sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Show-off


Quando se termina uma missão todos gostamos de ser lembrados pela positiva, partindo do princípio que não somos masoquistas.
Há quem – porque a nossa mente é traiçoeira e recorda melhor o passado recente que o outro – aplique o seu melhor na fase final da sua missão para melhor ser recordado. Técnicas…
A administração de Barack Obama é masoquista. Muito masoquista. “Lembrou-se” agora de criticar o estado de Israel sobre os colonatos, como se essa política expansionista israelita fosse recente. Por onde tem andado John Kerry neste últimos anos?
Show-off triste, como me disse um amigo e colega da U. Texas, acérrimo partidário democrata.
Para não falar neste folclórico episódio da expulsão de russos.
Barack Obama merecia uma saída da presidência mais honrosa.

 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Pearl Harbor


75 anos depois do ataque a Pearl Harbor, um primeiro-ministro japonês visitou o local. Por todos aqueles que perderam a vida naquele fatídico dia apresentou as suas condolências. “Nunca mais devemos repetir os horrores da guerra” adiantou ainda Shinzo Abe, sem apresentar, como já se sabia, desculpas pelo ataque.
Sobre o apresentar ou não desculpas ficou-me esta frase “O Japão não tem nada que apresentar desculpas. Eles fizeram o que acharam que deveriam fazer, nós fizemos o que achámos que deveríamos fazer, nada mais do que isso. Estávamos em guerra.” Quem disse? Um sobrevivente desse ataque e veterano de guerra norte-americano.
Por vezes recebemos lições de onde menos se espera. Esta, deste sobrevivente, é uma grande lição.

Foto: Dennis Oda in New York Times
  

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Poder local

É sem dúvida o poder que se encontra mais próximo do povo. Foi o poder local - em especial nas regiões do interior onde tudo faltava - quem mais fez em prol das populações que viviam em autêntica miséria. Não podemos esquecer que muitos não tinham qualquer tipo de saneamento básico, água canalizada, arruamentos, e até mesmo eletricidade.
Transcrevo e subscrevo o que publica José Raúl dos Santos, antigo presidente do município de Ourique, no Diário do Alentejo na passada sexta-feira:
«(...) Quarenta anos depois, o poder local transformou e fez crescer aldeias, vilas e cidades, por esse país fora. Muita coisa mudou. E mudou, quase sempre, para melhor. Erros? Só não erra quem não faz. De norte a sul construíram-se equipamentos de lazer, de cultura e de desporto. Construíram-se bairros, estradas, saneamentos básicos, eletrificação em populações afastadas mas, acima de tudo, corrigiram-se problemas sociais. Corrigiram-se injustiças e conquistaram-se direitos. (...)
Ser autarca é a forma mais bela de se fazer política. O poder local é a génese da política e a forma mais digna de servir as pessoas. Poder ajudar os seus concidadãos a vencer as vicissitudes da vida e saber planear uma estratégia de crescimento para a terra que nos viu nascer é muitíssimo gratificante e um enorme desafio.
Defendo, e sempre defendi, que os municípios do interior devem ter, acima de tudo, uma preocupação social. As pessoas são, sempre, o mais importante. Satisfazer as necessidades primárias é uma obrigação, a criação de infraestruturas e o incentivo ao crescimento económico um dever. Ontem e hoje as pessoas precisam de ganhar a vida, precisam de um emprego, de um sustento. Ontem e hoje precisamos de criar riqueza e forma de fixar as populações, designadamente as mais jovens. Caso contrário a sangria da juventude nunca irá estancar.(...)
A desertificação do interior, o envelhecimento da população e a fraca natalidade são os grandes problemas e desafios do poder local, em particular dos concelhos do Baixo Alentejo.
O desemprego, o agravamento das dificuldades das famílias e o combate à exclusão social são carrascos que nos perseguem. Graças a Deus existe o poder local e instituições como as misericórdias que combatem este flagelo.
Ao celebrar 40 anos do poder local democrático saúdo homens e mulheres que, no passado e no presente, desempenharam ou desempenham cargos nas autarquias locais e que, com o seu trabalho, contribuíram ou contribuem com empenho e dedicação para o desenvolvimento dos seus concelhos, das suas cidades e das suas freguesias.»
Imagem: Logo do Município de Marinha Grande

 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Velho, o intruso

A velhice é um estágio da vida - o último - que todos nós, os que não partem antes, atingimos.
É também o momento em que nos tornamos empecilhos, nos tornamos "a mais" salvo a nossa parca reforma que é sempre bem-vinda a quem nos faz o favor de aturar.
Os mais novos questionam sempre por que carga de água os velhos não desaparecem mais cedo, quando deixam de ter utilidade. Esquecem-se ou desconhecem que também chegarão a velhos, um dia...
Há civilizações (algumas orientais, por exemplo) para quem os velhos são sinónimo de sabedoria, e como tal, respeitados; por cá são sinónimo de decrepitude.
Com a devida vénia, transcrevemos o post do Prof. A. Galopim de Carvalho no blogue De Rerum Natura:
«Mais do que a morte, assusta-me a solidão do velhos
Este flash de fim de vida, intensamente estampado nesta fotografia de Jorge Vieira [(?) esta foto é de Tony Luciani], cala bem no fundo da nossa sensibilidade, não pela sombra do companheiro que partiu, já liberto e descansado das dores do corpo e da alma, mas pela irreversível solidão da que ainda espera pelo começo dessa viagem.
Tudo dói na crueza desta imagem.
É a expressão no rosto da velha senhora, é o seu cabelinho ralo e desalinhado e o seu corpo, que se adivinha ressequido, escondido numa roupa que, por isso, ficou vários números acima.
São os sapatos e as meias, de quem não tenciona sair à rua.
É aquela mão agarrada ao canto da mesa e é, ainda a toalha, grande demais para a pequena mesa a dois, agora dobrada e a dizer que, estendida, serviu uma família inteira que se esfumou.
Pelos vincos bem marcados, esta toalha, talvez de linho, que ela própria bordou em tempos de jovem casadoira, a juntar ao enxoval, mostra que acabou de sair de um velho baú, com anos e anos de dobrada e adormecida ao lado de um saquinho de alfazema.»
A. Galopim de Carvalho in De Rerum Natura
  
 
Foto: Tony Luciani



sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Hello, it's me!


Não, não foi a Adele que andou a desenhar “Hello” nos radares de controlo de tráfego aéreo da Alemanha.
Foi na passada segunda-feira, 28, que um piloto cuja identidade é desconhecida, com um monomotor Robin DR400/180 Régent com a matrícula D-EFHN, deixou nos radares a palavra “Hello” na sua trajetória de voo.
Segundo afirmou um responsável do Flightradar24 ao Guardian este avião já é conhecido pela sua arte inventiva de trajetória de voo.
Já esta tarde, entre as 14H48 e as 16H06 desenhou uma flor, como se pode ver pelo rasteio do FlightAware.
Enfim, um criativo do ar.
Imagens: Flightradar24 e FlightAware