quinta-feira, 25 de abril de 2013

Adeus 25 de Abril

  
Passam hoje 39 anos sobre a queda do fascismo em Portugal.
Quintos há mais de trinta anos que festeja esta data de uma forma muito especial, única.Tudo começou por iniciativa dos trabalhadores da UCP Pioneiros da Reforma Agrária nos finais dos anos 70 do século passado.
Este dia era de confraternização entre todos, sem exceção. A todos era oferecido um almoço que tinha como prato principal borrego à pastora e em alternativa, para quem não gostava de borrego, um outro prato que por norma era cozido de grão ou de feijão. Aos participantes do almoço apenas era pedido que levassem consigo um prato, talher e... Apetite! Havia sempre quem também levasse um bolo feito de véspera após mais um dia de trabalho. Nesse tempo, até parece mentira, toda a gente trabalhava.
Passados alguns anos os Pioneiros da Reforma Agrária deixaram de existir. Contrariando a vontade de mentes mais retrógradas a celebração do 25 de abril continuou nos mesmos moldes, com a mesma força, com uma participação sempre cada vez maior. A assegurar este acontecimento ficou a Junta de Freguesia de Quintos, quer logística quer financeiramente. Até hoje.
São poucas, muito poucas as terras em que se comemora a conquista da Liberdade desta forma, oferecer um almoço a toda a sua população e a todos os que quiserem participar nesta celebração. É sempre bem-vindo quem vier por bem, é o lema de Quintos.
Todos acreditam quer este será o último ano que se celebra o 25 de abril em Quintos, desta forma.
A Freguesia de Quintos irá morrer no outono próximo, aquando das próximas eleições autárquicas, e com a sua morte morrerá também esta peculiar forma de celebrar Abril.
Podem matar freguesias, podem condenar à fome e à miséria um povo inteiro, mas nunca se esqueçam que isso é só até que o Povo diga BASTA!
Esse dia já esteve mais longe.
  

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Descer à terra

  
A economia internacional – e nacional por arrastamento – obriga-nos a regressar ao passado. A necessidade, a falta de rendimentos, a fome – essa palavra maldita que tanto nos assusta! – obriga-nos a fazer coisas que, há cinco ou dez anos, apenas fazíamos por “gracinha”. Refiro-me a plantar na varanda, no terraço, num pequeno espaço nosso, produtos que sempre nos habituámos a ir comprar ao supermercado. É ter à mão de semear a nossa horta.
Para lhe dar uma mãozinha na criação da sua horta existe o RE-PLANTA!
O projeto Re-Planta! é propriedade da AMCAL, GESAMB e RESIALENTEJO, tendo sido a ideia original criada pela empresa Maismomentos a qual se encontra a desenvolvê-lo até Julho de 2013.
«Plantar está na nossa Natureza. Recomece! Com ou sem a nossa ajuda, Re-Plante!»
«Porquê ter uma Horta? Em primeiro lugar porque é simples, saudável, gratuito e vai ver que muito recompensador!»
Não deixe de visitar este sítio porque muito se aprende aqui.
Mas se quer aprender de uma forma mais completa, onde se alia a teoria à prática, inscreva-se num seminário sobre esta temática, a que se dá o nome de Oficinas Re-Planta! Infelizmente a de Beja, que terá lugar a 25 de maio na Ludoteca Casa do Lago (frente ao edifício do Governo Civil), já se encontra esgotada.
  

domingo, 21 de abril de 2013

Cara a cara

 
Até 29 de setembro está patente ao público na Fundação Cartier, em Paris, a escultura «Mask II» do artista australiano Ron Mueck.
Na imagem, um visitante observa a impressionante escultura.

 
Foto: Thomas Coex /AFP / Getty Images
 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Ser Cientista, o que é?

 
De dois em dois anos os investigadores do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) da Universidade Nova de Lisboa fazem questão de receber todos aqueles que queiram saber mais sobre o que é ser cientista. É o chamado Dia Aberto ITQB.
Amanhã, sábado, é Dia Aberto ITQB. O Instituto funciona em Oeiras e o dia aberto decorre entre as 10H00 e as 17H00, a entrada é livre.
É uma iniciativa louvável destinada a pequenos e graúdos, a todos que gostam de ciência.
A quem lá for, uma coisa posso garantir, não dará o seu tempo por perdido!

  

  

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Medicamento fatal

  
Promete-se cura para a maleita com um medicamento inovador, mas contrariando as expectativas, o doente não só não melhora como o seu estado de saúde geral de deteriora de dia para dia. Solução, aumenta-se a dose do fármaco. Escusado será dizer que o doente acabará por sucumbir passado pouco tempo.
É esta a receita da troika. É este o tratamento que Passos e Gaspar aplicam aos portugueses.
Todos sabem que a prescrição está errada, ou, pelo menos, não é a mais correta, mas é preferível matar o doente que reconhecer o erro médico cometido.

O New York Times escrevia no seu editorial de hoje sob o título Europe’s Bitter MedicineHá mais de dois anos que os líderes europeus administram um 'cocktail' de austeridade orçamental e de reformas estruturais em países debilitados como Portugal, Espanha e Itália, prometendo que isso será o tónico para curar os males económicos e financeiros, mas todas as provas mostram que estes remédios amargos estão a matar o doente”.

Será tudo isto um lóbi do laboratório fabricante deste maldito fármaco?
  

terça-feira, 9 de abril de 2013

ASAE versus Tribunal Constitucional

  
Perdoem-me a arrogância mas parece que está tudo louco. 
Exemplo 1, fictício:
Na passada sexta-feira a ASAE deslocou-se ao restaurante “Passada de Coelho” e apreendeu quatro quilos de banha de porco que se encontrava com o prazo de validade ultrapassado. A gerência do dito restaurante acusa a ASAE de inviabilizar o fabrico de «Rojões à Moda do Minho». 
Exemplo 2, real:
Foto: Carla Rosado in Público
 

Na passada sexta-feira o Tribunal Constitucional declarou a inconstitucionalidade de quatro normas do Orçamento de Estado que está em execução. 
Aqui-d'el-rei, gritam desalmadamente os defensores deste governo.
Mas, humildemente pergunto, a Lei só deve ser aplicada quando não colide com interesses instalados?
A Constituição está suspensa ou foi alterada por portaria ou decreto-lei? 
São os loucos de Lisboa?


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Rua!

  
Fora de cena quem não é de cena.
Há muito que esta saída se esperava.
Foi tarde, muito tarde, tarde de mais talvez.
A Comissão de Trabalhadores da RTP pede que Relvas leve com ele a administração da televisão portuguesa.
Nestes tempos de crise não podemos ser tão exigentes...
Mas já que pedir ainda não paga imposto, ótimo seria que Relvas levasse consigo - e para bem longe! - o resto deste maldito governo.

  
Foto: Daniel Rocha in Público
  

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O futuro a Deus pertence

  
O futuro a Deus pertence, mas há outros deuses menores que o querem prever. Chamam-se astrólogos, bruxos, analistas políticos, e outros. Todos estes deuses menores têm uma coisa em comum: por norma, nunca acertam. As raras vezes em que acertam é pura casualidade.
Sobre esta tremenda incógnita – O Futuro – escreveu Ricardo Vargas na revista Start&Go de março/abril, um excelente artigo, que transcrevemos, com a devida vénia:

Futuro, terra incógnita

É humano e não há nada a fazer. Tendemos a lidar mal com a incerteza. Por isso inventamos mezinhas e rezas, consultamos astrólogos e adivinhos, pagamos a investidores e especialistas financeiros para que nos digam o que vai acontecer a seguir.

Não aceitamos a aleatoriedade, o acaso, a ambiguidade. Parece-nos impossível que uma coisa possa ser boa e má ao mesmo tempo, sob diferentes pontos de vista. A maioria de nós precisa de caixinhas fechadas para classificar a realidade e iludir-se acerca do seu controlo. Pensamos que por conhecer algumas das regras que gerem os acontecimentos eles ficam sob nosso domínio. A gestão é um ofício que depende da previsibilidade. Por isso os futurólogos têm um lugar tão central no nosso imaginário. Damos como boas as suas previsões sem pôr em causa os pressupostos com que analisam os factos, nem validar os seus critérios de seleção de informação. Permitimos-lhes que pensem por nós. Preocupamo-nos quando nos dizem que o momento é difícil e investimos quando nos dizem para o fazer. Quando tudo corre bem, as previsões dos especialistas diferem entre si algumas décimas de milímetro e nada mais. Todos seguem a mesma cartilha que lhes permite parecer que sabem do que falam sem correr o risco de afirmar algo tão fora das expectativas que possa ser facilmente desconfirmado a posteriori.
Mas quando a imprevisibilidade dos mercados atinge níveis elevados é vê-los de cabeça perdida. Basta ouvir o que dizem: “Esta é a maior crise desde a Grande Depressão”, “Vai passar tão rápido como a de 1987, não chega à de 1929”, “Já estamos a recuperar”, “Ainda não batemos no fundo”, “Invistam agora”, “Refugiem-se agora”. Visto de fora é quase divertido. A verdade é que se fosse possível fazer algum tipo de previsão os senhores teriam previsto o atoleiro em que nos encontramos. Onde estavam eles quando precisámos que nos avisassem para não avançar na direção do abismo? A fazer previsões marginalmente diferentes uns dos outros baseadas em factos do passado. Porque é assim que a coisa funciona. Os futurólogos analisam séries de dados do passado, caracterizam as semelhanças com a situação atual e “preveem” que o futuro será semelhante ao que aconteceu no passado a seguir à série de dados considerados. Não é espantoso? Os futurólogos olham para o passado para prever o futuro. Colocam uma “régua mental” sobre os gráficos existentes e traçam o ponto provável onde estaremos a seguir, utilizando esse padrão. Esquecem que os atores, as condições e os contextos que criaram os padrões de acontecimentos passados já não existem. Por isso as suas previsões são estatisticamente menos fiáveis do que o boletim meteorológico. O próprio conhecimento dos acontecimentos passados será utilizado pelos atores de hoje para maximizar os seus resultados amanhã. O jogo muda quando muda uma das suas variáveis. E no caso do mercado mudam todas de cada vez que uma oportunidade se apresenta. O futuro é uma terra incógnita. Não sabemos que povo o habita, que língua fala, que leis o regem, que valores tem. Não sabemos que doenças o afetam, nem se somos imunes a elas. Não conhecemos os seus negócios nem os seus líderes. Tudo o que sabemos sobre o povo do futuro é que será tão parecido connosco quanto os filhos se parecem com os pais. O que é quase nada. Por isso eu prevejo que algumas coisas muito boas e algumas coisas muito más acontecerão nos próximos tempos. Mas estudando as previsões do passado prevejo que as coisas verdadeiramente relevantes não serão previstas por ninguém.

Ricardo Vargas, CEO, Consulting House in revista Start&Go, nº 1 março/abril 2013