Cão
que ladra não morde, diz-se e com pouca razão. Andam
por aí matilhas a ladrar com o único objetivo de nos desviar do
caminho que queremos e a obrigarem-nos a optar por atalhos. É para
isso que os açodam e, como ovelhas bem comportadas ou por medo, nós
obedecemos.
Sobre
este tema escreve Paulo Barriga no editorial do Diário do Alentejo
de ontem.
Um
pequeno excerto, com a devida vénia:
«Os
jornais, as rádios e as televisões, pressionados como nunca dantes
pelas audiências, vivem hoje do imediato, do direto, da ligeireza,
da entretenga, do agora. A informação que hoje se reproduz,
fragmentada e sem qualquer tipo de enquadramento, não passa de um
osso sem carne que é abundante e repetidamente remastigado pelos
diferentes membros da alcateia mediática. Cujos machos alfa,
esganados, se perpetuam a todo o custo no topo da hierarquia. Nos
últimos tempos tem-se assistido a um bailo que tem tanto de
degradante como de revelador do estado pré-revolucionário em que
persiste a imprensa pátria. Diretores de diferentes órgãos de
comunicação social têm
permutado de lugar, exclusivamente entre si, numa valsinha tão
promíscua quanto perigosa para o que ainda resta de dignidade na
imprensa portuguesa. E enquanto os líderes da canzoada vão trocando
de cadeiras e disseminando a cartilha dos seus donos (sim, há outros
donos disto tudo), as redações jornalísticas vão ficando
reduzidas a estagiários, à precariedade
laboral, à mansidão, ao silêncio. E ao medo. Que é uma bela
denominação para dar hoje àquilo a que Salazar chamou censura e
Caetano, até ao 25 de Abril, exame prévio.»
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