terça-feira, 2 de setembro de 2014

A magia do conto

 
Convido-vos a lerem, vale a pena! 
«Jasmine e o seu conto
O meu nome é Jasmine, tal como a princesa do conto de Aladino.
Tenho 10 anos e hoje a professora disse que como eu tinha o nome de personagem de uma história, que escrevesse sobre outros protagonistas de outras histórias.
E então eu escrevi isto. 
Era uma vez uma menina que nasceu num país mágico onde o sol sempre brilhava e a temperatura era sempre amena.
Mas um dia todos os habitantes desse país acordaram com tudo coberto de neve.
Durante a noite e pela primeira vez tinha nevado e tudo estava branco, de uma maravilhosa brancura que levou todos para a rua desfrutar daquela prenda da natureza.
Nesse mesmo estranho dia, nasceu uma menina a quem foi posto o nome de Branca de Neve.
Branca de Neve era muito bonita mas ao contrário do nome, era uma menina morena de cabelos e olhos pretos como a maioria dos habitantes desse país.
Quando tinha 8 anos a Mãe morreu e quando tinha 16 o Pai, com quem sempre vivera feliz, casou de novo com uma senhora viúva que tinha 2 filhas.
E Branca de Neve começou a sentir-se infeliz porque eram muito más para ela.
Quando o Pai estava em casa eram atenciosas, mas quando ele não estava, o que acontecia frequentemente pois tinha de viajar muito por motivo de negócios, faziam-na trabalhar o tempo todo e mal tinha tempo para estudar e sair com as amigas.
Numa tarde fresca de verão, vestiu o seu polar vermelho de capuz e foi dar uma volta pelos bosques pois gostava de ver os esquilos e de sentir o aroma dos pinheiros e demais árvores.
Naquele dia, quando estava sentada a descansar um pouco apareceu um lobo que lhe gritou: “Vou-te comer! Tu és a Menina do Capuchinho Vermelho e eu tenho de te comer como no conto.”
Branca de Neve ficou muito assustada e desatou a correr com quantas forças tinha, até que cansado, o lobo que era gordo e não corria tanto como ela acabou por desistir e ir procurar outra coisa para o almoço.
Quando finalmente parou de correr e viu que o lobo já nem se avistava, respirou descansada e viu ao longe uma pequena casa.
Como já não sabia bem onde estava, dirigiu-se para lá a fim de pedir um copo de água e telefonar para casa a pedir para a irem buscar.
Mas quando chegou viu que aquela casa era toda feita de chocolate e doces.
Quando ia tocar à campainha para ver quem seriam os seus estranhos habitantes, reparou que esta era uma bela bomboca de chocolate e não resistiu a comer um bocadinho.
Depois foi espreitar pela janela onde estavam uns vasos feitos de gomas e provou também um bocadinho.
Como não viu ninguém, empurrou a porta que era uma tablete de chocolate e entrou.
Estava tudo impecavelmente arrumado mas parecia uma casa de bonecas, pois tudo lá dentro era pequenino.
No quarto havia sete camas de chocolate com colchas de gelatina.
Os candeeiros das mesas de cabeceira eram brigadeiros e não resistiu a comer um…
Estava para se ir embora quando ouviu umas vozes a cantar ao longe.
Espreitou pela janela e viu sete anões que todos em fila a marchar enquanto cantavam alegremente:
“Eu vou eu vou
Para casa agora eu vou
Parara-tim-bum
Parara-tim-bum
Eu vou
Eu vou
Eu vou
Eu vou
Eu vou
Para casa
Agora eu vou“
Branca de Neve sentiu-se cheia de vontade de ver de perto aqueles estranhos habitantes de uma casa de chocolate perdida na floresta.
Quando chegaram foram simpáticos para com ela e convidaram-na para almoçar.
Comeram frutos silvestres, pão com mel e beberam sumo de malvas.
No fim, Branca de Neve despediu-se deles, agradeceu a hospitalidade e pediu que lhe indicassem o caminho para casa.
O Dengoso prontificou-se para a acompanhar enquanto o Soneca dormitava sentado numa cadeira de mortadela de chocolate e o Atchim não parava de espirrar porque sofria de alergias.
Quando iam a caminho, passaram por uma casa a cuja janela uma carochinha gritava:
“Quem quer casar com a Carochinha que é rica e bonitinha”?
E uma data de animais iam-se oferecendo para a desposar e ela ia rejeitando todos.
Até que apareceu um rato muito bem vestido que disse que gostaria muito de casar com ela pois adorava comer coisinhas boas e sabia que ela era uma ótima cozinheira.
A Carochinha aceitou e enquanto se beijavam felizes Branca de Neve retomou o caminho para casa.
De repente viu um bonito rapaz num descapotável amarelo que parou ao pé dela, retirou um sapato de cetim da mala do carro e perguntou se podia ver se lhe servia.
Ela disse que não se importava mas que achava o sapato feio e com ar incómodo e que não precisava de apenas um sapato pois tinha dois pés.
Então o rapaz ajoelhou-se aos pés dela e delicadamente enfiou-lhe o sapato no pé direito.
Quando viu que lhe servia perfeitamente, ergueu-se e com ar radiante declarou:
Finalmente encontrei a rapariga com quem andei a dançar no baile da rosa e que fugiu perdendo este sapato!
Branca de Neve disse-lhe que estava confundido pois não tinha ido a nenhum baile.
Então o rapaz perguntou-lhe se ela queria ao menos ir tomar uma bebida com ele.
Como era um rapaz bonito e educado, ela esqueceu que não devia aceitar boleia de estranhos e despedindo-se e agradecendo a Dengoso ter andado com ela, lá foi no descapotável amarelo com os cabelos pretos ao vento.
Pronto, eu gostava de escrever mais, porque ainda há muitas mais personagens de que gostava de falar mas a campainha tocou e tenho de entregar o meu conto.
Espero que a professora goste e me dê uma boa nota.
Jasmine»

Escreveu Maria Eduarda Palma (Abrantes, Portugal) na revista online de literatura luso-brasileira Subversa