Como
escreveu Martín Caparrós, colaborador do New York Times, “a
fome continua a ser
o horror solucionável que menos importa:
mata mais do que qualquer doença, mas ataca
sempre os outros, aqueles que não pensam
como 'nós'”.
Assim
reagiu Caparrós aos números apresentados pela ONU para a
Agricultura e Alimentação (FAO) que indicam que, pelo terceiro
ano consecutivo, o número de pessoas que sofrem com a fome no mundo
aumentou. O primeiro passo para combater esse mal, adianta Caparrós,
é sentir que isso é uma incumbência nossa.
Segundo
a FAO não é fácil saber quantos homens, mulheres e crianças
passam fome. Os esfomeados vivem em países complicados, com Estados
que não apenas não são
capazes de assegurar a sua alimentação, como
tão pouco têm meios para controlá-los.
Afirma
a FAO que em 2016 haveria cerca de 784 milhões de indivíduos a
passar fome, esse número, em 2017, subiu para 804 milhões e em 2018
tudo indica que sejam mais de 821 milhões.
Este
é o grande problema do números, informam-nos mas depressa os
esquecemos. É fácil olhar para eles e não pensarmos; que
nos importa que uma em cada nove pessoas no mundo não come o
suficiente, se por norma não conhecemos essas pessoas, adianta
Caparrós.
Há
821 milhões de pessoas pobres que não comem o suficiente porque a
produção global de alimentos é estruturada para satisfazer os
mercados desenvolvidos, para concentrar em si a riqueza alimentar.
Nunca na história da Humanidade se produziram tantos alimentos como
agora, o problema não é escassez de comida, o problema é uma
enorme escassez de dinheiro para comprá-la.
Foto:
Thomas Mukoya | Reuters
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