Somos
todos uns amores, gostamos todos uns dos outros (veja-se as redes
sociais!), mas há exceções. Todos nós temos – assumidamente, ou
confidencialmente – um grupo de pessoas que detestamos, por este ou
aquele motivo ou, mais problemático, sem qualquer motivo aparente,
ou seja, porque sim.
Sobre
esse não gosto, transcrevo o texto de Vítor Encarnação desta
semana no Diário do Alentejo, na sua habitual crónica “Nada mais
havendo a acrescentar...”:
“Fico
feliz por haver pessoas que não gostam de mim, dizia o homem muito
empertigado na sua cadeira na esplanada.
Fico
obviamente grato com tal distinção e não poderia deixar de
agradecer publicamente essa importância negativa que me é dada. Se
ouvirem falar mal de mim, isso pode ser um bom sinal, se vos constar
que me destratam, isso pode ser um orgulho e uma motivação para eu
continuar a ser assim.
Não
queiram dar-se bem com toda a gente, não tenham a veleidade de
querer ser amigos de todos, isso é um logro, algo está errado
quando todos os caminhos vão dar ao mesmo destino.
Nada
é mais enganador do que a ilusão de que nos podemos dar bem com
todos e fazermos da concordância um princípio de vida, isso não é
harmonia, isso é seguidismo.
Não
sou mais do que os outros, não me tenho em demasiada conta, mas
olhando em volta, ouvindo palavras e vendo atitudes, posso afirmar
que é um privilégio muito grande constatar que provoco antipatia e
azedume em algumas pessoas. Não me dobram não, que eu não deixo,
nunca fui troféu, nunca fui a voz do dono, nunca fui cá de segredos
e panelinhas, há até por aí alguns que não se esquecem que nunca
me dobraram, esses são os piores, esses não me olvidam nem perdoam,
vivessem eles mil vidas, vivesse eu outras mil, a mim é que eles não
vergavam.
É
para mim uma honra haver pessoas a quem eu causo irritação.”
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