segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Profeta

Quando a desgraça bate à porta nunca entra sozinha. Consigo vem também o profeta. Da desgraça. Olha-nos nos olhos e de indicador direito em riste dispara: Eu avisei! Eu já tinha dito! Era espectável! Etc …
Mentira! Nunca tinham avisado, nunca tinham dito e nem sequer era espectável.
Perante um desgraça, uma tragédia, uma catástrofe, quando a dor e o sofrimento nos toldam a razão ele está sempre lá. De indicador em riste. A acusar. Quem? Não importa. Ele tem que acusar algo ou alguém. E como a dor e o desespero são enormes captam com facilidade a atenção dos desprotegidos. Dos desesperados. Num cenário de catástrofe, de guerra, de dor ele, o profeta, torna-se importante. É o seu momento de glória. Usa e abusa da fragilidade das pessoas em sofrimento.
O que aconteceu no passado sábado na Pérola do Atlântico foi uma calamidade. A quantidade de água que se abateu na Ilha da Madeira no espaço de tempo de algumas horas, causaria o caos e destruição em qualquer parte do mundo com a orografia da Madeira.
Agora é fácil apontar o dedo. Mas os erros – que existiam, tal como existem em todo o lado – não foram feitos na sexta-feira anterior. Estavam lá há muito tempo …
Os apontadores de dedos nestas ocasiões dispensam-se. Precisam-se, isso sim, de braços para ajudar a reconstruir. E corrigir o que estava mal.

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