domingo, 28 de junho de 2015

Ser de esquerda


Está na moda, tal como nos anos 60 do século passado.
Nesse tempo a esquerda não comia caviar, hoje come.
Nesse tempo a esquerda andava a pé ou de transportes públicos, hoje anda de Audi, BMW e muitas vezes com motorista.
Nesse tempo a esquerda defendia causas e ideais porque acreditava neles, hoje defende aquilo que dá mais palmas.
Poderia continuar com as assimetrias das esquerdas do passado e do presente, mas deixo-vos este pequeno trecho do artigo de Helena Matos em O Observador de hoje:

«Durante cinco meses a Europa exigiu aquilo que nem Tsipras nem o Syriza podiam dar. E esse aquilo chama-se governo. A geração de líderes radicais (de que Tsipras é um exemplo) passou (ao colo das instituições e dos jornalistas) das universidades para os estúdios de televisão. Daí chegaram à política. Ou melhor dizendo aos movimentos. Não distinguem os votos das audiências. E confundem palmas com resultados.
A fragmentação dos Syriza, Podemos, BE.. não acontece por acaso. São o resultado do excesso de egos e da falta de pensamento político desses agrupamentos que naturalmente ao primeiro choque com a realidade voltam ao seu estado natural: divididos e acusando-se de torpezas e traições. O Syriza, o Podemos ou o BE apregoam todos os dias a sua superioridade por enquanto movimentos serem uma alternativa aos velhos partidos. Nada mais falso. Eles são movimentos porque não conseguem ser partidos. Não têm líderes, não têm pensamento e não têm estratégia para tal.»

Helena Matos in O Observador 28/06/2015

Foto: Arne Dedert / EPA