domingo, 31 de janeiro de 2010

O Melhor Post de Janeiro

O melhor post de Janeiro de 2010 é sobre virtualidades.
Poderia ter o título de A Virtualidade de Todos Nós, mas não tem.
Retrata, e bem, o mundo virtual em que todos nós – cibernautas – vivemos. Queremos fazer passar uma imagem ora fria, ora apaixonada, consoante os amores ou humores. Mas, por vezes, temos (na net) comportamentos que nos surpreendem.

Meditação sobre a década que hoje começou a acabar

Eu às vezes, durante os ócios do meu ofício, vou a um "chat" internético largar umas quantas bojardas. Não conheço lá ninguém pessoalmente, e creio que poucos se conhecem entre si. É um mundo essencialmente anónimo, onde, através de um nickname, as pessoas se interpelam, se insultam, se seduzem, se acarinham e se agridem umas às outras. Para quem leve aquilo a sério, a experiência pode ter consequências. Para quem lhe pegue como uma espécie de playstation que se liga e desliga sem mais aquelas, como é o meu caso, é simplesmente divertido. É bom não esquecer, no entanto, que por detrás de cada nickname existe um ser humano. Nem sempre nos lembramos disso.
Há tempos, entrei lá e alguém me interpelou: se eu já sabia de fulano. Não, não sabia. Pois, é que fulano morrera subitamente, há uns dias atrás. Estava toda a gente transtornada. Houvera quem não tivesse dormido, ou quem não conseguisse deixar de chorar. O clima era o de um Pátio das Cantigas virtual mas, à excepção de quem dera a notícia, ninguém conhecera pessoalmente o falecido, ninguém sabia quem ele era. Era apenas um nick que de vez em quando por ali aparecia e que, se bem me lembro, soltava umas frases bonacheironas. No fundo, toda a gente chorava a morte de um perfeito desconhecido como se fosse um amigo chegado.
Provavelmente, em nenhuma outra década como na que agora começou a acabar chorámos ou rimos tanto por causa de gente que achávamos que conhecíamos. Já muito se tem falado desta virtualidade, que foi uma das grandes marcas da época: nunca tivemos tanta gente ao alcance dos dedos, nunca o mundo nos entrou tanto pela casa dentro.
Mas talvez nunca tenhamos estado tão afastados dos outros e da realidade, porque só uma parte deles - e dela - nos chega pelo monitor. E essa parte é a mais segura e asséptica: não há cheiros, nem toques, nem frio nem calor, nada nos atinge sem ser filtrado. Amamos e odiamos sem impedimentos físicos, sem as barreiras dos sentidos e daquilo que quando eu andei na catequese se chamava o "respeito humano." Somos capazes de ter centenas de amigos, porque eles nada mais nos exigem do que uns cliques no rato. E podemos ter inimigos à farta, porque não nos vão enfiar um murro entre os olhos.
No computador do seu quarto (cuja potência é largamente superior à que foi necessária para enviar os primeiros homens à Lua em 1969), qualquer puto tem hoje ao alcance da mão, em segundos, mais informação crítica sobre o mundo do que tinha nessa altura o presidente dos Estados Unidos. Mas não sabe nem quem é o primeiro-ministro do seu país. Os miúdos da geração SMS cada vez falam menos e grunhem mais. E são capazes de estar a falar uns com os outros pelo telemóvel na mesma sala, com poucos metros entre si. Não me apetece ser velho do Restelo ou tio chato para quem dantes é que era bom. Mas só um idiota achará que isto não é inquietante.
"Less is more" - menos é mais - era o lema arquitectónico de Mies van der Rohe. Eu temo que mais seja cada vez menos. Estamos ainda longe de viver em redomas, aventurando-nos cada vez menos para fora delas ao encontro de uma realidade que é desagradável, porque real. Mas já estivemos bem mais longe.

Mudar de Vida

Ao longo da vida são processadas várias mudanças.
Umas melhores outras menos conseguidas. Quando são profundas chamam-se reformas.
Reforma é também um estágio da vida que se atinge após longos anos de trabalho. Eu sei que também há quem o atinja sem nunca nada ter feito, e para evitar que isso aconteça é preciso reformar o sistema.
No século passado Portugal efectuou uma mudança de vida que impressionou. Foi no dia 25 de Abril de 1974. Foi uma mudança efectuada por um punhado de Homens para contentamento de milhões!
Passados poucos meses, Portugal impressiona a Europa e o Mundo e põe em marcha uma outra mudança. Uma outra reforma. A Reforma Agrária.
Muitos corações de latifundiários estremeceram por toda a Europa com receio que Portugal fosse fonte de exemplo.
Muitos outros, curiosos e encantados pela bravura dos portugueses, vieram ver com seus próprios olhos a Revolução Agrária que os portugueses estavam a fazer.
Foram momentos encantadores de entrega, de luta, de bravura! Era comovente ver a alegria estampada no rosto de assalariados agrícolas que viam o produto do seu trabalho reverter para o bem comum e não, como sempre aconteceu, para o bolso de um amo e senhor. Era o fim da humilhação. Era o fim da escravidão. Era o fim do chapéu na mão a suplicar uma esmola.

Houve excessos, houve erros, houve abusos.
Comparados com os excessos, erros e abusos cometidos pelos latifundiários e seus lacaios ao longo de tantas vidas, os cometidos durante o processo da Reforma Agrária não passaram de pequenos acidentes de percurso.
A felicidade de um Povo incomoda muita gente. Tudo se fez para que essa felicidade acabasse. E conseguiram …
35 anos depois do seu início é bom lembrar que em Portugal houve gente Honrada que lutou por um país mais justo, em que o fruto do seu trabalho não estivesse apenas nas mãos de uns quantos.
Afinal, tudo não passou de um sonho.
Um sonho lindo que acabou.
“Foi bonita a tua festa, pá ...”

sábado, 30 de janeiro de 2010

A Ǝsquerda Torta


Invadir um país, destruir todas as suas infraestruturas, assassinar milhares de pessoas, com a desculpa que o seu presidente era um ditador, é lunático.


Há lições que podem ser aprendidas sobre a construção de um país” é com este snobismo que Sua Excelência Tony Blair se refere à invasão do Iraque pelo Reino Unido da Grã Bretanha e seus aliados.


Como a franqueza e arrogância vêm de um homem de esquerda, a esquerda portuguesa nada diz. Assobia para o lado.


Quando alguém se insurge contra a entrada massiva de estrangeiros no seu próprio país, é – vá-se lá saber porquê! - considerado de direita ou fascista.


O Partido Socialista Português acha legítimo a invasão, ocupação e massacre do povo iraquiano.
Os Socialistas negam o direito à auto-defesa do povo iraquiano.


O Partido Nacional Renovador acha que deveria ser regulada a entrada de estrangeiros em Portugal. O Partido Socialista Português acha essa ideia fascista.

Se negar legitimidade à auto-defesa é ser esquerda, eu sou, com orgulho, de Direita!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Barragem de Alqueva


O cartoon do Diário do Alentejo tem sempre, ou quase sempre, um humor desconcertante.
O da semana transacta é um deles.
Os nossos parabéns ao Luca.



domingo, 24 de janeiro de 2010

A Escola com Futuro

É impossível falar de futuro sem falar de escola. É na escola que o futuro se talha. Para bem ou para mal dos nossos pecados.
Defender a laicidade da escola é tão discutível quando defender o contrário. A escola deve ser um caldo de formação, não apenas académica, mas cívica, cultural, intelectual e, já agora, religiosa.
Mas aqui levanta-se o problema: que religião?
Católica apostólica romana?
Ortodoxa?
Judaica?
Islamita?
E os extremistas (ou puristas, dependendo da perspectiva) proíbem-se com a aplicação da metodologia talibã, mas aqui com sinal contrário?
Não me estou a referir ao ensino em Portugal nem na Rússia, mas genericamente.
Em Portugal é fácil: religião católica apostólica romana. Na Rússia cristã ortodoxa.
Mas e as outras religiões? Iriam ficar caladas?
É claro que não.
Só que em Portugal a Igreja Católica cataloga-os como seitas. Curiosamente aqui na Rússia a Igreja Ortodoxa utiliza o mesmo adjectivo para todas as restantes religiões.
Em Portugal, no tempo de Salazar, provavelmente seriam adjectivadas como comunistas.
Na Rússia, no tempo de Estaline, provavelmente seriam adjectivadas como fascistas.
Adjectivos diferentes. Objectivos iguais.

D. José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa, dizia hoje na Universidade Católica de Lisboa que “a guerra aos símbolos religiosos é, hoje, na Europa, um sinal preocupante”.
Não sei se se estava a referir à retirada dos crucifixos das escolas portuguesas, se à proibição de construção de mesquitas na Suíça ou à proibição de uso de burka em França.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Quintos

Este blogue foi iniciado por uma pessoa natural da Freguesia de Quintos, Luís T. Pouco depois juntou-se Deolinda V que, apesar de não ser de Quintos, por lá mantém familiares.
Mais tarde apareceram a Ana Valéria e o Pedro Mouravitch que não são de Quintos, nem familiares lá têm. Por último apareci eu, natural de Malanje, Angola, não conhecendo Quintos nem tão pouco Beja, capital do seu Concelho e Distrito.
Neste quadro, pouco famoso em relação ao título do blogue, as notícias e/ou informações sobre Quintos tornam-se comprometidas.
É uma situação temporária, mas urge colmatar.
É nesse sentido que me dirijo a todos os leitores deste blogue naturais e/ou residentes em Quintos que nos façam chegar notícias e informações de e sobre esta Freguesia do Baixo Alentejo. Poderão fazê-lo de forma anónima, se assim o entenderem. No entanto a administração deste blogue reserva o direito de não publicar a informação ou notícia, sem antes a confirmar, se estiver em causa o bom nome de alguém.
Se alguém de Quintos quiser ser colaborador deste blogue poderá fazê-lo dirigindo um e-mail para quintos@mail.org.
Desde já o nosso muito obrigado a todos os que nos queiram ajudar.

O Administrador
José Falcão
josefalcao.quintos@gmail.com

sábado, 16 de janeiro de 2010

O Mérito

Todos nós gostamos de ser escolhidos para desempenhar uma função, seja ela qual for, por mérito. Pela competência, saber e aptidão que possuímos para esse cargo.
Julgava eu até ontem (15 de Janeiro) que todos nós pensávamos assim. Pelo menos publicamente!
Estava enganado.
O Dr. Vítor Constâncio disse que o lugar a que se candidata, vice-presidência do Banco Central Europeu, não é escolhido por mérito.
Cada um tem o seu preço.
Eu jamais me candidataria a um lugar, fosse qual fosse, em que a escolha fosse atribuída não por mérito, mas por cunha, arranjinho, jogo sujo, etc.
Mesmo que, por puro eufemismo, se dissesse que era por negociação.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ai Destino ...

Quis o destino que eu há dez anos atrás fizesse parte de um seminário sobre fiscalidade de offshores.
Nesse seminário realizado em Austin, capital do estado do Texas, apareceu como orador convidado um jovem jurista mestrando em fiscalidade pela UTA (University of Texas at Austin). Quando ouvi o seu nome julguei tratar-se de um hispânico. Fiquei admirado pelo brilhantismo do seu discurso. Perante um auditório recheado de pós-doutorados com muitos anos de experiência no offshore na área quer do direito quer da fiscalidade, esse jovem conseguiu prender a atenção da plateia. Quando me disseram que ele era português não acreditei. Julguei tratar-se de piadinha pelo facto de eu ser o único português naquele seminário.
Eu estava enganado. O jovem em causa era de facto português, mais precisamente, o responsável por eu estar aqui e agora a escrever, Luís Tavares. Foi aí que o conheci. Foi a partir daí que nos tornámos amigos. Amizade essa fortemente solidificada nestes dez anos, criando a sensação de sermos amigos desde tenra idade.
Quis o destino que o Luís me viesse bater à porta, literalmente, para ser administrador deste blog. Não gosto de desapontar os amigos, mas recusei. Recusei com factos, com provas. Ou melhor, coloquemos a coisa no singular, porque é apenas um facto ou prova que argumentei em minha defesa: nunca escrevi num blog! Nem em comentário!!
Dispenso-me a transcrever os contra-argumentos do Luís. É, entre outras, a especialidade dele. Tanto assim é que me convenceu. Não totalmente, mas a amizade também foi um argumento de peso.
E assim, quis o destino, que eu vá escrevendo por aqui até ao final deste ano. Não vai ser fácil para mim, porém todos os possíveis farei para cumprir este desígnio. Já só faltam 355 dias ...

sábado, 2 de janeiro de 2010

Foi Um Prazer Estar Consigo

Este é o post número cem deste blog.
Este é o meu primeiro post do ano 2010.
Este é também o meu último post do ano 2010.
Meras coincidências.
Fui convidado para desempenhar funções na área da consultadoria jurídica num organismo público. Trata-se de uma função com carácter extraordinário e com termo em 31-12-2010.
Por uma questão deontológica não poderei publicar nada neste ou em outro blog.
Apesar da minha tomada de posse estar agendada para o próximo dia 6, decidi terminar já a minha participação na blogosfera.
Ultimamente tenho-me desdobrado em contactos vários para escolher um novo administrador para este blog.
A Ana e o Petr são apenas convidados e é com esse estatuto que continuarão. A Deolinda é administradora mas, por motivos académicos, tem a sua função suspensa.

A minha escolha recaiu sobre um homem que não é de Quintos. Nem nunca esteve em Quintos.
José Falcão é o seu nome. Economista, 47 anos e vive no Reino Unido, país onde está instalado o servidor deste blog.
José Falcão é apenas licenciado, mas a sua carreira profissional é invejável. Sempre ligado ao mundo do petróleo, foi durante alguns anos administrador delegado da Exxon Mobil. Hoje trabalha no ICBT da BP em Sunbury-on-Thames, Londres.
Culto, afável, com uma inteligência muitos furos acima da média, é a pessoa indicada para este “cargo”.

Ao Dr. José Falcão, de quem tenho a honra de ser amigo, o meu muito obrigado e muitas felicidades.

Aos meus/nossos leitores um bom ano e um até sempre.

Luís Tavares

O Melhor Post de Dezembro

Coube-me a tarefa – ingrata – de escolher o melhor post de Dezembro.
Ser-me-ia bem mais simples se me fosse permitido escolher um blog russo (são os que mais visito!). Mas não, a administração deste bolg disse-me logo que isso estava fora de questão.
Como tal, tive que visitar mais de 400 blogs portugueses ou escritos em português.
Escolhi um post que, curiosamente, não tem título. O autor deste blog não dá títulos aos seus post.
É um poema de amor. Bonito. É com amor que fechamos o ano de 2009, quanto a O melhor Post do mês.

Vou até ao mais íntimo de mim
ao mais básico do meu ser
(se é que isso é possível, tamanho emaranho!)
para dizer-te que carrego no peito
o trago amargo dos dias
estes dias sem ti (dos).
Trago no coração uma tamanha força
Abrupta! Sinto-a a cada vez que dou um passo,
cada vez que procuro esquecer o vazio que deixaste.
Violentamente sinto-a no corpo,
deixa-me sufocado, como se os pulmões estivessem entupidos,
não respiro direito (e não culpes o tabaco!)
Como se me tivessem amarrado a uma cadeira,
não me deixando partir.
Contudo, na alma sinto uma paz... (inqualificável!)
E um sentimento (incomensurável!) divino, perfeito.
Que não sei como ou de onde veio,
Apenas que chegou, e sem pedir licença
Abriu a porta, entrou e sentou.
E por aí ficou… assim, a espera
Durante dias longos
momentos... sem ti (dos).

Publicada por João on 12/19/2009 01:46:00 AM

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Dia Mundial da Paz

Hoje é o dia por que todos lutamos. Paradoxalmente, é o dia da Paz.
Confesso que sou fraca em sociologia antropológica, mas creio que o Homem nunca foi pacifista. Isto é, defensor da Paz.
Ainda hoje, mais de dois mil anos depois do nascimento de Cristo, o Homem preocupa-se mais com a intriga, o combate, a guerra, do que propriamente com o bem estar de todos, a harmonia civilizacional, a PAZ!
Há quem diga que a guerra gera biliões e a paz só dá prejuízo.
Sua Santidade Bento XVI apelou hoje, mais uma vez, ao desarmamento total e ao respeito por todas as culturas.
Seria óptimo que todos nós parássemos um pouco e meditássemos na mensagem do Santo Padre.
Já é tempo de construirmos pontes em vez de muros.
Um bom ano a todos vós.