sábado, 14 de julho de 2012

O regabofe nas licenciaturas

 
Uma licenciatura não é, ou não deveria ser, como uma licença que se tira na câmara, tipo «Tome lá os meus créditos e passe para cá a dita». Ou, como ironizam pelos blogues: 
- O senhor professor dá licença?
- Tá licenciado!
Colocando de parte a legalidade, este caso é uma vergonha para o licenciado em causa e também para uma universidade que pretenda ser séria aos olhos do público.

Sobre este caso de licenciatura 'à la minute' transcrevo, com a devida vénia, parte do artigo do doutor Carlos Fiolhais publicado na passada quarta-feira no Público e copiado por mim do blogue Da Literatura:

Carlos Fiolhais, Certificados folclóricos, hoje no Público. Excertos, sublinhado meu:
 

«Quando a 13 de Junho escrevi [...] que Miguel Relvas tinha uma licenciatura tardia numa universidade privada, estava longe de pensar que se tratava de uma licenciatura largamente fictícia, por ter sido obtida à custa de aprovação imediata, sem justificação pormenorizada, em 32 das 36 cadeiras do curso. Fiquei verdadeiramente surpreendido. E, como eu, ficou mais gente. [...] A comparação com o caso da licenciatura de José Sócrates é inevitável, mas acaba por ser favorável a Sócrates. O ex-primeiro-ministro fez um bacharelato, estudando e fazendo exames, no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, antes de ter procurado e obtido, após cinco exames, uma licenciatura numa universidade privada com um famoso diploma emitido a um domingo. Em contraste, o ainda ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares não tinha praticamente estudos de nível superior antes de realizar os quatro exames finais. Apenas tinha feito com 10 uma cadeira de Direito do 1.º ano numa outra universidade privada: um percurso académico praticamente nulo. [...] O problema não é, porém, de legalidade, mas sim de moralidade. Com que cara pode o governo pedir exigência no ensino, se, dentro dele, se encontram casos de falta de exigência? Como pode ele pedir aos estudantes que se empenhem nos seus estudos, se, pelos vistos, bastará pedir equivalências, apresentando certificados folclóricos?»
 

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