domingo, 29 de janeiro de 2012

Ano novo, sacrifícios antigos

 
Ou melhor, os sacrifícios não são antigos, são novos. Novíssimos. Sempre novos, sempre mais. A cada dia que passa surgem novos pedidos de sacrifícios. Antigamente avisavam-nos que seria o último pedido, que novos e reluzentes dias se avizinhavam. Hoje já perderam a vergonha e dizem sem qualquer pudor que novos sacrifícios irão ser pedidos. Eles nem imaginam o sacrifício que nós fazemos aguentá-los... Até um dia.
Apenas ontem me chegou às mãos o boletim paroquial de Quintos 'O Sino' do mês de janeiro. Da sua primeira página transcrevo esta nota com o título “Ano Novo” de autoria do senhor diácono José Rosa Costa.

Ano Novo

Raiou 2012!
Como é da tradição, formulámos votos de “feliz ano novo” a familiares e amigos.
Mas, com a crise económica com que nos confrontamos a afetar principalmente as famílias de nível social mais baixo, com milhares de desempregados e tantos outros problemas que nos preocupam, como será na realidade o ano que agora começa?
Continuamos, obviamente, a enfrentar mais dificuldades que têm sido constantemente anunciadas pelos responsáveis da governação, mas querendo acreditar que irão ser suavizadas a partir de 2013, após sacrifícios que nos estão a ser impostos. Resta-nos ter a virtude da esperança que assim acontecerá. Assim os homens queiram, promovendo o bem comum.
Vivemos tempos de incertezas e de espera. Mas, acima de tudo, vivemos o exercício da esperança. Vamos preparando o nosso coração limpando e deitando fora o desânimo, a falta de fé, de coragem, de visões catastróficas, de amor!
Porque cristãos, temos esperança e confiança em Deus.
Os nossos ardentes votos e a nossa oração são no sentido de que o Ano Novo seja portador de paz, de amor e de justiça social para todos!

'O Sino' janeiro 2012

Falta de travões

 
Cargueiro colide com ponte metálica destruindo-a parcialmente, em Aurora, Kentucky.
De notar que este acidente deu-se quando o cargueiro subia o rio, se fosse a descer não sei...
Foi na passada sexta-feira, 27.
Esta ponte, construída em 1930, tinha um tráfego diário de 2800 veículos.

Photo: Tina Carroll / Associated Press

 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dias que não voam

 
No passado dia 19 publicava o blogue "Dias Que Voam" a imagem que se segue com o título "Coincidências".
Por legenda à imagem tinha o texto "Uma muito oportuna publicação online da Hemeroteca Municipal de Lisboa. Século Cómico, de 27 de Janeiro de 1919. Qualquer semelhança com 2012 é pura coincidência."
Não podia estar mais de acordo.
Com a devida vénia, republico.


 

domingo, 22 de janeiro de 2012

A crise

 
Estamos a viver momentos difíceis e, ao que tudo indica, o pior ainda está para vir.
A União Europeia está económica e financeiramente doente. Muito doente.
Aqui nos EUA a situação é aparentemente melhor. Infelizmente é apenas aparentemente. As finanças estão de rastos.
Uma coisa é certa, já ninguém sabe quem administra os países. Em Democracia o Povo delega poderes nos seus eleitos, mas estes ultimamente demonstram que não sabem ou não têm poderes para lidar com esta crise em que nos afundamos.
Com a devida vénia, transcrevo uma reflexão do Papa Bento XVI publicada na passada quinta-feira no semanário Notícias de Beja.

Bento XVI diz que a crise financeira deve levar a reforma ética

Bento XVI lamentou no passado dia 9 de Janeiro, no Vaticano, as "graves e preocupantes consequências" da crise económica e financeira mundial, afirmando que este momento deve levar à valorização da “dimensão ética”. O Papa falava durante o encontro anual com os membros do corpo diplomático acreditados junto da Santa Sé, no qual aludiu a uma atualidade “lamentavelmente marcada por um profundo mal-estar e por diversas crises: económicas, políticas e sociais, que são a sua expressão dramática”. Segundo Bento XVI, essa situação deve levar à reflexão sobre a “existência humana e a importância da sua dimensão ética”, antes mesmo de um debate sobre os “mecanismos que governam a vida económica”, promovendo “novas regras que assegurem a todos a possibilidade de viver dignamente”. A crise, disse o Papa, atingiu não só “as famílias e as empresas dos países economicamente mais desenvolvidas, na qual teve origem” mas também “marcou profundamente a vida dos países em vias de desenvolvimento” e levou a que “muitos, sobretudo jovens, se tenham sentido desorientados e frustrados”. “Não devemos desanimar, mas retomar com decisão o nosso caminho, com novas formas de compromisso”, prosseguiu.

Notícias de Beja nº 4139 de 19/01/2012
 

sábado, 21 de janeiro de 2012

Conforto

 
Num acidente, em especial quando envolve crianças, para além de estabilizar a vítima é de importância vital o conforto emocional.
Essa ação - o conforto - é bastante evidente nesta imagem registada ontem em Chambersburg, Pensilvânia, EUA. Um bombeiro conforta uma criança vítima de acidente no autocarro escolar em que seguia.


Photo: Associated Press
  

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Concerto de uma nota só

 
E a nota foi dó.
Ou pior, sem dó nem piedade.
Por muito liberal que sejamos, temos que concordar que foi dada uma forte machada nos direitos de quem trabalha.
Da troika saíram dois vencedores e um derrotado. Derrotado por ko.
Governo e patronado foram, indiscutivelmente, os grandes vencedores. Os trabalhadores não conseguiram pontuar. Por mais voltas que demos ao texto não encontramos um único ponto que melhore as condições de quem trabalha por conta de outrem.
Por favor haja um pouco de decência e não venham com a história da meia hora como vitória. Um pouco de vergonha não fica mal a ninguém...
Estamos em crise e todos temos que fazer sacrifícios, mesmo aqueles que pouco ou nada contribuíram para a crise em que vivemos. Nisso, estamos todos de acordo. Mas quando os sacrifícios são exigidos apenas aos que menos têm, a coisa vai mal. Muito mal.
 

domingo, 15 de janeiro de 2012

Salvada e a sua igreja (II)

 
Tal como prometido na passada semana, transcrevemos hoje a segunda e última parte do artigo do professor José António Falcão publicado no Notícias de Beja nº 4137 de 05/01/2012.

Contributo para o Estudo da Igreja de Salvada (Beja)

Beja, 25 de Maio de 1755. Contrato celebrado entre Manuel Nunes, oficial de pedreiro de Beja, e a paróquia de Nossa Senhora da Salvada para obras na igreja desta aldeia. Beja, Arquivo Distrital de Beja, Cartórios Notariais de Beja, 1, 1, 1702-1705, L.º 41, Cx. 7, fls. 54 v.º-55.

“Obrigacaõ [sic] e contrato que faz Manoel nunnes oficial de pedrejro morador nesta cidade com o Reuerendo da Igreja da Saluada e com os lavradores da dita Igreja seus fregezes Saibaõ quantos este publico instrumento de obrigacaõ [sic] e comtrato virem que no Anno do nasimento de nossa senhor Jessus Christo de mil e setesentos e sinco annos aos vinte dias do mês de majo do dito Anno nesta cidade de Beja nas cazas de morada de mim tabelliam ao diante nomeado apareceu perzente o Reuerendo Padre Joaõ gomes franco cura da igreja de Nossa Senhora da Conceipcao [sic] da saluada termo desta dita Cidade e com elle iuntamente os lauradores moradores na dita fregezia abacho asinados todos de huã parte e da outra estaua tanbem perzente Manoel Nunnes oficial de pedreiro morador nesta dita Cidade pesoas de mim tabelliam e das testemunhas ao diante nomeadas e escriptas e no fim desta asinadas pollo dito Reverendo Padre joaõ gomes franco cura da dita igreja e freguezia della e os mais lauradores e moradores nella abacho asinados foj dito e diseraõ que assim era uerdade e nella passa que elles estauaõ Contratados com elle dito manoel nunnes pera auer de fazer na dita igreja as obras seguintes a saber

Photo: João Palmela
*huã naue de acresentamento da parte da Capella major velha e da banda de fora se fará a Capella major noua e fechadas de abobedas toda a obra noua e assim que elle dito manoel nunnes será obrigado a fazer fora e para a Cappela sem portas outrosj amanhar os telhados e alpendre da dita igreja e este a de sser forrado de taboado lavrado com a madeira que na dita Jgreja está e que faltando alguns paus será elle dito manoel nunnes obrigado a por lhos e compra los a ssua custa e isto por presso e quantia logo sertã e nomeada de semto e sincoenta mil reis en dinhejro de contado os quais se obrigauaõ elles ditos lauradores hirem dando por parcellas a elle dito manoel nunes para auer de comprar todo o nesesario para a perzente obrá em que estaõ contratados com declarassaõ que esta se a de fazer e acabar athe dia de natal que embora a de uir do anno de setesentos e seis annos com toda a perfeissaõ e seguranssa posivel assim na dita obra como en ssuas abobadas e que do dinhejro que cobrar irá elle dito manoel nunnes dando Resibos para que no fim da dita obra se saber a quantia que se lhes está entrege para assim lhe acabarem de dar satisfassaõ en todo dos ditos semto e sincoenta mil Reis os quais se obrigaõ todos os nesta escriptura asignados darem e pagarem a elle dito Manoel Nunes com mujta satisfassaõ, e pontualidade sem quebra ou deminuissaõ alguã por todos os seus bens e fazenda assim mouens como de Raiz que hoje tem como ao diante poderaõ ter e que poderá elle dito manoel nunnes pegar por todos e pello melhor parado delles pello Resto que no tal tempo se lhe esteja a deuer e que outrossj seraõ elles ditos lauradores obrigados a pagar todos os carretos dos meteriais nessessarios para a dita obra ou mandarem as suas bestas aos ditos carretos que somente elle dito manoel nunnes será obrigado a cobrar o dito dinheiro e com elle comprar todo o nessessario porque o mais corre por conta delles sobreditos comodito teem e nesta forma estaõ elles sobreditos leuradores aiustados e comtratados com elle dito manoel nunnes que perzente estaua pelo qual logo foj dito que elle aseitaua em ssim este dito jnstromento de contrato e obrigacaõ [sic] de obra com todas as clauzulas condicoins [sic] e obrigacoins [sic] asima escriptas e declaradas e que se obrigaua a afzer a dita obra the o dia de Natalda era de setesentos e seis annostudo na forma declarada e dar Resibos de todo o dinheiro que os ditos lauradores lhe forem dando para aiustamento de ssuas contas dos ditos sento e sincoenta mil Reis como também conprar todos os meteriais que nessessarios forem para a dita obra obrigando sse elles lauradores a todos os carretos ou dando dinheiro para elles mandando os elles mandando os conduzir com bestas ssuas e outrossj se obrigaua a por no alpendre da dita igreja os paus que nessessarios forem excepto os que no dito alpendre estaõ a ssua custa para o que obrigauao [sic] sua pessoa e todos os seus bens assim movens como de Raiz que hoje tem e ao diante tiver e ouuer assim a satisfassaõ do dinheiro como a obra ficar perfejta e acabada tudo na forma já nesta escriptura Relatada *E eu tabelliam como pesoa publica que sou estupulante e aseitante estupulej e aseitej este dito jnstromento de obrigacaõ [sic] e contrato de obra tomada para fazer en nome de todas as pesoas a quem tocar e conuir pode a esto e abzentes tanto quanto com direjto deuo e posso em Rezaõ do meu ofissio e em fée testemunho da uerdade e as partes de todo esto foraõ contentes e assim o outorgaraõ e mandaraõ de todo sser fejto esto publico instromento nesta nota para dela o teor cumprirem e della dar os tresaldos que nessessarios forem sendo a todo esto perzentes por testemunhas o Reuerendo Padre Cura Joaõ gomes franquo e manoel gonçalues morador na aldeia da dita freguezia que todos aqui asignaram e fizeraõ seus sinais por [e]lles acustumados com elles partes
*E eu Antonio Mendes de gois tabelliam de notas que o escreuj
*Manoel + Nunes
*Como testemunha Padre Joaõ gomes franco do laurador esteuaõ + luis da testemunha Manoel + gonçalues do laurador Manoel + Lourenco [sic]
*do laurador Manoel + Martinz”

José António Falcão in Notícias de Beja nº 4137 de 05/01/2012
 

Operações Especiais

 
Batalhão de Operações Especiais de moradores da favela do Pinheirinho em S. José dos Campos, SP, Brasil, aguardava, sexta-feira, a chegada da polícia com a ordem judicial de despejo.


Photo: Marcelo Alves / Reuters
 

sábado, 14 de janeiro de 2012

Remodelação na EDP-3G

 
Pequim na passada quarta-feira.
Segundo fontes não oficiais trata-se de uma encomenda de Catroga.
Até ao momento não conseguimos uma confirmação por parte da EDP-Three Gorges.

Photo: Adrian Bradshaw / European Pressphoto Agency

 

Ataque de leopardo

 
Na Índia, a desflorestação sem regras está a provocar a invasão de áreas urbanas por parte de animais selvagens que até aqui viviam apenas na floresta. O leopardo é um desses animais.
No passado sábado em Guwahati, estado indiano de Assam, um leopardo invadiu uma área habitacional matando um homem e ferindo outros três. O homem da foto foi atacado pelo animal e escalpelizado, como se pode ver na foto.
  
Photo: Agence France-Presse / Getty Images
 

domingo, 8 de janeiro de 2012

Salvada e a sua igreja (I)

 
Publicou o semanário bejense 'Notícias de Beja' na sua última edição um belo artigo sobre a igreja da Salvada.
É seu autor o professor José António Falcão.
Com a devida vénia ao Notícias de Beja eis a primeira parte do artigo:

Contributo para o Estudo da Igreja de Salvada (Beja)
 
A aldeia de Salvada é uma das mais antigas freguesias rurais do concelho de Beja. A sua igreja atesta a precocidade da aldeia eterá sido edificada ainda nos finais da Idade Média. Embora poucos vestígios chegasem até nós do edifício primitivo, podemos ajuizar da sua importância graças a uma visitação efectuada em 1534 pelo P.e Luís Martins, beneficiado da colegiada da igreja de São João Baptista, de Beja, em representação do Lic.do Luís Álvares de Proença, capelão do cardeal infante D. Afonso, influente bispo de Évora (Túlio Espanca, Inventário Artístico de Portugal, XII, Distrito de Beja. Concelhos de Alvito, Beja, Cuba, Ferreira do Alentejo e Vidigueira, 1, Lisboa, Academia Nacional de Belas-Artes, 1992, pp. 253-254).
Photo: João Palmela
O crescimento dos fregueses da paróquia, no século XVI, levou à remodelação quase integral do edifício, que sofreu novas obras durante o século XVII. A povoação, dotada de terras muito férteis e povoada por gente de iniciativa, desenvolveu-se notavelmente ao longo do reinado de D. João V, pelo que a igreja voltou a mostrar-se reduzida para as necessidades do culto. Em 1755, o pároco e os principais lavradores da terra empreenderam a construção de uma nova capela-mor, mais ampla, para o que se ajustaram com um reputado oficial de pedreiro de Beja, Manuel Nunes. Este assumiu igualmente a erecção de uma sacristia e a remodelação do alpendre da igreja.
Apresentamos aos nossos leitores, em primeira mão, o interessante documento, lavrado em 25 de Maio daquele ano de 1755, pelo tabelião bejense António Mendes de Góis, que formalizou esse ajuste. Trata-se de uma fonte da maior importância para o conhecimento da histórica igreja de Santa Maria (a partir do século XVI, Nossa Senhora da Conceição) de Salvada. Mantemos a saborosa grafia setecentista, de resto muito acessível e evocadora de uma fase brilhante da nossa língua.

José António Falcão in Notícias de Beja nº 4137 de 05/01/2012

No próximo post publicaremos o documento lavrado a 25/05/1755 pelo tabelião António Mendes de Góis.