terça-feira, 21 de novembro de 2017

Chamar os bois pelo nome


Publica hoje o Jornal Económico uma entrevista a André Silva, líder do PAN, do qual transcrevemos 2 perguntas e 2 excertos de resposta:
«P: O Governo acaba de lançar uma campanha de sensibilização para a poupança de água dirigida aos consumidores domésticos. Mas os setores da indústria e da agricultura são responsáveis por cerca de 80% do total de água doce consumida em Portugal. Como é que se explica este paradoxo de uma campanha que não se dirige aos grandes consumidores de água, onde o combate ao desperdício poderia realmente fazer a diferença e mitigar os efeitos da seca?
R: Por cegueira ideológica. A pecuária e a agricultura representam cerca de 75 a 80% do gasto de água do país e desconsiderar estes dados é omitir a verdade aos cidadãos. A força destes setores na política nacional é transversal a todos os partidos, da esquerda à direita, e isso vê-se factualmente na votação de subsídios a estas indústrias.
P: Em média, estima-se que um campo de golfe com 18 buracos consome entre 1,5 e 2 milhões de litros de água por dia. Todos os dias. Em Portugal há pelo menos 91 campos de golfe ativos. Estimativa global: consomem entre 136 e 182 milhões de litros de água por dia. Todos os dias. Porque é que o Governo não restringe o consumo de água dos campos de golfe, tendo em conta a situação de seca extrema no país? E esse consumo dos campos de golfe é contabilizado como “doméstico”, “indústria” ou “agricultura”?
R: Por motivos ideológicos, mais uma vez. Assistimos mais uma vez à subjugação do ambiente pela economia. O golfe é um ativo turístico muito presente em todos os governos portugueses. » 

Também no mesmo jornal, num artigo de opinião intitulado “Destruir o planeta para criar milionários”, escreve Pedro Miguel Cardoso, investigador, algo que pode encaixar que nem uma luva na entrevista de André. Um pequeno excerto:
«O mundo está cada vez mais rico. Mas quais são os custos humanos e ecológicos desse aumento da riqueza global? Será que a esmagadora maioria da população global está a ser beneficiada por esse aumento?»

Pois... Atão nam tá?!