Os nossos filhos são
sempre – mesmo com provas em contrário – uns santinhos; em
contrapartida os filhos dos outros são sempre os pestinhas de
serviço.
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transcrevo, com a devida vénia, o artigo de Vítor Encarnação
“nada mais havendo a acrescentar ...” publicado no Diário doAlentejo de ontem:
«Só filmado Pai,
ontem o meu diretor de turma zangou-se connosco. Nunca o tinha visto
assim tão furioso. E sabes o que é que ele nos disse? Que devia
haver câmaras de filmar nas salas de aulas para os pais verem o que
os filhos fazem. Imagina tu a seguires a minha falta de atenção em
direto através do teu tablet,
ou a mãe a assistir à minha insolência ao vivo na televisão da
cozinha. Que talvez assim os pais percebessem que os seus filhos
também provocam, perturbam, magoam e são indisciplinados. Ele diz
que às vezes vocês não acreditam, que o meu filho nunca, isso são
os outros, as más companhias. O que é que ele julga? A minha
família tem uma boa estrutura, somos gente de bem. Está a insinuar
o quê? Mas não é essa a sua profissão? Não é para isso que lhe
pagam? Desenrasque-se. Tenha mas é mão nos moços. É isso que
dizes à mesa quando estamos a jantar. E até lhe chamaste nomes. E
na aula, quando olho para ele, acabo por não lhe ter respeito
nenhum. Se tu não tens, por que razão haveria eu de ter?! Às
vezes, nas aulas de maior confusão, havias de o ver a perder a
paciência, a bater com o apagador no quadro, a bater com o livro de
ponto na mesa, a gritar, a desviar-se dos pedaços de giz. É tão
ridículo. Havias de ver, Pai. Só filmado.»
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