domingo, 16 de outubro de 2011

Quando a cevada lhes pica na barriga

 
Vivemos em crise.
Vivemos mal, ou melhor, poderíamos viver melhor, passe a redundância.
Todavia temos uma dificuldade tremenda em olhar para trás.
Nunca, repito NUNCA se viveu tão bem como agora. E não me estou a referir apenas a Portugal.
Recordo-me perfeitamente quando terminei a minha licenciatura – há meio século – era-mos apenas 4 (quatro) as finalistas da minha faculdade. As mulheres, por norma, não estudavam e os rapazes que ingressavam no ensino superior não era por serem os melhores alunos, eram apenas e só os de melhor família.
Dispenso-me a traçar um quadro da altura referente às outras áreas: alimentação, saúde, trabalho, etc.
Hoje há quem viva abaixo do limiar da pobreza. Sem dúvida.
Photo: John Minchillo / Associated Press
Hoje há quem passe fome. Sem dúvida.
Mas a esmagadora maioria dos mais necessitados têm vergonha de dizer que nada têm.
Têm vergonha de dizer que têm fome.
Mas afinal quem se revolta?
Quem tem muito e não quer repartir.
Não, não me estou a referir aos poderosos. Esses sempre quiseram, mais, mais, mais. Mas nunca se disseram de esquerda.
Estou-me a referir à classe média, média-alta que foram os meninos queridos do Estado nas últimas décadas.
Ontem vi e ouvi na RTP1 um casal de jovens muito preocupados com futuro porque o Estado lhes vai roubar um subsídio a que corresponde mais de quatro mil euros. Será que estes betinhos sabem que há casais que têm dificuldade em ganhar quatro mil euros por ano em Portugal?! Obviamente que não sabem. Aliás até nem acreditam … Eles até pensam que não há ordenados em atraso, casais – sim, os dois! – no desemprego.
Quando a cevada lhes pica na barriga, indignam-se.
Vá-se lá saber porquê …
 

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