sábado, 5 de março de 2016

Nada a acrescentar


É isso mesmo, nada tenho a acrescentar àquilo que Vítor Encarnação escreve na sua crónica “nada mais havendo a acrescentar…” (que transcrevo e subscrevo) no Diário do Alentejo desta semana.
«O sol quando nasce é para mim.
Há pessoas que se acham o sol, dizia o homem sentado numa cadeira da esplanada. Há pessoas que entendem ser uma espécie de escolhidos para comandarem todos aqueles que os rodeiam. Pensam que foram enviados por um poder maior para reinarem sobre os seus súbditos, esses homens e mulheres comuns, esses pacóvios que têm a mania que podem ter opiniões diferentes das suas. Quem não é por mim é contra mim, gritam junto dos seus pajens e dos seus lacaios. São seres predestinados, mentes iluminadas, donos das verdades absolutas e caminham sobre as andas da sua altivez e da sua sede de vingança. Espalham o medo, gritam autoridade, arvoram-se em justiceiros. Medem a condição do mundo pela dimensão do seu egoísmo. Desde que elas estejam bem, o mundo pode cair, os princípios podem perecer, a moral pode ir dar uma volta, a memória pode prescrever. Eu. Eu. Eu. E depois de mim, eu. E os meus e os que me defendem. Espelho meu, espelho meu há alguém com mais direitos do que eu? Pois é meus amigos e colegas de esplanada, vocês não têm idade para saber que era gente desta que suportava a ditadura e tinha rédea solta para humilhar e para amedrontar, era gente desta que matava a dignidade. Tenham cuidado, eles andam por aí e não são poucos.»
Vítor Encarnação in DA 1767 de 04-03-2016

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