domingo, 29 de novembro de 2009

O Sacrifício

A vida é cada vez mais um sacrifício.

Sacrifício de ordem económica, social, politica, e outras.

Até para aturar certa gente temos que fazer um sacrifício dos diabos.

Fazer um sacrifício em honra de um deus é uma coisa que não compreendo.

Também não compreendo fazer um sacrifício para acalmar a ira divina.

Para mim, um Deus – digno desse nome – jamais poderá ficar contente que se mate em Seu nome.

Nestes últimos mil anos muita gente tem morrido em nome de deus. Não em nome de Deus.

sábado, 21 de novembro de 2009

A Caução da Justiça

Na nossa justiça há uma coisa – entre outras – que ainda não percebi.
A Caução.
Para que serve?
Se o indivíduo caucionado fugir o Estado fica com o dinheiro. É isso?
Se o indivíduo caucionado cometer outro crime igual ou semelhante ao que está indiciado o Estado fica com o dinheiro. É isso?
Se a intenção do juiz e do legislador for essa, só pode ser anedota.
Publicava a TSF ontem que Paulo Penedos vai pagar caução de 25 mil euros.
É o mesmo que a empregada da minha mãe que ganha pouco mais que o ordenado mínimo lhe aplicassem uma caução de 3,24 €.
Se não é ridículo sou muito burra.
E depois vem o ilustríssimo advogado Sá Fernandes dizer que “as medidas de coação aplicadas são razoáveis e equilibradas”.
Pudera!
Também era só o que faltava dizer que o valor exigido pelo tribunal era excessivo.

Ilustração desviada daqui

Olá, Cá Estou Eu!

Já havia alguns meses (mais de seis) que não escrevia num blogue.
A minha vida académica e pessoal tem me prendido de tal for
ma que não tem restado tempo para o fazer.
Confesso que a vontade também não tem ajudado.
Ontem, sexta-feira (curiosamente véspera do meu 24º aniversário) recebi o convite do Dr. Luís, amigo da minha família há muitos anos, para escrevinhar no seu
blogue.
Pedi-lhe algum tempo para pensar.
Aqui para nós, como não conhecia o blogue queria primeiro vê-lo e depois decidir. Como já se devem ter apercebido, aceitei.
Ainda não conheço a Drª Deolinda, mas vai ser para mim uma honra participar nesta equipa.
Dentro de alguns instantes vou publicar o meu primeiro post subordinado ao tema A Caução da Justiça.




Nota: A imagem "Olá" foi roubada daqui.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Muros Caídos. Esperanças em Baixo.

O Blogue Humorgrafe publicou na passada 3ª feira - 10/11 - o post que passo a transcrever, com os meus agradecimentos.

"Queda de Muros e Paradigmas

Vinte anos após o derrube do Muro de Berlim, que simbolizou o fim do comunismo no leste da Europa, é geral a insatisfação com o capitalismo no mundo. Numa sondagem para a BBC, só 11% dos inquiridos em 27 países consideram que a economia capitalista funciona bem."

É óbvio que o muro tinha que cair. Aliás, ele nunca deveria ter existido. Tal como milhares de quilómetros de muros que continuam a existir um pouco por todo o planeta com fins de separação ética, politica, religiosa ou outra. A estes muros assobiamos nós para o ar ...
O capitalismo não funciona bem. Pior. Funciona cada vez mais mal.
Não é apenas o capitalismo de Portugal ou aqui dos Estados Unidos a que me estou a referir.
São todos! Ou quase todos.
Nos pasíses nórdicos o capitalismo se não funciona bem, funciona seguramente melhor que nos restantes países. Infelizmente ainda não visitei nenhum desses países.
Eram bom que copiássemos o que os outros fazem bem.
Mas não. Temos a tendência (será genética?) para copiar apenas o que os outros fazem mal.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Os Intocáveis

Transcrevo, com a devida vénia ao blog Cantigas de Maio, parte do post com o título Os intocáveis.
O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.
Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.
Mário Crespo, DN
[...]

Entretanto, Armando Vara, que naturalmente começou por declarar-se inocente, foi constituído arguido no processo Face Oculta e forçado a abandonar a administração do BCP.
José Penedos que, tal como o seu filho Paulo Penedos e Armando Vara, foi também constituído arguido, decidiu demitir-de da presidência da administração da REN. E a procissão ainda vai no adro.
Mas é melhor não alimentarmos muitas expectativas. Com a permissividade da lei portuguesa e a lentidão da nossa Justiça, duvido que seja desta que o peixe grosso seja metido na grelha. Para mal desta apodrecida democracia em que cada vez mais a maioria das pessoas desacredita.
Postado por Aurélio Malva às 5.11.09

Subscrevo o post de Aurélio Malva

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ocultar a Face

Há cada vez mais ocultações. E maiores.
Há quem oculte muita coisa. Há quem consiga ocultar coelhos, tigres, aviões e até a estátua da Liberdade. Estes são mágicos.
Há os que ocultam a verdade. Estes são mentirosos. Também são conhecidos pelo nome de poderosos.
Há quem suborne. Há quem seja subornado. Há quem aconselhe até onde pode ir o suborno. Mas é tudo mentira! Não senhor, nunca, jamais, em tempo algum ... etc e tal.
E quem isto diz oculta a face?
Não. Dá a cara. Ou será a outra face?!
Que há gato escondido (ou oculto) com o rabo de fora, ninguém tem dúvida.
O gato vai ser apanhado?
Ou o gato irá ocultar também o rabo?
A história recente diz-nos que o rabo do gato vai, mais cedo ou mais tarde, desaparecer.
Ontem, antes de sair de Quintos, dizia-me o tio Júlio:
 - Lembras-te Luís, há aqui 15 ou 20 anos, quando a televisão, a rádio ou um jornal noticiavam um atentado que fizera 5 ou 6 mortos, todos nos arrepiávamos. Hoje perante uma notícia de dezenas de mortos num atentado nem uma mera palpitação nos dá. Há aqui uns anos se alguém falava na possibilidade de um famoso/rico/poderoso ser corrupto, caía o Carmo e a Trindade. Hoje fala-se em corrupção dos grandes e poderosos e as pessoas já nem ligam.
 - Por habituação? Perguntei eu.
 - Não! Nos atentados é porque ficámos demasiado mansos. Na corrupção é porque sabemos no que isso vai dar. Em nada!

É desta descrença popular que eu tenho medo.


sábado, 7 de novembro de 2009

A Ordem das Páginas

Um peul e um bambara que partilhavam a mesma prisão souberam pelo guarda que um dos dois seria castrado por ordem do rei e ao outro cortariam a cabeça.
O peul, mais manhoso que o bambara, começou logo a queixar-se, gritava que lhe doíam muito os testículos, muito, e que pedia alívio. Gritou tanto que o guarda acorreu, armado com um sabre afiado, e desembaraçou-o dos dois objectos do seu mal. O peul sofreu cruelmente durante o resto da noite, mas, no fundo, regozijava-se por ter salvo a cabeça.
Ao lado dele, o bambara dormia pesadamente.
De manhã o rei mandou-os chamar e anunciou-lhes que estavam livres. O seu castigo tinha sido revogado.
O peul lançou-se num série de imprecações e gemidos: o bambara tinha salva a vida, queixava-se ele, e eu perdi os meus testículos!
- Nunca se deve ler a página 5 antes da página 4 – disse-lhe o rei.

Jean-Claude Carrière in “Tertúlia de Mentirosos

A Hipocrisia da Amizade

Cheguei hoje a Quintos.
Já cá não vinha há cerca de um mês.
Para não fugir à regra fiquei hospedado na casa do tio Júlio. O tio Júlio diz que eu não sou um hóspede. Sou, não apenas um filho da terra como também um filho da casa. Emociona-me quando me diz isso. Revela a grande Amizade que existe entre nós, apesar de não haver qualquer laço familiar.
Quando olho para o tio Júlio interrogo-me, por que será que não somos todos como ele?
Puros, sinceros, amigos dos seus amigos.
Até em Quintos a amizade já não é como outrora. Até aqui, nos confins do Alentejo, a amizade já navega nos mares do favor, da influência, da intriga, do poder. É-se amigo por interesse … ou por medo. Estar no grupo errado de amigos é perigoso. No mínimo é-se ostracizado.
Hoje vejo pessoas em Quintos a dizer e a fazer coisas que há pouco mais de dez anos condenavam. Hoje são amigos e defensores de pessoas que há dez anos criticavam e até odiavam.
Foram os outros que mudaram?
Não.
Foram eles que se adaptaram.
Foram assimilados.
Perderam a verticalidade.
Hoje são cães de fila de um dono que continua a ostraciza-los. E eles sabem disso.
Hoje cumprem à risca o que o dono manda. Sem sequer pensar se está correcto ou não. Porque pensar, há muito que deixou de ser uma actividade dos seus cérebros.

domingo, 1 de novembro de 2009

O Sino de Outubro

Recebi há pouco, via e-mail e de mão amiga, O Sino – Boletim Paroquial de Quintos.
Está diferente. “Colunistas” novos: Bárbara Ferreira, Ilda Henriques, Afonso Ribadouro. Ninguém de Quintos. Não acredito que alguém em Quintos saiba quem são, a não ser o senhor diácono.
Escolhi, para aqui publicar, um texto assinado por Bárbara Ferreira.


Direito à Vida

O direito à existência é o direito de estar vivo, de lutar pelo viver, de permanecer vivo.
Existir é o movimento contrário à morte. A vida humana não é apenas um conjunto de elementos materiais, integram-na também outros valores – valores morais.
O direito à liberdade acompanha o direito à vida. Numa sociedade onde há leis, a liberdade não pode consistir em poder fazer o que se quer. É o direito de fazer tudo o que as leis permitem.
A liberdade é vista como igualdade na componente em que alguns direitos pessoais essenciais ao indivíduo com a vida, a liberdade e a segurança pessoal interagem com o intuito de proporcionar à pessoa um nível de condições de sobrevivência.
Liberdade opõe-se a autoritarismo. O conceito de liberdade humana deve ser expresso no sentido do homem se realizar pessoalmente e atingir a felicidade. O direito pessoal serve, não só, para reforçar a protecção do direito à vida, como também para garantir a integridade do ser.
Agredir o corpo é um modo de agredir a vida. Como alguém salientou, “é sempre possível morrer no lugar do outro, mas é radicalmente impossível assumir a experiência existencial da morte alheia”. No entanto, alguns países que proclamam a vida como princípio constitucional, admitem práticas como a pena de morte, a eutanásia e o aborto, que negam e agridem a consciência de toda a civilização. O carácter único e insubstituível de cada ser humano veio demonstrar que a dignidade da pessoa existe singularmente em todo o indivíduo e que nenhuma justificação pode legitimar a pena de morte. O homicídio voluntário é sempre um acto eticamente injustificável e inadmissível pelo que fomentá-lo é também uma forma de terrorismo.

Bárbara Ferreira