oficial de pedreiro morador nesta dita Cidade pesoas de mim tabelliam e das testemunhas ao diante nomeadas e escriptas e no fim desta asinadas pollo dito Reverendo Padre joaõ gomes franco cura da dita igreja e freguezia della e os mais lauradores e moradores nella abacho asinados foj dito e diseraõ que assim era uerdade e nella passa que elles estauaõ Contratados com elle dito manoel nunnes pera auer de fazer na dita igreja as obras seguintes a saber

Photo: João Palmela
*huã naue de acresentamento da parte da Capella major velha e da banda de fora se fará a Capella major noua e fechadas de abobedas toda a obra noua e assim que elle dito manoel nunnes será obrigado a fazer fora e para a Cappela sem portas outrosj amanhar os telhados e alpendre da dita igreja e este a de sser forrado de taboado lavrado com a madeira que na dita Jgreja está e que faltando alguns paus será elle dito manoel nunnes obrigado a por lhos e compra los a ssua custa e isto por presso e quantia logo sertã e nomeada de semto e sincoenta mil reis en dinhejro de contado os quais se obrigauaõ elles ditos lauradores hirem dando por parcellas a elle dito manoel nunes para auer de comprar todo o nesesario para a perzente obrá em que estaõ contratados com declarassaõ que esta se a de fazer e acabar athe dia de natal que embora a de uir do anno de setesentos e seis annos com toda a perfeissaõ e seguranssa posivel assim na dita obra como en ssuas abobadas e que do dinhejro que cobrar irá elle dito manoel nunnes dando Resibos para que no fim da dita obra se saber a quantia que se lhes está entrege para assim lhe acabarem de dar satisfassaõ en todo dos ditos semto e sincoenta mil Reis os quais se obrigaõ todos os nesta escriptura asignados darem e pagarem a elle dito Manoel Nunes com mujta satisfassaõ, e pontualidade sem quebra ou deminuissaõ alguã por todos os seus bens e fazenda assim mouens como de Raiz que hoje tem como ao diante poderaõ ter e que poderá elle dito manoel nunnes pegar por todos e pello melhor parado delles pello Resto que no tal tempo se lhe esteja a deuer e que outrossj seraõ elles ditos lauradores obrigados a pagar todos os carretos dos meteriais nessessarios para a dita obra ou mandarem as suas bestas aos ditos carretos que somente elle dito manoel nunnes será obrigado a cobrar o dito dinheiro e com elle comprar todo o nessessario porque o mais corre por conta delles sobreditos comodito teem e nesta forma estaõ elles sobreditos leuradores aiustados e comtratados com elle dito manoel nunnes que perzente estaua pelo qual logo foj dito que elle aseitaua em ssim este dito jnstromento de contrato e obrigacaõ [sic] de obra com todas as clauzulas condicoins [sic] e obrigacoins [sic] asima escriptas e declaradas e que se obrigaua a afzer a dita obra the o dia de Natalda era de setesentos e seis annostudo na forma declarada e dar Resibos de todo o dinheiro que os ditos lauradores lhe forem dando para aiustamento de ssuas contas dos ditos sento e sincoenta mil Reis como também conprar todos os meteriais que nessessarios forem para a dita obra obrigando sse elles lauradores a todos os carretos ou dando dinheiro para elles mandando os elles mandando os conduzir com bestas ssuas e outrossj se obrigaua a por no alpendre da dita igreja os paus que nessessarios forem excepto os que no dito alpendre estaõ a ssua custa para o que obrigauao [sic] sua pessoa e todos os seus bens assim movens como de Raiz que hoje tem e ao diante tiver e ouuer assim a satisfassaõ do dinheiro como a obra ficar perfejta e acabada tudo na forma já nesta escriptura Relatada *E eu tabelliam como pesoa publica que sou estupulante e aseitante estupulej e aseitej este dito jnstromento de obrigacaõ [sic] e contrato de obra tomada para fazer en nome de todas as pesoas a quem tocar e conuir pode a esto e abzentes tanto quanto com direjto deuo e posso em Rezaõ do meu ofissio e em fée testemunho da uerdade e as partes de todo esto foraõ contentes e assim o outorgaraõ e mandaraõ de todo sser fejto esto publico instromento nesta nota para dela o teor cumprirem e della dar os tresaldos que nessessarios forem sendo a todo esto perzentes por testemunhas o Reuerendo Padre Cura Joaõ gomes franquo e manoel gonçalues morador na aldeia da dita freguezia que todos aqui asignaram e fizeraõ seus sinais por [e]lles acustumados com elles partes
*E eu Antonio Mendes de gois tabelliam de notas que o escreuj
*Manoel + Nunes
*Como testemunha Padre Joaõ gomes franco do laurador esteuaõ + luis da testemunha Manoel + gonçalues do laurador Manoel + Lourenco [sic]
*do laurador Manoel + Martinz”

José António Falcão in Notícias de Beja nº 4137 de 05/01/2012
 

Sem comentários: