Foto: David Swanson
| The Inquirer
|
Adoramos
que alguém, mesmo que apenas indiciado de um crime, vá preso. É a
justiça a funcionar, seja esse alguém culpado ou não, porque, a
nossa sentença está sempre protegida pela máxima demolidora que
“não há fumo sem fogo”.
Partindo
do princípio que “a execução da pena de prisão, servindo a
defesa da sociedade e prevenindo a prática de crimes, deve
orientar-se no sentido de reintegração social do recluso,
preparando-o para conduzir a sua vida de modo socialmente
responsável, sem cometer crimes” o melhor local para o criminoso é
a cadeia… ou não.
Sem
mais delongas e com a devida vénia um excerto do belo texto de José
Lúcio, juiz Presidente da Comarca de Beja no LN:
«Se
atentarmos nas reclamações que explodem diariamente nos meios de
comunicação social e nas redes sociais – vejam-se as caixas de
comentários – somos levados a pensar que meio país só ficava
satisfeito depois de conseguir prender outro meio. E como o
sentimento dessas metades é inevitavelmente recíproco, não se
descortina ninguém insuspeito para ficar do lado de fora guardando a
multidão de presos.
O
júbilo com que é acolhida a notícia de que alguém foi para a
cadeia e a imensa frustração com que são recebidas as notícias
referindo alguém que não foi, a ânsia e a aspiração exuberante a
mais e mais prisões, parecem naturalmente intrigantes. Esta devoção
pela cadeia, ou crença ingénua de que as prisões em massa podem
resolver problemas sociais de diversa ordem, devem ser algo de novo,
próprio da nossa época e sociedade.
(…)
Olhe-se
para o exemplo americano e aí sim constata-se uma taxa de
encarceramento impressionante. Presos aos milhões. Todavia, temos
que perguntar pelos resultados. A sociedade americana é mais segura,
pacífica e tranquila do que a nossa? Existem menos assaltos, menos
tiroteios, menos homicídios? Quais foram os resultados dessa
política? Quem souber responder que responda.»
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