É,
à semelhança de Senhor Engenheiro, um título deveras apetecível,
demasiadamente.
Por
pura alergia hereditária nunca gostei de ser tratado pelo grau
académico. Manias, dirão alguns. Gostos, responderei.
Todos
sabemos que para desempenhar um cargo político governamental não é
necessário – por força de Lei – ter
formação universitária. No entanto, não sei se para dourar a
imagem se para a enlamear (masoquismo?), dizem ter títulos que não
correspondem à verdade.
Faço
minhas as palavras de Eduardo Pitta no seu blogue Da Literatura, que
transcrevo com a devida vénia:
[ANDA
TUDO DOIDO?
Num
curto espaço de dias, dois altos funcionários tiveram de demitir-se
por terem feito declarações falsas sobre as suas habilitações
académicas. Na segunda-feira, dia 25, foi a vez de Rui Roque,
adjunto do primeiro-ministro para os Assuntos Regionais. Roque
frequentou o curso de Engenharia Electrotécnica e de Computadores,
sem o ter concluído. O cargo que exercia não exige licenciatura, o
que acentua o ridículo da história. Ontem foi Nuno Félix, chefe de
gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto. Félix era
apresentado como detentor de duas licenciaturas: Ciências da
Comunicação (Nova) e Direito (Autónoma). As duas universidades
desmentiram.
Tudo
isto é deprimente. Vivemos no país dos doutores da mula ruça.
Talvez fosse bom contar um episódio à rapaziada: o maior empresário
português do século XX, António Champalimaud, que não tinha
estudos superiores, demitiu um funcionário que um dia o tratou por
«senhor doutor». Agora é ao contrário. Gente sem licenciatura,
mas que não precisa, porque tem Obra e nome feitos, aceita ser
tratada por doutor na televisão e nos jornais.]
Imagem:
webcedário
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