domingo, 12 de setembro de 2010

A Trapaça

 
Quando alguém finta o Estado é, por norma, aplaudido por todos. Ou quase todos. É o Zé que, sabe-se lá como, consegue todos os anos ser reembolsado de IRS sem nunca descontar; é o Chico que, apesar de ter a carta de condução apreendida conduz livremente com uma outra falsa; é o Manel que pediu um empréstimo bancário com juro bonificado para reparação na habitação e com o dinheiro comprou um jipão.
São uns heróis.
Se, por erro informático, um cidadão receber uma quantia – seja ela qual for – de reembolso de IRS que sabe não ter direito a ela e denunciar esse facto ao fisco, é publicamente condenado à fogueira pelos seus pares.
Adoramos quem prevarica, chamamos parvos aos cumpridores. Não me estou a referir novamente ao código de estrada …
Afinal não somos os únicos. Não é que isto seja grande descoberta, mas pessoalmente não o esperava de onde vem. Na terra do sol nascente conservavam-se os defuntos não por dias ou meses, mas por anos – há casos conhecidos com mais de 30 anos – para continuar a receber em seu nome a pensão de reforma. No Japão a longevidade era sinónimo de prosperidade e desenvolvimento que orgulhava os seus dirigentes. Hoje, perante a catadupa de fraudes deste género que estão a ser descobertos e investigados o embaraço é por demais evidente.
Acredito que as autoridades japonesas vão acabar com a 'brincadeira'.
Se fosse em Portugal provavelmente os inspectores estavam neste momento a ser corridos à pedrada.
  

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