Faz
hoje oitenta anos que foi inaugurado oficialmente o campo de morte
lenta do Tarrafal, em Cabo Verde.
Não
podemos nem devemos branquear a história. Não deveriam ter
transformado a sede da PIDE num condomínio de luxo, assim como
pretendem agora transformar o forte de Peniche em empreendimento de
luxo. Há memórias que deveriam ficar intocáveis para nos recordar e
recordar aos vindouros que ninguém mais cerra as portas que
Abril abriu.
Neste
octogésimo aniversário do Tarrafal, trago a mensagem que
publiquei aqui
em 23 de abril de 2015.
«Tarrafal
A
23 de abril de 1936 é publicado no Diário do Governo o Decreto-Lei
nº 26539 que cria a Colónia Penal do Tarrafal, na Ilha de Santiago,
em Cabo Verde.
Foi
há 79 anos que o Campo de Concentração Tarrafal, também conhecido
por campo da morte lenta, foi instituído por ordem de Salazar, para
aí calar todos aqueles que ousavam desafiar os abutres do regime de
então.
Este
campo foi construído de acordo com os ensinamentos dos campos de
concentração da Itália fascista e da Alemanha nazi e foi
inaugurado em 29 de outubro de 1936.
O
seu primeiro diretor, capitão Manuel Martins dos Reis, fez questão
de anunciar aos prisioneiros que “Quem
vem para o Tarrafal, vem para morrer!”.
Esta tese é fortemente alicerçada pelo facto de o primeiro médico
do campo de concentração, Esmeraldo Pais de Prata, aqui chegado em
fevereiro de 1937, ter advertido os presos que não estava aqui para
curar doentes, mas para “passar certidões de óbito.”
É
bom relembrar para que jamais aconteça algo semelhante.»
Foto:
Mapa
do Campo de Concentração gravado sobre osso por Cândido Joaquim da
Costa, in Fundação Mário Soares
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