sexta-feira, 27 de maio de 2011

A morte de José e Maria

 
A morte saiu à rua e levou as vidas de José e Maria.
Não foi uma morte qualquer. Foi uma morte vil, assassina e cobarde que lhes roubou as vidas.
Foi na passada terça-feira 24 que José Cláudio e sua esposa Maria do Espírito Santo foram assassinados perto de sua casa em Nova Ipixuna, Pará, Brasil por defenderem a Floresta. José Cláudio, esposa e outros defensores da floresta entregaram um documento assinado no Ministério Público de Marabá a denunciar a atividade ilícita e criminosa dos madeireiros. A esse documento / manifesto deram o nome "A floresta pede socorro, mas o homem não quer ouvir".
Os ricos e poderosos madeireiros não gostam que ninguém se atravesse no seu caminho. Por isso matam. Pior, matam impunemente! Já o fizeram em 1988 com o seringueiro Xico Mendes e com a missionária Dorothy Stang em 2005. Apenas 2 exemplos que foram mundialmente noticiados. Muitos outros têm anonimamente tombado em defesa da Sua Floresta, da Nossa Floresta!
José Cláudio e Maria do Espírito Santo
O jornal Público de hoje anuncia o seu assassinato num artigo intitulado "Como José e Maria foram mortos no faroeste do Brasil por defenderem a floresta" do qual retiro este pequeno texto sobre um depoimento dado por José Cláudio em novembro passado:
«De pé em cima do palco, mulato grisalho, de boina, jeans e T-shirt, José Cláudio explicou à plateia como em 1997 a região dele tinha 85 por cento de floresta nativa e com a chegada das madeireiras passou para pouco mais de 20 por cento, "um desastre" para quem vive da floresta.
Mais: como as madeireiras significam risco de morte violenta. "Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso eu vivo com a bala na cabeça a qualquer hora. Porque eu vou para cima, denuncio os madeireiros, denuncio os carvoeiros, e por isso eles acham que eu não posso existir. A mesma coisa que fizeram no Acre com o Chico Mendes querem fazer comigo, a mesma coisa que fizeram com a irmã Dorothy querem fazer comigo. Eu posso estar hoje aqui conversando com vocês e daqui a um mês vocês podem saber a notícia de que eu desapareci. Me perguntam: "Tem medo?" Tenho. Sou ser humano. Mas o medo não empata de eu ficar calado. Enquanto eu tiver força para andar, estarei denunciando todos aqueles que prejudicam a floresta. Essas árvores que tem na Amazónia são as minhas irmãs."»
 

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